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16.10.23

“A Escolha de Sofia” – Alan J. Pakula (EUA, 1982)

Sinopse:
 Sofia Zawistowska (Meryl Streep) é uma mãe polaca, filha de pai antissemita, presa num campo de concentração durante a Segunda Guerra, que é forçada por um soldado nazista a fazer algo difícil e doloroso que lhe afetaria pelo resto de sua vida: escolher qual dos seus dois filhos deveria viver. Essa história dramática é contada em 1947 ao jovem Stingo (Peter MacNicol), um aspirante a escritor que vai morar no Brooklyn, na casa de Yetta Zimmerman (Rita Karin), onde ele acaba tendo Sofia como sua melhor amiga.
Comentário: Alan J. Pakula (1928-1998) é um cineasta americano. Ele dirigiu 16 filmes, dentre eles “Klute, O Passado Condena” (1971), “A Trama” (1974) , “O Dossiê Pelicano” (1993) e “Todos os Homens do Presidente” (1976). “A Escolha de Sofia” (1982) é seu oitavo filme.
Fabio Belik do site Crônica de Cinema nos conta que “’A Escolha de Sofia’ é um filme enclausurado, confinado a uma linguagem teatral e solene. (...) Conta a história de Stingo, interpretado por Peter MacNicol, que em 1947 chega ao Brooklyn perseguindo o sonho de se tornar escritor. Vai morar numa pensão, onde conhece Sofia Zawistowska, vivida por Meryl Streep e seu namorado Nathan Landau, vivido por Kevin Kline. Ela, uma sobrevivente do holocausto que se esforça para parecer meiga e otimista. Ele, um judeu destemperado que se esforça para encontrar o equilíbrio entre seu relacionamento com Sofia e sua profissão de pesquisador. Em ‘A Escolha de Sofia’ os personagens não são o que parecem. Stingo é um jovem escritor em busca de experiência de vida. Quer aproveitar qualquer oportunidade para viver e acumular conteúdo. Sofia, essa sim, tem conteúdo a ser desvendado - e quanto! Nathan vive na fronteira da sanidade e nunca se sabe para que lado penderá. O triângulo amoroso que se forma é incômodo e desastroso. Mas é claro que esse filme é sobre Sofia, cuja vida ruiu despedaçada, diante da escolha desumana imposta a ela por um soldado nazista. Os cacos que ela trouxe do campo de concentração para uma América travestida de terra prometida não conseguem se juntar. Stingo bem que tenta, mas aos poucos vai descobrindo que o mundo saído da Segunda Guerra Mundial ainda lateja em dor, em desesperança e está longe de encontrar paz. Para um escritor à procura de conteúdo, ele encontrou um universo em ebulição”.
Baseado no romance de 1979 de William Styron, o filme ganhou 12 prêmios, fora outras 12 indicações. No Oscar, foram cinco indicações: Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora, Melhor Figurino e, claro, Melhor Atriz para Meryl Streep, que abocanhou seu primeiro Oscar falando polonês e alemão.
O que disse a crítica: Rodrigo Giordano do site Plano Crítico avaliou como bom. Escreveu: “’A Escolha de Sofia’ é um filme longo, que utiliza a música para direcionar nossas emoções, que trata de vários temas grandiosos ao mesmo tempo - Holocausto, culpa, abuso, descobertas - mas que com seu final aparenta uma certa efemeridade, como se a história não deixasse rastros ou consequências, como um capítulo que apenas viramos a página final e seguimos em frente rumo ao próximo”.
Eduardo Kaneco do site Leitura Fílmica gostou muito. Disse: “Meryl Streep, de fato, impressiona. Sua Sofia transpira fragilidade, e isso não resulta apenas da maquiagem pálida que usa, mas muito mais pelo olhar, pelos gestos e pela voz fraca, incrementada pelo sotaque polonês, revelando uma qualidade que a tornaria conhecida como mestre neste recurso. Em certas cenas, ainda fala alemão convincentemente. Confira, inclusive, como ela apresenta aparência saudável antes do grande trauma de sua vida - a escolha do título – e após, quando exibe semblante cadavérico. Aliás, a cena em que ela precisa fazer a escolha traumatizante é uma das mais agonizantes do cinema, e o grito sem som de Meryl Streep desarma o coração de qualquer espectador”.
O que eu achei: Interessante como o título de um filme ou livro pode virar uma expressão popular. Atualmente quando queremos dizer que uma decisão é difícil, usamos a frase “a escolha de Sofia” para ilustrar o quão difícil ela é. Isso por conta dessa escolha impossível que Sofia - interpretada magistralmente pela espetacular Meryl Streep - vai ter que fazer dentro de um campo de concentração nazista: com qual dos seus dois filhos você vai querer ficar? Qual deles deve morrer? A história começa mostrando a amizade entre um casal e um rapaz que pretende ser escritor, mas quando a gente acha que vai ficar por aí, ela passa a retratar tudo o que Sofia viveu durante a Segunda Guerra para só então voltar para a atualidade onde ela terá que fazer outra escolha difícil: permanecer namorando um judeu com problemas mentais ou tentar uma nova vida com um rapaz mais jovem aspirante a escritor? É um filme de arrancar lágrimas. A pergunta que fica ao final é: que mundo emergiu da Segunda Guerra Mundial? O que houve com aqueles que sobreviveram e tentaram seguir com suas vidas? Como viver com lembranças tão dolorosas? Um filme raro, profundamente comovente e dotado de uma atuação absolutamente inspiradora de Meryl Streep. Imperdível.