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31.5.24

“A Vingança Está na Moda” - Jocelyn Moorhouse (Austrália, 2015)

Sinopse:
Uma atraente mulher (Kate Winslet) retorna à sua cidade natal na Austrália rural. Com sua máquina de costura e estilo haute couture, ela transforma as mulheres e demanda a doce vingança de quem não acreditou em seus feitos.
Comentário: Jocelyn Moorhouse (1960) é uma cineasta australiana de quem assisti apenas um filme, muito interessante por sinal, chamado “A Prova” (1991) que contava a história de um fotógrafo cego. Desta vez vou conferir um disponibilizado recentemente pela Netflix chamado “The Dressmaker” (A Estilista), que no Brasil foi veiculado como “A Vingança Está na Moda”.
O filme se baseia no livro homônimo da escritora Rosalie Ham e conta a história de Tilly, interpretada pela Kate Winslet. É o início da década de 50 e ela volta para o vilarejo minúsculo e poeirento no Outback - como é conhecido o interior desértico da Austrália -, mais especificamente para uma cidade fictícia chamada Dungatar, do qual ela saiu escorraçada anos antes, quando ainda era menina. Os moradores locais acreditam que Tilly matou um menino no pátio da escola, mas ela própria não tem nenhuma lembrança de tê-lo feito. Mesmo antes do suposto crime, Tilly e sua mãe, Molly (Judy Davis), já eram as párias do lugar: pobres, sujas, vestidas em trapos e sem pai (ou marido) à vista. A surpresa é que, longe dali, Tilly fez a vida: virou modista, ficou linda e glamourosa. Assim que põe os pés ali de novo, vira objeto de inveja – e é exatamente esse seu talento, de criar vestidos, ensinar elegância e despertar discórdia, que ela usará para descobrir os segredos do seu passado e vingar-se dos que a prejudicaram.
Isabela Boscov nos conta em seu site que o primeiro filme da diretora foi “A Prova” de 1991, esse sobre o fotógrafo cego que eu vi e gostei. Mas, segundo ela, Moorhouse “nunca [mais] conseguiu reunir novamente a mesma boa vontade em torno de suas produções americanas seguintes, ‘Colcha de Retalhos’ (1995), com Winona Ryder, e ‘Terras Perdidas’ (1997), com Jessica Lange e Michelle Pfeiffer – ambos dramas um tanto frouxos, mornos e sem personalidade”.
O roteirista de “A Vingança Está na Moda” é P. J. Hogan, marido da diretora. É dele “O Casamento de Muriel” (1994), um dos grandes sucessos da nova onda australiana que estava surgindo então.
Os figurinos do filme, que são um ponto alto devido à temática, ficaram por conta de Margot Wilson e Marion Boyce.
O que disse a crítica: Isabela Boscov não gostou. Disse que o filme é “uma colagem sem pé nem cabeça”. Segundo ela, “os personagens são mal escritos (...): vão daquelas caricaturas de cidade pequena – a malvada, o adúltero, a sofrida, a excêntrica etc. – ao completamente desatinado (o policial vivido por Hugo Weaving, e a própria protagonista). Comédia, melodrama, farsa, romance e suspense colidem entre si (...) como pinos de boliche. A impressão é de que não há ninguém no comando – certamente não Jocelyn, ao menos. E chamar a trama disso, de ‘trama’, é uma bondade, já que aqui não há fios que se ligam ou se entretecem, apenas uma sucessão de entrechos inverossímeis que se acumulam sem respeito pela lógica”.
Renato Hermsdorff do site Adoro Cinema avaliou com 3 estrelas, ou seja, legal. Escreveu: “O resultado é exagerado e deliciosamente colorido (ponto para a fotografia de Donald McAlpine), com os figurinos exuberantes de Marion Boyce e Margot Wilson (é até lugar comum mencionar) como um dos grandes atrativo do filme. O vestuário é o pano de fundo que permite Tilly se destacar e, de quebra, mostrar que o estilo de se vestir pode, sim, empoderar as mulheres (...). O exibicionismo da personagem é de gargalhar”. E finaliza dizendo que “o filme tropeça no salto” e “a bagunça de estilos deixa a impressão de que ‘A Vingança Está na Moda’ usa muito pano para pouca manga”.
O que eu achei: Interessante como um cineasta que faz um bom filme uma vez pode nunca mais acertar a mão. Quando vi “A Prova” (1991), que contava a história de um fotógrafo cego, eu gostei demais do resultado. Foi um filme que chamou minha atenção pelo fato de tratar da temática da fotografia, área na qual eu trabalhava, e o filme, de fato, era bem interessante, cheguei até a montar uma palestra na qual eu citava as reflexões que ali estão. Desta vez o que eu vi não chega nem aos pés daquele. Este de 2015 é um daqueles filmes bem Sessão da Tarde que mistura inúmeros gêneros parecendo não saber pra onde ir. Começa parecendo um drama, daí dá a impressão que vai virar um filme romântico, tem suspense, mas aí começa a ficar engraçado com cenas estilo comédia pastelão então, de fato, a aparência geral é de um carro desgovernado. Não chega a ser sofrível pois os figurinos que desfilam pela tela são belíssimos, a fotografia também é boa, os cenários também e o final não é tão óbvio. Além disso é uma chance de ver a Kate Winslet como protagonista junto com a Judy Davis - atriz recorrente de Woody Allen em longas como “Maridos e Esposas” (1992) – interpretando sua mãe. Dá pra ver pra matar o tempo.

5.12.15

"A Prova" - Jocelyn Moorhouse (Austrália, 1991)

Sinopse: Martin (Hugo Weaving) é um homem cego que acha que estão sempre lhe enganando. Na infância, ele pensava que sua mãe mentia quando descrevia as coisas e as paisagens. Adulto, apesar de cego, ele virou um fotógrafo, mas continua achando que ninguém é confiável. Ele tem um relacionamento de amor e ódio com Celia (Genevieve Picot), a mulher que cuida de sua casa. Quando ele conhece e se torna amigo de Andy (Russel Crowe), surge um complicado triângulo amoroso.
Comentário: Segundo Ronaldo Entler do site Studium 29, "'A Prova' é a história de um fotógrafo cego. Isso bastaria para despertar a curiosidade do público, mas seria algo apelativo e insuficiente se o filme não soubesse tirar consequências desse encontro improvável entre a câmera e alguém que não enxerga. Produção australiana de 1991 dirigida por Jocelyn Moorhouse, o filme faturou em sua estreia os prêmios mais importantes do Australian Film Institute e recebeu uma menção em Cannes. Chegou ao Brasil um ano depois através da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e foi escolhido pelos críticos como melhor filme da programação. O lançamento do filme contou com a colaboração involuntária de um artista cujo trabalho começava a aparecer para o mundo naquele momento, o fotógrafo esloveno Evgen Bavcar. Cego desde os 12 anos de idade por conta de dois acidentes sucessivos, Bavcar começou a fotografar aos 16 anos. Já em Paris, onde trabalha como professor e pesquisador da área de estética no CNRS (o reconhecido Centro Nacional de Pesquisas Científicas), obteve grande projeção quando lançou, também no início dos anos 90, um livro autobiográfico chamado 'Le Voyeur Absolu', e mostrou seu trabalho em diversas exposições pelo mundo. Também nessa condição inusitada de fotógrafo cego, Bavcar despertou estranhamento e comoção por onde passou. Na ocasião, muitos, incluindo críticos de cinema, entenderam Bavcar como sendo a inspiração para o filme. Jocelyn Moorhouse, convocada a falar muitas vezes sobre o assunto, afirmou sequer conhecer o trabalho do esloveno antes que a imprensa fizesse a ligação. (...) 'A Prova traz', no entanto, uma abordagem original: mantemos um razoável nível de empatia com Martin, o fotógrafo cego do filme, mas o modo como ele próprio lida com sua deficiência é pouco romântico ou heroico e, em princípio, sua sensibilidade se limita ao plano físico, isto é, à capacidade de sobreviver satisfatoriamente com o aguçamento dos quatro sentidos que lhe restam. Marcado por um trauma, Martin não pode enxergar algumas verdades que desfilam diante dele, e torna opaco todo sentimento das pessoas que o rodeiam."