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14.7.25

“Rota Suicida” – Clint Eastwood (EUA, 1977)

Sinopse:
Um policial durão (Clint Eastwood), porém comum, recebe a missão de ser o guarda-costas de uma prostituta (Sondra Locke) que está sob custódia. Ele tem que escoltá-la de Las Vegas até Phoenix, para que ela possa depor como testemunha no julgamento de uma quadrilha. O que era para ser uma simples tarefa se transforma num pesadelo, porque muitos querem impedir que os dois cheguem até Phoenix, inclusive quem o policial achava ser uma pessoa de confiança.
Comentário: Clint Eastwood (1930) é um cineasta e ator americano de quem já assisti 21 filmes, dentre eles a obra-prima “Os Imperdoáveis” (1992) e os ótimos “O Estranho Sem Nome” (1973), “As Pontes de Madison” (1995), “Sobre Meninos e Lobos” (2003), “Menina de Ouro” (2004), “Cartas de Iwo Jima” (2006), “A Conquista da Honra” (2006) e “Jurado N° 2” (2024). Desta vez vou conferir “Rota Suicida” (1977).
Segundo a redação do site Entretelas, “Quando lançou 'Rota Suicida' em 1977, Clint Eastwood desfrutava o título de um dos atores mais populares de filmes de ação hollywoodianos. O longa, também estrelado por ele ao lado de Sondra Locke, representou uma mudança significativa em sua imagem, e marcou o início de sua transformação contínua como artista, então em franco processo de amadurecimento.
'Rota Suicida' acompanha Ben Shockley (Eastwood), um policial rígido, porém medíocre e alcoólatra, que precisa escoltar Gus Mally (Locke), uma prostituta, no trajeto entre Las Vegas e Phoenix, para que ela possa testemunhar em um julgamento. Ao longo da rota, os dois são perseguidos e correm riscos, e acabam precisando provar a própria inocência para as autoridades.
Embora a sua trajetória como figura central em longas de ação fosse extremamente popular, Eastwood não era exatamente bem quisto pela crítica especializada como ator. Em seus projetos, Clint costumava interpretar personagens que eram vistos como figuras narrativamente pobres, simplistas e tomadas de clichês. Paralelamente, como cineasta, sua tática era apostar em personagens sensíveis, que eram o total oposto do ‘policial truculento e rígido, em uma estratégia para ir de encontro à visão inicial que se tinha sobre ele.
Com 'Rota Suicida', Clint decidiu abordar de outra forma a percepção pública e da mídia de sua trajetória artística, a fim de revolucionar a fórmula em que ele se encaixava e, consequentemente, como era visto. Em uma missão para se desvencilhar dos clichês que eram apontados em sua atuação, seu Ben Shockley de 'Rota Suicida' é o total oposto de Harry Callahan, cuja principal característica era ser um policial correto e obstinado.
Segundo recorda o ScreenRant, o longa funciona mais como uma paródia dos blockbusters de ação que fizeram a fama do cineasta. Além de Shockley e Gus conseguirem escapar de sequências praticamente irreais, há um tom humorado na forma como os personagens e o próprio filme lidam com tudo isso. Além disso, Shockley está longe de ser o figurão bruto que Eastwood estava acostumado a interpretar, e este é um dos raros filmes em que o personagem de Clint não mata ninguém.
Considerado um dos filmes mais abertamente comerciais de Clint Eastwood, 'Rota Suicida' não está exatamente entre os favoritos da carreira do cineasta mas, para muitos analistas, tem todas as características que o tornam um clássico entre a sua cinebiografia”.
O que disse a crítica: Luiz Santiago do site Plano Crítico avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Disse: “A completa conexão entre os personagens se dá de modo esperado e interessante no desfecho do filme, com algum exagero e estupidez em torno deles, mas que para o efeito pretendido - e diante do que se tinha mostrado do Comissário Blakelock (William Prince) até então –, esperado. Um final romântico para uma ação construída na base do morde-e-assopra e de tensão à toda prova”.
Roger Ebert avaliou com o equivalente a 3,75, ou seja, muito bom. Escreveu: “Eastwood dirigiu a si mesmo novamente desta vez, e ele é um bom artesão de ação (...). Ele também é bom em desenvolver relacionamentos; apesar da enxurrada de violência do filme, há um ritmo agradável enquanto seu policial e prostituta se esforçam em suas provações e começam a gostar e respeitar um ao outro. Como na maioria dos filmes de Eastwood, aliás, o papel da mulher é bom: Eastwood tem uma imagem tão machista que talvez as pessoas não tenham notado que suas companheiras femininas (...) têm mentes próprias e nunca pretendem ser meramente decorativas”.
O que eu achei: Quando Clint Eastwood dirigiu a si mesmo neste filme de 1977, a ideia dele era se livrar, de alguma forma, do estigma de seu personagem Dirty Harry, compondo aqui um perfil diferente do truculento policial, mostrando uma faceta mais frágil e sensível de ser. Na trama, ele encarna um policial alcoólatra e meio desajustado, a quem é designada a missão de escoltar uma prisioneira de Las Vegas até Phoenix, para que essa mulher preste testemunho em um julgamento. O resultado não chega nem aos pés de suas obras posteriores, mostra uma direção que carece de amadurecimento, apesar de já ser seu sexto filme como diretor. Trata-se basicamente de um thriller de perseguição, com os dois tentando chegar à Phoenix de carro, a pé, de moto, de avião e de ônibus enfrentando tiros de todos os lados, naquela obstinação de cumprir o dever salpicada por um pouco de romance. Por sorte, a personagem feminina não é uma sonsa, mas sim uma prostituta inteligente e raivosa. O final é a pior parte pois encerra essa jornada da forma mais inverossímil possível. Mediano no máximo.

25.5.25

“Jurado Nº 2” - Clint Eastwood (EUA, 2024)

Sinopse:
Justin Kemp (Nicholas Hoult) é um pai de família que serve como jurado em um importante julgamento de assassinato. Ele se depara com um dilema moral significativo que pode influenciar o veredito do júri, potencialmente condenando ou absolvendo o réu acusado de homicídio.
Comentário: Clint Eastwood (1930) é um diretor e ator americano de quem já assisti 20 títulos, dentre eles a obra-prima “Os Imperdoáveis” (1992) e os ótimos “O Estranho Sem Nome” (1973), “As Pontes de Madison” (1995), “Sobre Meninos e Lobos” (2003), “Menina de Ouro” (2004), “Cartas de Iwo Jima” (2006) e “A Conquista da Honra” (2006). Desta vez vou conferir “Jurado Nº 2” (2024).
Luiz Joaquim do site Cinema Escrito nos conta que “Clint Eastwood, 94 anos, volta às luzes do mundo, e o ilumina mais uma vez, nos intrigando com o seu mais recente trabalho (será o último?): ‘Jurado #2’, (...) [um filme com] o habitual contraste entre o certo e o errado, entre o justo e o injusto que tanto marca sua filmografia, e não apenas como diretor. E o melhor, sem arroubos ou gorduras. Entregando ao espectador médio de maneira fácil um conflito profundo para ele próprio decidir que lado tomar a partir de dados simples, quase corriqueiros. Daqueles dignos de representar qualquer cidadão comum.
Para entender, basta saber pouco do enredo. Temos o jovem e feliz Justin (Nicholas Hoult) com a sua esposa Allison (Zoey Deutch) prestes a dar à luz a primeira filha do casal. Enquanto isso, Justin, a contragosto, foi escolhido para compor um júri de 12 integrantes civis – entre eles o ex-policial Harold (J. K. Simmons) – para um julgamento de assassinato. O acusado James (Gabriel Basso) vai a julgamento pela suspeita de ter assassinado sua namorada jogando-a de uma ponte. Há inclusive uma testemunha ocular que confirma ter visto James empurrando-a. Tudo aponta para um óbvio veredito: culpado! Mas acontece que, durante o julgamento, Justin se dá conta que James é inocente por uma informação que apenas Justin possui. O ponto é: após consultar seu pastor e também advogado, Larry (Kiefer Sutherland), Justin compreende que compartilhar com o júri essa informação para inocentar James comprometeria toda a sua vida e a de sua esposa e filha.
Está dado o dilema, e ele não é pequeno. Nunca foi para Eastwood. Tanto que em ‘Jurado #2’, os aspectos legais e formais do julgamento, com o advogado de defesa Eric (Chris Messina) e com a promotora Faith (Toni Collette), desfiando suas provas e argumentos, não toma metade do filme. O interesse de Eastwood aqui, nesse belo roteiro original de Jonathan A. Abrams, está nas discussões dos 12 integrantes do júri. Está no exercício rebolativo de Justin em convencer quase a totalidade de seus colegas no júri, convictos na culpa de James, que o acusado é inocente. Mas isso sem revelar a sua informação privilegiada.
Com fotografia de Yves Bélanger, é muito bom perceber não apenas um padrão temático de Eastwood no seu ‘Jurado #2’ mas também estético. Desde um simples plano contra-plongée de dentro do carro da advogada de acusação (típico em seus filmes policiais), até o velho e bom plano do protagonista Justin chorando desamparado dentro de seu carro sob a chuva, com o enquadramento por fora do carro, mostrando filetes d’água da chuva escorrendo pelo para-brisa e ampliando poeticamente a sua angústia. Em ‘Menina de Ouro’, só para citar um de seus filmes com o recurso, a mesma situação ocorre com Maggie (Hilary Swank).
Colocar ‘Jurado #2’ diante de uma boa parte da gigante filmografia de Eastwood é também confrontar uma de suas maiores marcas. O cuidado com a lei, mas a necessidade de quebrá-la para estabelecer a justiça aos olhos do protagonista. O crítico Fernando Ganzo lembrou bem na Cahiers du Cinèma (...) que o link recente e imediato para ‘Jurado #2’ é ‘O Caso Richard Jewell’ (2018), uma vez que ‘não existe uma só forma de estabelecer justiça, seja pelo que nos é dado no aparente ou não, seja condenando monstros ou santificando heróis’. Por essa diretriz, Eastwood nos põe no novo filme de fronte a um contexto em que não podemos acusar ninguém - afinal, todos são vítimas: Justin, James e a sua falecida namorada -, mas temos, espectadores, que concordar que há uma responsabilidade moral que precisa ser contemplada. E isto tem um preço alto.
Interessante que, ao final, ‘Jurado #2’, nos dá um tapa na cara. Nos dois lados da cara. Tanto na nossa face que nos faz torcer pelo bom rapaz protagonista, Justin – ‘pai da ideal família americana’ - quanto na nossa face que sempre caminhou pelas trilhas da justiça a la Eastwood ‘Make my Day!’. Temos, enfim, a desconstrução do seu herói clássico - aquele que buscava por todos os meios a salvação. Isto porque é a lei que irá se impor aqui, ao fim e ao cabo. Num final aberto, mas com o rosto duro da promotora chamada Faith (Fé, em português) dando a eloquência das consequências de se encarar a verdade: a única e autêntica ferramenta da justiça”.
O que disse a crítica: Ty Burr do site Washington Post avaliou com 2,5 estrelas, ou seja, regular. Disse: “Eastwood nunca foi um cineasta de estilo, e esse filme em particular tem a enfadonha e proficiente clareza de um filme feito para TV. Ainda assim, ‘Jurado No. 2’ contém a experiente sabedoria de um artista indo de uma contemplação sobre como a sociedade falha com quem chama de heróis para uma reflexão sobre as maneiras que um homem pode simplesmente falhar consigo mesmo”.
Sérgio Alpendre da Folha SP avaliou com 5 estrelas, obra-prima. Escreveu: “Como um mestre, em ‘Jurado Nº 2’ Eastwood encaminha o drama para um desfecho surpreendente, dos mais brilhantes de sua brilhante carreira. Sem saídas fáceis, nem apaziguamento do espectador”.
O que eu achei: Sempre que é lançado um filme do Clint Eastwood eu gosto de ver pois, apesar do machismo e de um tanto de nacionalismo nas suas produções, o cara é um cineasta – e também um ator - a se respeitar, que sabe como contar uma história. Um bom representante do clássico cinema americano. Este “Jurado Nº 2” foi rodado recentemente, com o cineasta com 94 anos de idade. Então você se pergunta: será que ele ainda dá conta de uma empreitada como essa? Com uma distribuição bem comprometida, estreando apenas em 50 salas nos EUA e em poucas salas na Europa, o filme foi diretamente para o streaming. Essa decisão da Warner foi interpretada como um boicote devido às opiniões políticas de Eastwood, que não são bem vistas pelos executivos do estúdio. Uma pena pois se como profissional ele já mereceria um pouco mais de respeito, o filme em si também mereceria como produto, pois é um filme e tanto. Se você vê o trailer você pensa que já sabe tudo sobre a trama, mas que nada, o buraco é mais embaixo e a moralidade dos homens - em especial de dois personagens - vai sendo colocada em cheque, enveredando na investigação de papéis sociais, bases ideológicas, verdades e mentiras. Sem diminuir a capacidade do espectador, o desfecho surpreende, colocando esses dois personagens cara a cara: afinal a quem interessa a justiça? O longa parece inspirado por “12 Homens e uma Sentença” (1957) de Sidney Lumet; Nicholas Holt está gigante no papel do jurado de número 2, o personagem principal; e a direção de Clint Eastwood continua sim em plena forma. Filmaço!

16.9.24

“O Estranho Sem Nome” - Clint Eastwood (EUA, 1973)

Sinopse:
 Um homem estranho e misterioso (Clint Eastwood) chega ao pequeno povoado de Lago. Ao descobrir que três foras da lei estão a caminho da região para aterrorizá-la, o xerife (Walter Barnes) o contrata para unir seus habitantes e preparar uma recepção não muito calorosa para eles.
Comentário: Trata-se de um filme do veterano diretor e ator americano Clint Eastwood de quem já assisti 19 títulos, dentre eles a obra-prima “Os Imperdoáveis” (1992) e os ótimos “As Pontes de Madison” (1995), “Sobre Meninos e Lobos” (2003), “Menina de Ouro” (2004), “Cartas de Iwo Jima” (2006) e “A Conquista da Honra” (2006).
Ruy Gardnier do site Contracampo nos conta que “’O Estranho Sem Nome’ é o segundo filme de Clint Eastwood, e o primeiro em que o diretor se dedica a um gênero que vai revisitar mais algumas vezes, sempre com resultados surpreendentes: o western. Ora, conhecemos o percurso do autor: trabalhou como ator coadjuvante em uma série de filmes B (dentre os quais dois de Jack Arnold), depois uma temporada na Itália na qual sua figura ficou para sempre marcada através dos tipos que fez para Sergio Leone e, na volta para a América do Norte, papéis em alguns faroestes e notadamente nos filmes de Don Siegel, em que compunha um herói violento que aos poucos foi se transformando em ‘Dirty Harry’, seu papel mais famoso. Se em todas as suas atuações anteriores ele devia ouvir o diretor para saber como comportar-se para construir seu personagem, desta vez trata-se de ele mesmo conduzir seu filme, conduzir a equipe e os atores para aquilo que ele deseja fazer com o western.
(...) Logo nos primeiros instantes começado o filme, nota-se a sequência mais leoniana [referente ao Sérgio Leone] já filmada nos EUA, toda em primeiros planos do tal ‘estranho sem nome’ chegando na cidade e, em campo/contracampo, dos olhos estupefatos dos habitantes do pequeno vilarejo de Lago em que o cavaleiro acaba de chegar com seu cavalo. Se nas atmosferas iniciais Eastwood presta tributo ao primeiro diretor com quem aprendeu cinema, a homenagem ao segundo não tardará por vir. Aos poucos perceberemos que esse personagem que toma a justiça em suas próprias mãos, que antevê os pensamentos dos outros e age antes dele é também uma singela homenagem a Don Siegel, com quem já havia feito, entre outros, ‘Meu Nome É Coogan’ e o primeiro ‘Dirty Harry’. (...)
Mas se há muito de homenagem nesse primeiro faroeste dirigido por Eastwood, há também muito do nascimento das questões que vão assombrar a maioria dos filmes que ele irá dirigir do começo dos anos 70 até hoje: a justiça, a responsabilidade, a tomada de decisões, as ambiguidades e sutilezas da justiça dos homens (...)”.
O título original “High Plains Drifter” significa “Vagabundo das Altas Planícies”.
O que disse a crítica: Rodrigo Cunha do site Cine Players avaliou com 4 estrelas, ou seja, ótimo. Disse: a película tem “boas cenas, uma trilha sonora impecável e pelo menos duas ou três passagens inesquecíveis em um filme que abusa física e psicologicamente de todos que protagonizam aquela história - além do público, claro, que vê passivo essa reconstrução do arco ser redefinida sem muito poder fazer além de se chocar. É um filme que muito mais denuncia a corrupção do ser humano do que está interessado em dar respostas, respeitando a inteligência do público”.
Eduardo Kaneco do site Leitura Fílmica avaliou com 4,5 estrelas, ou seja, excelente. Escreveu: “um dos grandes faroestes que Clint Eastwood dirigiu. Talvez aquele que mais mostra a influência de Sergio Leone, adquirida nos três filmes que realizaram juntos, conhecida por alguns como ‘Trilogia do Homem sem Nome’. Traz muita brutalidade e violência, como víamos nos spaghetti westerns em geral. Além disso, o filme absorve também o pessimismo da época, aproximando o diretor Eastwood dos cineastas da Nova Hollywood”.
O que eu achei: Sabendo que este é apenas o segundo filme dirigido pelo Clint Eastwood, apertei o play sem esperar grande coisa, mas fui surpreendida por um excelente filme. O fato dele já ter uma bagagem como ator - primeiramente como coadjuvante em filmes B, depois como ator principal na Itália para o mestre Sergio Leone e, em seguida, como ator principal na América do Norte -, com certeza o ajudou a executar a nova tarefa com algum know-how. A dupla função ator-diretor que ele assume – e que viria a se repetir inúmeras vezes ao longo de sua extensa carreira - é exercida com tamanha maestria que você não vai querer piscar os olhos para não perder a trama bem arranjada sobre esse outsider valentão que chega no vilarejo e é contratado pelo xerife para organizar uma recepção nada amistosa para três assassinos que terminaram de cumprir suas penas na prisão e muito provavelmente aparecerão na cidade para se vingar. Enquanto você espera uma coisa, a trama se rearranja e você é surpreendido por uma grande reviravolta que te tira completamente da zona de conforto. Então se você está a procura de um bom western para ver, se jogue sem medo. O único ponto negativo é a forma como essa figura machista trata as poucas mulheres que habitam a vila. Interessante observar como nos anos 70 isso simplesmente não nos incomodava e hoje as cenas saltam aos nossos olhos, o que me parece um bom sinal dos novos tempos. Tirando isso, é uma excelente pedida.

11.6.23

“Cry Macho: O Caminho Para Redenção” – Clint Eastwood (EUA, 2021)

Sinopse:
O ex-astro de rodeio e criador de cavalos fracassado Mike Milo (Clint Eastwood) aceita uma proposta de trabalho de um ex-chefe (Dwight Yoakam) para trazer seu jovem filho Rafa (Eduardo Minett) de volta do México para casa. A dupla improvável enfrenta uma jornada desafiadora, durante a qual o cavaleiro cansado do mundo pode encontrar seu próprio senso de redenção ensinando ao menino o que significa ser um bom homem.
Comentário: Trata-se de um filme do veterano diretor e ator Clint Eastwood de quem já assisti à obra-prima “Os Imperdoáveis” (1992); aos ótimos “As Pontes de Madison” (1995), “Sobre Meninos e Lobos” (2003), “Menina de Ouro” (2004), “Cartas de Iwo Jima” (2006) e “A Conquista da Honra” (2006); aos bons “Gran Torino” (2008), “A Troca” (2008), “O Caso Richard Jewell” (2020) e “Invictus” (2009) e aos não tão bons “Cowboys do Espaço” (2000), “J. Edgar” (2012), “Além da Vida” (2010), “Jersey Boys: Em Busca da Música” (2014), “Sniper Americano” (2015), “Sully – O Herói do Rio Hudson” (2016), “A Mula” (2018) e “15h17 – Trem Para Paris” (2018). Em 2018 Clint Eastwood, à época com 88 anos, anunciou que iria continuar a dirigir filmes, mas que iria se aposentar da telona como ator, então foi uma surpresa ele desistir da ideia e voltar a estrelar e comandar um novo filme. Mesmo com a pandemia e com a idade avançada - em 2020, quando o filme foi rodado, ele estava com 90 anos de idade - ele mostrou que continua com muita vontade de trabalhar com o que gosta. No filme, ambientado entre o final dos anos 1970 e 1980, Eastwood interpreta Mike Milo, um ex-cowboy de rodeios que tentou se reinventar como criador de cavalos, sem sucesso. Um dia, Mike recebe o pedido de seu ex-patrão, Howard Polk (Dwight Yoakam), para ir até o México resgatar seu filho Rafael "Rafo" (Eduardo Minett) e trazê-lo para o Texas. A princípio relutante, o veterano vaqueiro acaba aceitando a missão. O roteiro foi escrito por N. Richard Nash, baseado em livro de 1975 de sua autoria. O título faz referência ao nome do galo de briga que Rafael cria: Macho, o maior ou talvez o único amor de sua vida. 
O que disse a crítica: A crítica especializada, em geral, gostou do resultado. Das cinco resenhas que eu li, quatro delas davam nota 4 (excelente) ao filme. Célio Silva do site G1 gostou. Escreveu: “Consagrado como um bom realizador, Eastwood não tem pudores de usar elementos de ‘Os Imperdoáveis’, ‘Gran Torino’ e ‘Um Mundo Perfeito’ para contar a sua história e torná-la a mais cativante possível, mesmo que não apresente grandes surpresas. Mesmo assim, funciona de forma satisfatória, leve e bem humorada, com seu intuito de desconstruir a imagem de homem durão, celebrada em toda a carreira do ator e diretor”. Silva salienta que a trama não oferece grandes surpresas, as situações são em geral simples, resolvidas de forma corriqueira, porém os personagens são agradáveis e boas situações de humor conseguem cativar o público e tornar a falta de peso dramático um problema a ser relevado". 
Marcelo Hessel do site Omelete achou o resultado ótimo. Ele disse: “O que ‘Cry Macho’ tem de melhor é justamente essa cadência lenta de nonagenário, um ritmo que faz as coisas assentarem e ganharem peso dramático: uma atenção aos pequenos gestos e não aos arroubos. (...) No fundo, o que estamos vendo é um falso filme de escapada, já que tudo nele se faz sem pressa”. 
Felipe Galeno do Cinematório também adorou. Escreveu: “Enquanto rejeita, em certa medida, os ideais de masculinidade bruta que sua própria feição já carregou por décadas na tela grande (‘esse papo de macho é superestimado’, afirma o protagonista), Clint Eastwood encontra na ideia da vida comum e na generosidade para com o próximo uma ideologia substituta. E, por mais que ele ainda planeje continuar trabalhando, ‘Cry Macho: O Caminho para Redenção’ oferece a sua persona cinematográfica uma rota que pode servir de um bom desfecho, um que dispõe de suficiente compaixão e tranquilidade para lhe servir de descanso”. 
Marcelo Müller do site Papo de Cinema também foi elogioso. Ele acha que “Clint Eastwood é um verdadeiro monumento de Hollywood, uma lenda vida que segue fiel a seus princípios. Perto do centenário, ainda nos oferece um filme bonito que reafirma o seu apreço pela lealdade e por uma vida simples, na qual é essencial negociar com os fantasmas do passado, bem como se comunicar claramente com as pessoas do presente”. 
Roberto Chaves do Vigília Nerd disse: “’Cry Macho’ tem um ritmo cadenciado, sem pressa… um clichêzinho aqui e alí, mas nada que comprometa o resultado final. Confesso que teve um momento que pensei que o filme iria dar uma derrapada, mas felizmente, se manteve correto. A parte técnica não tem muito destaque, a fotografia é bem simples e a direção é segura. O importante é a mensagem final”.
O que eu achei: Trata-se de um road movie cheio de reflexões. Assim como em outros filmes do próprio Eastwood, vemos um veterano levado a conviver com um calouro. É filme de troca geracional: o velho e o novo, o mestre e o aprendiz. As cenas de ação têm pouco impacto. É um daqueles filmes candidato a passar na Sessão da Tarde, cujo resultado fica ali entre o mediano e o bom, mas que arranca da crítica elogios por conta da presença do próprio Eastwood: um mito que nos ajudou a criar o arquétipo do homem americano macho e valente, a quem podemos ter nossas críticas sociais, mas que ao longo dos anos se revelou um ator e diretor de primeira grandeza e que agora vem se redimir, afinal, os tempos são outros. Então, apesar da falta de dramaticidade, tensão e profundidade da película, o filme traz aquilo que nos toca o coração: sua figura imponente na tela que sente o passar do tempo e que coloca em xeque essa persona machista construída ao longo de toda sua carreira. Com isso, embora o filme não represente um dos melhores e mais marcantes momentos de sua biografia, ele tem sua importância no histórico do ator e diretor. Atenção à beleza da fotografia, em especial à cena do deslocamento do protagonista na estrada ao ser acompanhado pelos cavalos selvagens que correm como se estivessem saudando um antigo companheiro. Atenção também à atuação da excelente Natalia Traven, que interpreta Marta, a dona do bar que vai ter um affair pelo protagonista, um dos pontos altos da película.

25.6.22

"Cowboys do Espaço" - Clint Eastwood (EUA/Austrália, 2000)

Sinopse:
 Um piloto da Força Aérea Americana aposentado (Clint Eastwood), que chegou a trabalhar na NASA durante certo período de sua carreira, é chamado às pressas para consertar no espaço um antigo satélite que está com problemas em seu funcionamento. Ele é a única pessoa com a experiência necessária para realizar esta missão, mas para aceitá-la impõe apenas uma condição, que possa levar consigo três amigos como parte da tripulação: Hawk Hawkins (Tommy Lee Jones), Jerry O'Neill (Donald Sutherland) e Tank Sullivan (James Garner).
Comentário: Imagine Clint Eastwood, conhecido por atuar como cowboy em diversos filmes ao longo de sua carreira, atuando como astronauta aos 70 anos de idade. Imaginou? Junte um Donald Sutherland, na pele de um tiozão garanhão divertido, e um Tommy Lee Jones mais um James Garner, todos já na terceira idade, aposentados, indo para o espaço participar de uma missão arriscada. 
O que disse a crítica: Segundo Luiz Carlos Merten do site Terra Cinema, "O filme (...) foi recebido a pedradas. Tem mesmo uma subtrama anticomunista que parece despropositada. Mas o começo e o fim são deslumbrantes. Só isso já valeria [ver]. (...) Eastwood mistura humor e drama no que não deixa de ser um diálogo com 'Os Eleitos', de Philip Kaufman. Você se lembra, com certeza, daquele filme, um dos mais belos do cinema americano dos anos 80, adaptado do livro de Tom Wolfe. 'Os Eleitos' reconstituía, com raro vigor, a história da epopeia espacial americana. Eastwood subverte a epopeia, ora pelo riso, ora pela emoção. (...) A melhor parte (…) descreve o processo de preparação dos quatro velhinhos para seu voo espacial. O cinema contou muitas histórias sobre a formação de rapazes inexperientes, recrutas na caserna. O próprio Eastwood fez isso em 'O Destemido Senhor da Guerra'. Desta vez são os velhos que precisam aprender, às vezes desaprender, para adequar-se". 
O que eu achei: É um filme despretensioso, raso mas divertido, que serve para reunir a família e dar umas gargalhadas.

28.11.20

"Sobre Meninos e Lobos" - Clint Eastwood (EUA/Austrália, 2003)

Sinopse:
 
Após a filha de Jimmy Marcus (Sean Penn) ser encontrada morta, Sean Devine (Kevin Bacon), seu amigo de infância, é encarregado de investigar o caso. As investigações de Sean o fazem reencontrar um mundo de violência e dor que ele acreditava ter deixado para trás, além de colocá-lo em rota de colisão com o próprio Jimmy, que deseja resolver o crime de forma brutal. Há ainda Dave Boyle (Tim Robbins), que guarda um segredo do passado que nem mesmo sua esposa conhece. A caçada ao assassino faz com que o trio tenha que reencontrar fatos marcantes do passado, os quais eles preferiam que ficassem esquecidos para sempre.
Comentário: É aquele tipo de filme que te prende do começo ao fim com um enredo surpreendente. Elenco com atores consagrados e competentes. Excelente. É filme pra ver e rever.

28.6.20

"O Caso Richard Jewell" - Clint Eastwood (EUA, 2020)

Sinopse: A história real de Richard Jewell (Paul Walter Hauser), segurança que se tornou um dos principais suspeitos de bombardear as Olimpíadas de Atlanta, no ano de 1996. Na realidade, ele foi o responsável por ajudar inocentes a fugirem do local e avisar da existência de um dos explosivos.
Comentário: O filme se baseia numa história real ocorrida em 1996, sobre o segurança que se tornou um herói depois de identificar uma bomba em uma mochila abandonada no Centennial Olympic Park, durante as Olimpíadas de Atlanta. É evidente que nesta década o diretor Clint Eastwood se empenhou em fazer filmes sobre o "homem comum que se tornou um herói norte-americano". Vimos isso em "Sniper Americano" (2014), "Sully" (2016) e "15:17 – Trem Para Paris" (2018).  Segundo Michel Gutwilen do Plano Crítico, "novamente - e sem jamais soar repetitivo - 'O Caso Richard Jewell' é sobre mais uma dessas figuras injustiçadas e perseguidas pelo sistema que, para Clint, não merecem cair no esquecimento. Mais do que isso, o próprio ato de escolher ficcionalizar suas histórias através do cinema é como uma medalha de honra do diretor para esses homens" pois, como diz o crítico, com todo o sistema de governo e de mídia corrompidos "quem quer ser o herói de um sistema falido? Talvez apenas os lunáticos que possuem uma convicção inabalável nele".

15.6.20

"A Mula" - Clint Eastwood (EUA, 2018)

Sinopse: Earl Stone (Clint Eastwood) é um homem de quase 90 anos com problemas econômicos que aceita trabalhar no transporte de drogas para um cartel mexicano em Illinois. Com o dinheiro fácil que consegue, ele tenta ajudar seus parentes e amigos, mas um agente da Narcóticos (Bradley Cooper) o acompanha.
Comentário: O filme se baseia na história verídica de Leo Sharp, um cidadão americano que coleciona uma série de honras que vão desde prêmios por seus trabalhos como paisagista e decorador até o reconhecimento por ter lutado contra os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, aos 90 anos ele fez algo surpreendente: ele foi preso por portar o equivalente a três milhões de dólares em cocaína no seu carro, uma picape velha, no Michigan. Sharp era o líder do Sinaloa, um cartel de drogas no México e foi sentenciado à três anos de cadeia. O filme - como já era de se esperar - não traz nada de inovador. É o velho e competente Clint Eastwood na direção, dirigindo mais um filme aos 88 anos de idade, então é claro, óbvio e esperado que ele o faça da forma antiga. O que pega nesse, e em outros filmes do diretor, é que o protagonista, geralmente interpretado por ele mesmo, pega um sujeito de má índole e tenta sempre nos fazer acreditar que, no fundo, ele é legal. E isso hoje não dá mais pra se aceitar.

15.4.20

"Os Imperdoáveis" - Clint Eastwood (EUA, 1992)

Sinopse: Bill Munny (Clint Eastwood), um pistoleiro aposentado, volta à ativa quando lhe oferecem 1000 dólares para matar os homens que cortaram o rosto de uma prostituta. Neste serviço dois outros pistoleiros o acompanham e eles precisam se confrontar com um inglês (Richard Harris) que também deseja a recompensa e um xerife (Gene Hackman), que não permite tumulto em sua cidade.
Comentário: Trata-se do filme número 70 da lista do 100 essenciais elaborada pela Revista Bravo! em 2007. A matéria diz: "'Os Imperdoáveis' é um western sobre o fim dos westerns. Talvez na última obra-prima do gênero eternizado por John Ford, Howard Hawks e Sergio Leone, Clint Eastwood maquinou, ao mesmo tempo, uma homenagem aos seus mestres (há dedicatórias a Leone e a Don Siegel), um crepúsculo do estilo e uma revisão dos aspectos morais do bom e velho bangue-bangue, da figura do cowboy e do seu universo. Eastwood revisita também a própria carreira, que começou a se destacar na trilogia spaghetti de Leone e se solidificou com a série 'Dirty Harry'. Nela, ele geralmente vive um homem solitário, amargo, bêbado e violento a ponto de não perdoar ninguém. William Munny (interpretado pelo próprio Clint) teve um passado assim. Até que conheceu sua futura esposa, teve filhos e se tornou um humilde criador de porcos. Agora viúvo, ele dedica-se a cuidar das crianças e a administrar sem muito sucesso seu sítio. Para conseguir algum dinheiro, aproveita-se da fama do passado e aceita cumprir uma última missão como pistoleiro: matar os homens que retalharam sem piedade o rosto de uma prostituta da cidade de Big Whisky. Viaja para lá acompanhado do velho parceiro Ned Logan (Morgan Freeman) e do aspirante a cowboy Schofield Kid (Jaimz Woolveltt). Porém, espera por eles o pouco hospitaleiro xerife Little Bill (Gene Hackman). E o antigo matador terá também de enfrentar seus fantasmas pessoais. O filme questiona as características dos antigos westerns, sobretudo o uso da violência. Munny sente culpa pelas crueldades cometidas no passado e vergonha por ter traído a memória da esposa e aceitado voltar a matar (mesmo que seja para sustentar os filhos). Lançado em uma época em que o faroeste já estava fora de moda, 'Os Imperdoáveis' ganhou as duas principais estatuetas do Oscar de 1993, Filme e Direção, além de outras duas (Ator Coadjuvante, para Hackman, e Edição). Livre da figura do macho, Clint Eastwood pôde começar sua fase madura como diretor, que possui títulos excelentes como 'As Pontes de Madison' (1995), 'Sobre Meninos e Lobos' e 'Menina de Ouro' (2004), entre outros".
O que eu achei: Com roteiro de David Webb Peoples (Blade Runner, 1982) e fotografia nota dez de Jack N. Green, trata-se de um faroeste digno dos quatro Oscars que levou. É um filme que evita dividir o mundo entre mocinhos e bandidos e mostra a decadência da figura do homem do Velho Oeste. Um clássico que já ficou para a história.

8.10.18

"15h17 - Trem para Paris" - Clint Eastwood (EUA, 2018)

Sinopse: Quando um terrorista invade o trem n° 9364 da Thalys a caminho de Paris, três amigos norte-americanos - Anthony Sadler, Alex Skarlatos e o piloto da Força Aérea Spencer Stone - se esforçam para imobilizar o extremista, armado com um fuzil AK-47, e evitar uma enorme tragédia.
Comentário: Segundo Francisco Russo do site Adoro Cinema, "É curioso notar como, em seus três últimos filmes como diretor, Clint Eastwood enveredou de vez para a temática do herói". Ele fez isso em "Sniper Americano" e em "Sully". "Em '15h17 - Trem para Paris', a luta de um homem contra o sistema está de volta, mas sob outro aspecto. Desta vez, Clint não está propriamente interessado em apontar o dedo para agências ou governos, mas sim para a crença geral com base na ciência. Ao adaptar mais uma história verídica, o diretor se apropria dos fatos para se posicionar contra a pré-determinação com base em estatísticas e conceitos, de forma a minimizar - ou até menosprezar - pessoas. É o velho Clint acreditando no potencial humano acima de tudo, capaz de superar adversidades e limitações em momentos cruciais da vida - como ele mesmo tanto fez, nos personagens que interpretou. (...) Por mais que seja admirável ver um diretor de 87 anos ainda se arriscando, tanto esteticamente quanto na narrativa, é espantoso notar como as decisões tomadas não funcionam bem".

25.4.17

"Sully - O Herói do Rio Hudson" - Clint Eastwood (EUA, 2016)

Sinopse: 15 de janeiro de 2009. Logo após decolar do aeroporto de LaGuardia, em Nova York, uma revoada de pássaros atinge as turbinas do avião pilotado por Chesley "Sully" Sullenberger (Tom Hanks). Com o avião seriamente danificado, Sully não vê outra alternativa senão fazer um pouso forçado em pleno rio Hudson. A iniciativa é bem sucedida, com todos os 150 passageiros a bordo sendo salvos. Tal situação logo transforma Sully em um grande herói nacional, o que não o isenta de enfrentar um rigoroso julgamento interno coordenado pela agência de regulação aérea nos Estados Unidos.
Comentário: Filmes de Clint Eastwood tem, invariavelmente, um macho, arquétipo da masculinidade americana, sendo herói. Neste, baseado em fatos reais, um avião com problemas técnicos terá que ser pousado sobre um rio mostrando a habilidade do ser humano perante a máquina. O filme não é ruim, pois sendo Clint Eastwood é difícil que o seja, mas não tendo muito a contar repete o pouso forçado 3 vezes para ocupar os 96 minutos do filme mais curto de sua carreira.

20.9.15

"Sniper Americano" - Clint Eastwood (EUA, 2015)

Sinopse: Adaptado do livro "American Sniper: The Autobiography of the Most Lethal Sniper in U.S. Militar History", o filme conta a história real de Chris Kyle (Bradley Cooper), atirador de elite das forças especiais da marinha americana. Durante cerca de dez anos ele matou mais de 150 pessoas, tendo recebido diversas condecorações por sua atuação na Guerra do Iraque.
Comentário: Segundo Marcelo Janot do site Críticos.Com.Br, "no Iraque de 'Sniper Americano' não há espaço para iraquianos inocentes. Civis ou militares, todos eles são maus como o diabo, como a cartilha maniqueísta de Hollywood nos ensinou em seus piores filmes". Segundo Neusa Barbosa do Cineweb, "Clint Eastwood exerce suas melhores virtudes – e, para seus críticos, alguns de seus piores defeitos. Nada que diga respeito à técnica, porém. Até detratores do filme (...) reconhecem que, em fotografia, montagem, som e tudo o mais, o filme é impecável. A divergência está na política". Resumindo: é bom, só que não.

12.5.15

"Jersey Boys: Em Busca da Música" - Clint Eastwood (EUA, 2014)

Sinopse: Na década de 1950, o ítalo-americano Tommy DeVito divide seu tempo entre cometer pequenos furtos e comandar uma banda. Ele é amigo do jovem e talentoso Frankie Valli que, não demora, é convidado para se juntar ao grupo musical. Com a entrada do compositor Bob Gaudio, no entanto, eles - ao lado de Nick Massi - formam uma das mais bem-sucedidas bandas dos anos 1960, o The Four Seasons, responsável por hits como "Sherry", "Big girls don't cry", "Walk like a man" e "Can't take my eyes off you".
Comentário: Baseado no musical da Broadway, o longa de Clint Eastwood mostra a ascensão e queda do quarteto, de muito talento, mas envolto em uma nuvem de brigas internas e relações escusas com a máfia. Segundo Tim Grierson do Screen International, "infelizmente, o retrato inteligente e tranquilo de Eastwood sobre o popular musical 'The Four Seasons' é prejudicado pela estrutura familiar das 'biografias de ascensão e queda', que anula os outros elementos potencialmente mais interessantes da trama".

4.3.12

"As Pontes de Madison" – Clint Eastwood (EUA, 1995)

Sinopse: No verão de 1965, enquanto o marido e os filhos estão viajando, Francesca Johnson (Meryl Streep), uma fazendeira de Iowa, recebe a inesperada visita do fotojornalista Robert Kincaid (Clint Eastwood), da National Geographic. Ele pede informações sobre as pontes de Madison, as quais deverá fotografar profissionalmente. Francesca fornece as informações, mas acaba se envolvendo com Kincaid.
Comentário: Segundo Conrado Heoli do Cineplayers, "muitos anos após viver Dirty Harry e protagonizar os faroestes antológicos de Sergio Leone, Clint Eastwood viria a dirigir um filme para comover 10 entre 10 corações apaixonados. 'As Pontes de Madison' é uma obra que mescla um belo romance e um drama bem estruturado, mesmo inserindo em sua narrativa alguns recursos um tanto óbvios para o gênero". Muito bom.

22.2.12

"Além da Vida" - Clint Eastwood (EUA, 2010)

Sinopse: O filme gira em torno de três pessoas que são afetadas pela morte de maneiras diferentes. George (Matt Damon) é um operário norte-americano que tem uma conexão especial com o além. Em outro ponto do planeta, a jornalista francesa Marie (Cécile De France) acaba de passar por uma experiência de quase-morte que muda sua visão diante da vida. E, quando Marcus (interpretado pelos irmãos gêmeos Frankie e George McLaren), um garoto londrino, perde uma pessoa muito próxima, começa uma procura desesperada por respostas. Enquanto cada um segue o caminho em busca da verdade, suas vidas se cruzam e são transformadas para sempre pelo que eles acreditam que possa existir: a vida após a morte.
Comentário: Segundo o site Omelete, "com tema de fácil apelo, final feliz, desenvolvimentos calorosos e imagético piegas (vultos no contra-luz, nem os de Eastwood dá pra aguentar), 'Além da Vida' trata-se, portanto, de um romance dos mais fáceis já trabalhados pelo diretor". Clint é mais, muito mais que este filme.

19.2.12

"J. Edgar" - Clint Eastwood (EUA, 2012)

Sinopse: Cinebiografia sobre o ex-diretor do FBI, J. Edgar Hoover (Leonardo DiCaprio), que mostra tanto sua escandalosa carreira, marcada por uma administração dura do FBI e casos de chantagem, quanto seu duradouro romance com Clyde Tolson (Armie Hammer).
Comentário: Segundo Roberto Guerra do Cineclick, "a cena já foi repetida à exaustão no cinema. Policiais de alguma localidade dos Estados Unidos são surpreendidos pela chegada dos agentes do FBI, que ameaçam assumir (ou assumem de fato) as rédeas da investigação diante da ineficiência dos agentes locais. O que pouca gente sabe é que a hoje todo-poderosa Polícia Federal norte-americana precisou de quarenta e oito anos, oito presidentes, inimigos de todos os tipos e a mão forte de um homem para torna-se uma das mais poderosas forças policiais do mundo. É a trajetória desse controverso personagem da história americana que o cineasta Clint Eastwood leva as telas em 'J. Edgar', cinebiografia de J. Edgar Hoover, lendário diretor que transformou o Bureau of Investigation - uma instituição deficiente, sem poder e com pouco mais de 600 agentes - em uma potente organização federal de mais de 16.000 funcionários e precursora de métodos de investigação criminal inovadores. 'J. Edgar' é um filme informativo, quase didático, sobre o crescimento do FBI sob a liderança de Hoover". 

21.8.11

"Invictus" - Clint Eastwood (EUA, 2009)

Sinopse: O filme acompanha o período em que Nelson Mandela (Morgan Freeman) sai da prisão (1990), torna-se presidente (1994) e vira um ícone mundial. Na tentativa de diminuir a segregação racial na África do Sul, o rugby é utilizado para tentar amenizar o fosso entre negros e brancos, fomentado por quase 40 anos. O jogador François Pienaar (Matt Damon) é o capitão do time e será o principal parceiro de Mandela na empreitada.
Comentário: Segundo Celso Sabadin, di Cine Click, "na vida real, esporte e política sempre caminharam lado a lado. É só lembrar, por exemplo, dos esforços de Hitler para tentar provar a tal 'supremacia ariana', durante as Olimpíadas pré-Segunda Guerra. Ou da exploração da imagem da seleção brasileira de futebol durante a ditadura Médici em 1970 (idem Argentina em 78), ou ainda do atentado contra atletas judeus nas Olimpíadas de Munique, em 1972. Isso apenas para citar alguns exemplos". Este se baseia no livro 'Playing the Enemy: Nelson Mandela and the Game that Made a Nation', escrito por John Carlin. Interessante. Boa pedida.

13.3.11

"Cartas de Iwo Jima" - Clint Eastwood (EUA, 2006)

Sinopse: Junho de 1944. Tadamichi Kuribayashi (Ken Watanabe), o tenente-general do exército imperial japonês, chega na ilha de Iwo Jima. Muito respeitado por ser um hábil estrategista, Kuribayashi estudara nos Estados Unidos, onde fizera grandes amigos e conhecia o exército ocidental e sua capacidade tecnológica. Por isso o Japão colocou em suas mãos o destino de Iwo Jima, considerada a última linha defesa do país. Ao contrário dos outros comandantes Kuribayashi moderniza o modo de agir, alterando a estratégia que era usada. Ele supervisiona a construção de uma fortaleza subterrânea, feita de túneis que davam para as suas tropas a estratégia ideal contra as forças americanas, que começam a desembarcar na ilha em 19 de fevereiro de 1945. Os japoneses sabiam que as chances de sair dali vivos eram mínimas. Enquanto isto acontece Kuribayashi e outros escrevem várias cartas, que dariam vozes e rostos para aqueles que ali estavam e o relato dos meses que antecederam a batalha e o combate propriamente dito, sobre a ótica dos japoneses.
Comentário: Tanto este filme como "A Conquista da Honra", do mesmo diretor, descrevem as perspectivas dos dois exércitos - americano e japonês - sobre uma das batalhas mais cruéis da II Guerra Mundial no Oceano Pacífico, neste conflito inútil que tingiu de sangue as areias desta ilha inóspita. Nesta versão mostra-se o ponto de vista japonês da batalha que ocorreu em 1960 entre os dois exércitos em Iwo Jima. Segundo Marcelo Janot do site Críticos, "do ponto de vista humanístico, é bastante louvável a iniciativa de um diretor hollywoodiano como Clint Eastwood, mostrando a sangrenta batalha de Iwo Jima do ponto de vista dos combatentes japoneses. Se o americano já não costuma enxergar o estrangeiro como um ser humano igual a ele, ir ao cinema para assistir a um filme com legendas, inteiramente falado em japonês, soa como um sacrifício de outro mundo. Ainda mais quando esse filme é centrado em seus inimigos de guerra e a intenção não é endemonizá-los". Do ponto de vista cinematográfico, o projeto "A Conquista da Honra/ Cartas de Iwo Jima" também é muito interessante. A possibilidade de trabalhar com um filme-espelho, que reflete visões culturais totalmente distintas, abre um enorme leque de opções, mesmo que as tramas de cada um tomem caminhos diferentes.

7.3.11

"Gran Torino" - Clint Eastwood (EUA/Austrália, 2008)

Sinopse: Walt Kowalski (Clint Eastwood) é um veterano da Guerra da Coréia que agora está aposentado. Sua esposa acaba de falecer e ele passa o tempo fazendo consertos em casa, bebendo cerveja e indo mensalmente ao barbeiro (John Carroll Lynch). Ele é a síntese da decadência. Rabugento e egoísta ele vê seu bairro sendo, pouco a pouco, invadido por orientais descendentes de Hmong, etnia que habita o sudeste asiático. Ele é um dos poucos brancos que ainda restam no bairro. Seu desprezo pela vizinhança é abalado quando Thao (Bee Vang), seu viizinho, entra para uma gangue e tenta roubar seu carro, um Gran Torino ano 72 que Kovalski retirou diretamente da Ford quando ele trabalhava lá. 
Comentário: Segundo Arthur Melo, do site Pipoca Combo, "Clint Eastwood é o tipo de profissional em Hollywood difícil de se adjetivar. Sua carga artística é tão densa que o coloca num patamar deveras superior a seus concorrentes. Hoje, Eastwood é um dos diretores mais aclamados. Sua confiabilidade é indiscutível. As produções realizadas e comandadas por ele jamais atrasam os prazos e nem estouram orçamentos. Sua imposição nos sets é soberana e ao mesmo tempo serena. Durante os últimos vinte anos, pelo menos, o ator e diretor tem feito um trabalho invejável neste segundo ofício, mas mantendo um brilhantismo impressionante no primeiro, de modo que um não ofusca o outro. Pelo contrário, se completam".

24.2.11

"A Troca" - Clint Eastwood (EUA, 2008)

Sinopse: Los Angeles, março de 1928. Christine Collin (Angelina Jolie), uma mãe solteira, se despede de Walter, seu filho de 9 anos, e parte rumo ao trabalho. Ao retornar descobre que Walter desapareceu, o que faz com que inicie uma busca exaustiva. Cinco meses depois a polícia traz uma criança, dizendo ser Walter. Christine logo vê que não é seu filho, mas tanto a polícia quanto o próprio menino dizem que é.
Comentário:  Baseado em história real. Segundo Rubens Ewald Filho, "Angelina Jolie não ganhou o prêmio de atriz em Cannes em 2008 aparentemente porque o presidente do júri Sean Penn deve ser seu inimigo. Sorte nossa, porque o prêmio ficou para a brasileira Sandra Corveloni, que nem tinha um papel tão marcante assim. Angelina acabou sendo indicada ao Oscar, ao Bafta, ao SAG e ao Globo de Ouro, ou seja, todos os principais prêmios de atuação, embora não seja um grande momento dela. O filme tem defeitos evidentes, sendo o mais claro a sucessão de finais - quando o filme parece que acabou e então vem mais uma resolução. Sua duração também é desnecessariamente longa, com 140 minutos. Também não é o melhor momento de Clint Eastwood como diretor, que, embora competente, não está especialmente à vontade para contar uma história real de época. (...) Um filme digno, como tudo que Clint faz. Foi indicado também aos Oscar de fotografia e direção de arte".