Sinopse: Em 1918, um jovem pastor mongol (Valery Inkijinoff) foge para as colinas depois de se indispor com um comerciante de peles capitalista (Viktor Tsoppi) que o engana. Na sua fuga ele se encontra com o exército vermelho soviético, combatente dos europeus e russos czaristas imperialistas. Esta jornada o leva para as mãos da elite colonizadora, e antes que ele possa ser condenado à morte, um amuleto - que não era seu mas ele carrega consigo - traz uma informação preciosa que o faz ser confundido com um descendente de Gengis Khan, levando os imperialistas a considerá-lo uma figura importante para o governo usar como cabeça de um regime fantoche mongol.
Comentário: Segundo Alessandra Scangarelli Brites da Revista Intertelas, "Discutir e analisar os meandros das diferentes formas de dominação imperiais foi um dos focos centrais promovidos pela Revolução Russa/Soviética e o cinema foi um meio de comunicação bastante trabalhado. Pois, ao mesmo tempo que entretém, também é capaz de incitar e levar reflexões deste tipo às massas e, em especial, na época, para os povos colonizados. 'Tempestade Sobre a Ásia' (1928), (...) tem esta clara e assumida intenção". Neste filme, "o diretor direciona suas críticas aos britânicos, também, que ocuparam diversos países do continente, entre eles a própria Rússia, em apoio ao exército branco monarquista, que durante a Guerra Civil (1917-1922), tentou impedir a chegada dos Bolcheviques comunistas e socialistas ao poder". Entretanto, este "é um filme que obviamente sofreria contestações por diversos membros da intelectualidade europeia, em especial britânica. As críticas vão desde o seu conteúdo propagandístico a sua falta de acuracidade histórica, pois os britânicos formalmente nunca colonizaram a Mongólia, até aos resolutos que almejam promover uma visão única da história de que a União Soviética não passou de um outro império, visando impor o seu controle e modo de vida ao mundo". Porém a obra é de ficção e, de fato, não tem nenhum compromisso com a exatidão histórica, podendo, o diretor, ser livre nesse aspecto. "De qualquer forma, ainda assim, é perceptível que, apesar da sinopse salientar os britânicos como imperialistas, no filme, os personagens que representam os colonizadores, na realidade, poderiam ser provenientes de qualquer nação europeia, ou digamos branca ocidental, pois a marca maior ali estabelecida não é a de uma nação em específico, mas do colonizador ocidental, branco e capitalista. Trata-se de um retrato ficcional mais universal, que tem por base uma realidade que, se não ocorria na Mongólia em específico, certamente encontra fatos concretos na Índia, na China, no Sudeste Asiático e outras regiões do mundo. Em outras palavras, a mensagem e a reflexão anti-imperialista do filme, ainda continua atual e essencial". O filme é mudo e faz parte da "trilogia revolucionária” de Pudovkin, ao lado de “Mãe” e “O Fim de São Petersburgo”.