
Comentário: De um lado temos Daniel (Antonio Saboia), um policial cisgênero meio bruto de Curitiba que acabou afastado do trabalho por conta de um episódio de agressão. Do outro temos Sara (Pedro Fasanaro), sua namorada virtual gay que mora em Sobradinho, na Bahia. Daniel fala muito desse Brasil da extrema direita. Sara fala muito desse Brasil da esquerda. Interessante como Muritiba parece querer apaziguar esses dois extremos.
O que disse a crítica: Marcelo Hessell do site Omelete diz, “É evidentemente forte e simbólica essa premissa porque, à parte os motivos íntimos do cineasta, o Brasil cindido de 2021 necessita urgentemente de reparação nas suas diferenças: o Sul e o Norte, o masculino e o feminino, o conservador e o progressista, o velho e o novo. Nascido na Bahia e residente no Paraná, Muritiba faz no filme o movimento inverso ao que realizara fora das telas, e, ao traçar esse percurso de Curitiba até Juazeiro, ‘Deserto Particular’ se filia a uma tradição importante do road movie no Brasil, ao mesmo tempo em que atende a esse chamado da pacificação nacional”.
O que eu achei: O filme foi pré-selecionado para representar o Brasil no Oscar 2022, mas acabou ficando de fora da disputa. Ao começar, a impressão que fica é que o filme não vai decolar, mais para o meio esse ritmo melhora, entretanto, apesar de “’Deserto Particular’ não abrir mão dos conflitos, nem de resoluções de impacto, [ele] parece um filme que está sempre no limite de fazer suas escolhas pautado pelas boas intenções. Quando trata de situações de enfrentamento - que podem render conclusões várias, entre elas a violenta - muitas vezes a saída é apaziguada no constrangimento, no silêncio apartado, no mal-entendido”, o que tira uma certa força do filme. O resultado, mesmo assim, é digno. Atenção à trilha sonora que faz o romance ganhar uma dose extra de emoção com “Total Eclipse of the Heart” da cantora Bonnie Tyler.