14.7.25

“Rota Suicida” – Clint Eastwood (EUA, 1977)

Sinopse:
Um policial durão (Clint Eastwood), porém comum, recebe a missão de ser o guarda-costas de uma prostituta (Sondra Locke) que está sob custódia. Ele tem que escoltá-la de Las Vegas até Phoenix, para que ela possa depor como testemunha no julgamento de uma quadrilha. O que era para ser uma simples tarefa se transforma num pesadelo, porque muitos querem impedir que os dois cheguem até Phoenix, inclusive quem o policial achava ser uma pessoa de confiança.
Comentário: Clint Eastwood (1930) é um cineasta e ator americano de quem já assisti 21 filmes, dentre eles a obra-prima “Os Imperdoáveis” (1992) e os ótimos “O Estranho Sem Nome” (1973), “As Pontes de Madison” (1995), “Sobre Meninos e Lobos” (2003), “Menina de Ouro” (2004), “Cartas de Iwo Jima” (2006), “A Conquista da Honra” (2006) e “Jurado N° 2” (2024). Desta vez vou conferir “Rota Suicida” (1977).
Segundo a redação do site Entretelas, “Quando lançou 'Rota Suicida' em 1977, Clint Eastwood desfrutava o título de um dos atores mais populares de filmes de ação hollywoodianos. O longa, também estrelado por ele ao lado de Sondra Locke, representou uma mudança significativa em sua imagem, e marcou o início de sua transformação contínua como artista, então em franco processo de amadurecimento.
'Rota Suicida' acompanha Ben Shockley (Eastwood), um policial rígido, porém medíocre e alcoólatra, que precisa escoltar Gus Mally (Locke), uma prostituta, no trajeto entre Las Vegas e Phoenix, para que ela possa testemunhar em um julgamento. Ao longo da rota, os dois são perseguidos e correm riscos, e acabam precisando provar a própria inocência para as autoridades.
Embora a sua trajetória como figura central em longas de ação fosse extremamente popular, Eastwood não era exatamente bem quisto pela crítica especializada como ator. Em seus projetos, Clint costumava interpretar personagens que eram vistos como figuras narrativamente pobres, simplistas e tomadas de clichês. Paralelamente, como cineasta, sua tática era apostar em personagens sensíveis, que eram o total oposto do ‘policial truculento e rígido, em uma estratégia para ir de encontro à visão inicial que se tinha sobre ele.
Com 'Rota Suicida', Clint decidiu abordar de outra forma a percepção pública e da mídia de sua trajetória artística, a fim de revolucionar a fórmula em que ele se encaixava e, consequentemente, como era visto. Em uma missão para se desvencilhar dos clichês que eram apontados em sua atuação, seu Ben Shockley de 'Rota Suicida' é o total oposto de Harry Callahan, cuja principal característica era ser um policial correto e obstinado.
Segundo recorda o ScreenRant, o longa funciona mais como uma paródia dos blockbusters de ação que fizeram a fama do cineasta. Além de Shockley e Gus conseguirem escapar de sequências praticamente irreais, há um tom humorado na forma como os personagens e o próprio filme lidam com tudo isso. Além disso, Shockley está longe de ser o figurão bruto que Eastwood estava acostumado a interpretar, e este é um dos raros filmes em que o personagem de Clint não mata ninguém.
Considerado um dos filmes mais abertamente comerciais de Clint Eastwood, 'Rota Suicida' não está exatamente entre os favoritos da carreira do cineasta mas, para muitos analistas, tem todas as características que o tornam um clássico entre a sua cinebiografia”.
O que disse a crítica: Luiz Santiago do site Plano Crítico avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Disse: “A completa conexão entre os personagens se dá de modo esperado e interessante no desfecho do filme, com algum exagero e estupidez em torno deles, mas que para o efeito pretendido - e diante do que se tinha mostrado do Comissário Blakelock (William Prince) até então –, esperado. Um final romântico para uma ação construída na base do morde-e-assopra e de tensão à toda prova”.
Roger Ebert avaliou com o equivalente a 3,75, ou seja, muito bom. Escreveu: “Eastwood dirigiu a si mesmo novamente desta vez, e ele é um bom artesão de ação (...). Ele também é bom em desenvolver relacionamentos; apesar da enxurrada de violência do filme, há um ritmo agradável enquanto seu policial e prostituta se esforçam em suas provações e começam a gostar e respeitar um ao outro. Como na maioria dos filmes de Eastwood, aliás, o papel da mulher é bom: Eastwood tem uma imagem tão machista que talvez as pessoas não tenham notado que suas companheiras femininas (...) têm mentes próprias e nunca pretendem ser meramente decorativas”.
O que eu achei: Quando Clint Eastwood dirigiu a si mesmo neste filme de 1977, a ideia dele era se livrar, de alguma forma, do estigma de seu personagem Dirty Harry, compondo aqui um perfil diferente do truculento policial, mostrando uma faceta mais frágil e sensível de ser. Na trama, ele encarna um policial alcoólatra e meio desajustado, a quem é designada a missão de escoltar uma prisioneira de Las Vegas até Phoenix, para que essa mulher preste testemunho em um julgamento. O resultado não chega nem aos pés de suas obras posteriores, mostra uma direção que carece de amadurecimento, apesar de já ser seu sexto filme como diretor. Trata-se basicamente de um thriller de perseguição, com os dois tentando chegar à Phoenix de carro, a pé, de moto, de avião e de ônibus enfrentando tiros de todos os lados, mas naquela obstinação de cumprir o dever salpicada por um pouco de romance. Por sorte, a personagem feminina não é uma sonsa, mas sim uma prostituta inteligente e raivosa. O final é a pior parte pois encerra essa jornada da forma mais inverossímil possível. Mediano no máximo.