
Comentário: Anthony Minghella (1954-2008) foi um diretor e roteirista inglês. Filho de italianos, Minghella tinha paixão pelo cinema desde sua infância. O primeiro filme que dirigiu foi "Um Romance do Outro Mundo" (1991). Ganhou destaque ao receber o Oscar de Melhor Diretor pelo filme "O Paciente Inglês" (1996). Assisti dele o bom "Cold Mountain" (2003). Desta vez vou conferir "O Talentoso Ripley" (1999), uma adaptação cinematográfica do romance homônimo de Patricia Highsmith de 1955.
Na trama, Tom Ripley (Matt Damon) possui um dom incomum: é capaz de imitar, com perfeição, a assinatura, a voz, o modo de se mexer, ou seja, tudo de cada pessoa. Graças a um casaco emprestado, conhece o empresário Herbert Greenleaf (James Rebhorn), que lhe oferece mil dólares para ir à Europa trazer de volta o seu filho, Dickie (Jude Law). Ripley aceita a oferta e termina por desfrutar da boa vida e da amizade de Dickie e da sua namorada Marge (Gwyneth Paltrow), tornando-se hóspede de ambos. Entretanto, desconfianças pairam sob o passado de Ripley.
O site Wikipédia nos conta que "O romance foi filmado duas vezes: em 1957, uma versão de uma hora foi produzida para a série de TV antológica Studio One, dirigida por Franklin J. Schaffner, embora nenhuma gravação tenha sobrevivido.
Em 1960, uma versão em filme foi lançada, intitulada "O Sol por Testemunha" (Plein Soleil) e dirigida por René Clément, estrelando Alain Delon em seu primeiro papel importante.
Há também o filme de Claude Chabrol de 1968, "As Corças" (Les Biches), que usa muitos elementos do romance de Highsmith, mas muda o gênero dos personagens principais".
Só faltou o site citar a minissérie "Ripley" de 2023 com direção de Steven Zaillian e com o ator Andrew Scott no papel principal.
O longa "O Talentoso Ripley" (1999) foi um sucesso comercial e de crítica. Recebeu cinco indicações ao Oscar, incluindo Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante para Law.
O que disse a crítica: Peter Bradshaw não gostou. Ele disse em seu site que "'O Talentoso Ripley' começa como uma exposição engenhosa da grande verdade sobre pessoas encantadoras terem algo a esconder: a saber, sua total dependência dos outros. Termina como um thriller desanimadoramente sem graça e um estudo de personagem desconcertantemente pouco convincente. Ripley diz que prefere ser um falso alguém do que um verdadeiro ninguém - mas um falso ninguém é tudo o que nos é oferecido".
Robledo Milani do site Papo de Cinema avaliou com 4 estrelas, ou seja, ótimo. Disse: " A maior diferença entre livro e filme está no fato de Anthony Minghella (...) dotar seu Ripley de uma consciência moral, algo inexistente na obra de Highsmith. Tom sofre por seus atos, e sabe a consequência de cada uma das suas ações. Isso, porém, não o impede de seguir agindo, eliminando qualquer um que ameace o status conquistado. A introdução de figuras como Meredith Logue (Cate Blanchett), criada especialmente para essa versão cinematográfica, é fundamental para o desfecho almejado pelo diretor, deixando claro que o vilão, aqui na condição de anti-herói, está disposto a tudo, até mesmo abrir mão da própria felicidade, nessa busca por uma realização social. (...) Com classe e imenso apreço pela elegância, tal qual o próprio personagem-título, 'O Talentoso Ripley' oferece um vislumbre de uma mente doentia em busca de algo por muitos também sonhado: um amanhã melhor. Ainda que o preço para tanto seja nada menos do que sua alma".
O que eu achei: Por conta de ter acabado de assistir à minissérie "Ripley" (2023), de Steven Zaillian, acabei revendo o longa "O Talentoso Ripley" (1999), dirigido por Anthony Minghella. Eu já havia visto o filme na época de seu lançamento, mas muita coisa se perdeu na memória e foi interessante revisitá-lo agora, tendo tão fresca na cabeça a nova versão da história criada por Patricia Highsmith. O longa, com suas 2h19m de duração, é um bom filme, bem construído, com elenco de peso e ambientação elegante. Ainda assim, ao lado da minissérie, ele parece um retrato mais superficial de um personagem que é, por natureza, ambíguo e complexo. A principal diferença está no tratamento psicológico dado a Tom Ripley. Enquanto Minghella aposta num tom mais romanesco e solar, aproveitando o cenário ensolarado da Itália e o charme do elenco, Zaillian mergulha nas sombras do personagem e da própria narrativa, adotando um ritmo mais contido e uma fotografia em preto e branco de impacto arrebatador. A minissérie, ao ter mais tempo para desenvolver a trama, aprofunda-se na ambiguidade moral de Ripley e na tensão constante entre aparência e verdade, algo que o filme apenas sugere. No fim, "O Talentoso Ripley" continua sendo um filme interessante, mas revisitado após a minissérie, se transformou mais num bom thriller de suspense do que numa investigação existencial. Minghella cria um espetáculo visual e emocional eficiente, mas Zaillian transforma o mesmo material em arte de precisão e atmosfera. Resultado: gostei bem mais da minissérie do que do longa do Minghella. Dizem que "O Sol por Testemunha" (1960) com direção de René Clément e Alain Delon no papel principal é superior a ambas as adaptações, mas isso só poderei dizer após assistir, o que pretendo fazer em breve.
Na trama, Tom Ripley (Matt Damon) possui um dom incomum: é capaz de imitar, com perfeição, a assinatura, a voz, o modo de se mexer, ou seja, tudo de cada pessoa. Graças a um casaco emprestado, conhece o empresário Herbert Greenleaf (James Rebhorn), que lhe oferece mil dólares para ir à Europa trazer de volta o seu filho, Dickie (Jude Law). Ripley aceita a oferta e termina por desfrutar da boa vida e da amizade de Dickie e da sua namorada Marge (Gwyneth Paltrow), tornando-se hóspede de ambos. Entretanto, desconfianças pairam sob o passado de Ripley.
O site Wikipédia nos conta que "O romance foi filmado duas vezes: em 1957, uma versão de uma hora foi produzida para a série de TV antológica Studio One, dirigida por Franklin J. Schaffner, embora nenhuma gravação tenha sobrevivido.
Em 1960, uma versão em filme foi lançada, intitulada "O Sol por Testemunha" (Plein Soleil) e dirigida por René Clément, estrelando Alain Delon em seu primeiro papel importante.
Há também o filme de Claude Chabrol de 1968, "As Corças" (Les Biches), que usa muitos elementos do romance de Highsmith, mas muda o gênero dos personagens principais".
Só faltou o site citar a minissérie "Ripley" de 2023 com direção de Steven Zaillian e com o ator Andrew Scott no papel principal.
O longa "O Talentoso Ripley" (1999) foi um sucesso comercial e de crítica. Recebeu cinco indicações ao Oscar, incluindo Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante para Law.
O que disse a crítica: Peter Bradshaw não gostou. Ele disse em seu site que "'O Talentoso Ripley' começa como uma exposição engenhosa da grande verdade sobre pessoas encantadoras terem algo a esconder: a saber, sua total dependência dos outros. Termina como um thriller desanimadoramente sem graça e um estudo de personagem desconcertantemente pouco convincente. Ripley diz que prefere ser um falso alguém do que um verdadeiro ninguém - mas um falso ninguém é tudo o que nos é oferecido".
Robledo Milani do site Papo de Cinema avaliou com 4 estrelas, ou seja, ótimo. Disse: " A maior diferença entre livro e filme está no fato de Anthony Minghella (...) dotar seu Ripley de uma consciência moral, algo inexistente na obra de Highsmith. Tom sofre por seus atos, e sabe a consequência de cada uma das suas ações. Isso, porém, não o impede de seguir agindo, eliminando qualquer um que ameace o status conquistado. A introdução de figuras como Meredith Logue (Cate Blanchett), criada especialmente para essa versão cinematográfica, é fundamental para o desfecho almejado pelo diretor, deixando claro que o vilão, aqui na condição de anti-herói, está disposto a tudo, até mesmo abrir mão da própria felicidade, nessa busca por uma realização social. (...) Com classe e imenso apreço pela elegância, tal qual o próprio personagem-título, 'O Talentoso Ripley' oferece um vislumbre de uma mente doentia em busca de algo por muitos também sonhado: um amanhã melhor. Ainda que o preço para tanto seja nada menos do que sua alma".
O que eu achei: Por conta de ter acabado de assistir à minissérie "Ripley" (2023), de Steven Zaillian, acabei revendo o longa "O Talentoso Ripley" (1999), dirigido por Anthony Minghella. Eu já havia visto o filme na época de seu lançamento, mas muita coisa se perdeu na memória e foi interessante revisitá-lo agora, tendo tão fresca na cabeça a nova versão da história criada por Patricia Highsmith. O longa, com suas 2h19m de duração, é um bom filme, bem construído, com elenco de peso e ambientação elegante. Ainda assim, ao lado da minissérie, ele parece um retrato mais superficial de um personagem que é, por natureza, ambíguo e complexo. A principal diferença está no tratamento psicológico dado a Tom Ripley. Enquanto Minghella aposta num tom mais romanesco e solar, aproveitando o cenário ensolarado da Itália e o charme do elenco, Zaillian mergulha nas sombras do personagem e da própria narrativa, adotando um ritmo mais contido e uma fotografia em preto e branco de impacto arrebatador. A minissérie, ao ter mais tempo para desenvolver a trama, aprofunda-se na ambiguidade moral de Ripley e na tensão constante entre aparência e verdade, algo que o filme apenas sugere. No fim, "O Talentoso Ripley" continua sendo um filme interessante, mas revisitado após a minissérie, se transformou mais num bom thriller de suspense do que numa investigação existencial. Minghella cria um espetáculo visual e emocional eficiente, mas Zaillian transforma o mesmo material em arte de precisão e atmosfera. Resultado: gostei bem mais da minissérie do que do longa do Minghella. Dizem que "O Sol por Testemunha" (1960) com direção de René Clément e Alain Delon no papel principal é superior a ambas as adaptações, mas isso só poderei dizer após assistir, o que pretendo fazer em breve.