
Comentário: Trata-se do filme número 55 da lista dos 100 essenciais elaborada pela Revista Bravo! em 2017. A matéria diz: “O recém-formado Benjamin Braddock chega ao aeroporto, voltando para a casa dos pais após concluir a faculdade, ao som de 'The Sounds of Silence', da dupla Simon & Garfunkel. A abertura de ‘A Primeira Noite de um Homem’ marca duas graduações importantes que fazem referência ao título original. A primeira é a do próprio personagem Benjamin, interpretado pelo jovem Dustin Hoffman. E não apenas em termos escolares, mas também morais. Agora adulto, ele consegue enxergar a futilidade dos pais materialistas e vazios, vê que a sua própria geração está perdida com as transformações sociais e começa uma relação com uma mulher muito mais velha, esposa do sócio de seu pai, e mãe da garota por quem ele se apaixonará mais à frente. Além de Benjamin, o jovem cinema americano estava se graduando. A partir de obras como ‘Bonnie e Clyde’ (1967), ‘Sem Destino’ (1969), ‘Perdidos na Noite’ (1969) e ‘M.A.S.H.’ (1970), Hollywood abandonava a leveza de sua era de ouro para enfrentar temas mais pesados - sexo, violência, drogas, o caos urbano, política e novos valores. ‘A Primeira Noite de um Homem’ mergulha no embate entre duas gerações distintas e na revolução sexual da década de 1960. O filme causou polêmica pelas cenas de nudez e sexo e pela relação entre uma mulher de meia-idade com um rapaz. Benjamin e Mrs. Robinson (Anne Bancroft) protagonizaram alguns dos diálogos mais divertidos e sensuais de suas carreiras. A nova safra de cineastas era influenciada tanto pelo velho cinema dos grandes estúdios quanto pelas ideias europeias de cinema de autor. Do primeiro, tira o potencial mercadológico; do segundo, a liberdade de, por exemplo, permitir que o ator improvise o seu papel. Com apenas 27 anos, Mike Nichols ganhou o Oscar de Direção. E, da mesma forma como aconteceu com os cineastas, houve uma renovação de astros. No lugar dos antigos galãs, como Cary Grant, Gregory Peck e Gary Cooper, os então franzinos Jack Nicholson, AI Pacino e o próprio Hoffman entraram com menos beleza e mais realismo para o panteão da fama”.
O que disse a crítica: Matheus Fiore do Plano Aberto classificou como obra-prima. Escreveu: “Fechando poeticamente a narrativa, temos um dos finais mais incríveis do cinema americano. Escancarando a falta de profundidade das escolhas do protagonista, a direção de Mike Nichols faz questão de focar no rosto dos personagens por tempo suficiente para que fique nítida a reação deles quando compreendem o que fizeram. Mesmo que inicialmente o público tenha uma impressão, os olhares em volta e, posteriormente, a mudança no semblante dos personagens deixam claro o real resultado das escolhas dos jovens. Resta a eles aguentarem o peso de suas escolhas, e ao espectador, imaginar que estes estão fadados a repetir os erros de seus familiares”.
O que eu achei: Mais de meio século após seu lançamento nos cinemas, “A Primeira Noite de Um Homem” consegue se manter como um excelente filme. É difícil dizer o que é melhor, se é a direção, o roteiro ou as atuações de Dustin Hoffman, Katherine Ross e Anne Bancroft. É inteligente, espirituoso e relevante, pois captura as dúvidas e incertezas de uma geração que questiona os valores de seus pais. A fotografia caprichada também é incrível. Se ainda não viu, não perca. Atenção à maravilhosa trilha sonora de Simon & Garfunkel, em especial a famosa 'Mrs. Robinson'. O filme teve 7 indicações ao Oscar e venceu a categoria de Melhor Direção para Mike Nichols.