3.8.25

“Aqui” - Robert Zemeckis (EUA, 2024)

Sinopse:
A trama acompanha diversas famílias ao longo do tempo, revelando as transformações do mundo desde os primórdios da humanidade até um futuro próximo, sempre por meio das histórias vividas numa mesma sala de uma casa, através de um mesmo casal: Richard (Tom Hanks) e Margaret (Robin Wright). Eles estão prestes a deixar o lar onde construíram memórias repletas de amor, perdas, risos e momentos marcantes.
Comentário: Robert Zemeckis (1951) é um cineasta, produtor e roteirista norte-americano, cuja família é de origem lituana e iugoslava. Assisti dele os excelentes e consagrados “Forrest Gump - O Contador de Histórias” (1994), “Náufrago” (2000) e a trilogia “De Volta para o Futuro”, o mediano "Aliados" (2016) e o péssimo "A Lenda de Beowulf" (2007). Desta vez vou conferir “Aqui” (2024).
Miguel Costa do site Clube de Cinema nos conta que “Quase três décadas depois de terem emocionado o público em ‘Forrest Gump’ (1994), Tom Hanks e Robin Wright voltam a unir forças sob a direção de Robert Zemeckis para o filme ‘Aqui’. Inspirado na graphic novel de Richard McGuire, o filme explora a passagem do tempo num único local, onde as vidas e memórias de várias gerações se sobrepõem, cruzando-se de maneira poética e emocional. Esta obra ambiciosa utiliza um conjunto de técnicas cinematográficas avançadas, incluindo rejuvenescimento digital, permitindo a Hanks e Wright interpretarem seus personagens ao longo de várias épocas, desde o passado distante até um futuro hipotético.
‘Aqui’ centra-se numa sala que permanece inalterada ao longo dos anos, enquanto as vidas das pessoas que a habitam mudam e evoluem. Esta abordagem inovadora permite que o público experimente a continuidade da história humana e a forma como os lugares mantêm fragmentos das pessoas que os habitaram. Para Zemeckis, esta narrativa é uma oportunidade única de explorar temas existenciais, como a fragilidade e a permanência da condição humana, criando uma experiência cinematográfica que pretende ser tanto visualmente deslumbrante quanto profundamente introspectiva.
Tom Hanks e Robin Wright partilharam o entusiasmo por este reencontro, considerando-o uma celebração dos anos de carreira que ambos acumularam desde ‘Forrest Gump’. Segundo Zemeckis, o desafio técnico de ‘Aqui’ vai além do rejuvenescimento digital e serve como um recurso para enriquecer a narrativa. ‘A ideia não é apenas ver Hanks e Wright mais novos, mas experimentar as vidas dos personagens com a sensação de continuidade que apenas o cinema pode proporcionar’, disse o realizador. Zemeckis espera que esta experiência imersiva inspire o público a refletir sobre a passagem do tempo e a importância de honrar a história dos lugares e das pessoas”.
O que disse a crítica: Caio Coletti do site Omelete avaliou com 2 estrelas, ou seja, regular. Disse: “Se a ambição era ensaiar uma história sobre destinos amarrados através das eras, por exemplo, as irmãs Wachowski e Tom Tykwer o fizeram com muito mais inteligência e fluência em ‘A Viagem’, mais de uma década atrás. No caso de ‘Aqui’, fica faltando escopo, esforço narrativo, ensejo poético, paixão pela própria história. As obsessões técnicas de Zemeckis, enfim, não são necessariamente o problema. O problema é a grandiloquência arrogante para a qual elas o levam, que nada têm a ver com o que ‘Aqui’ tem de mais interessante para nos contar”.
André Filipe Antunes da Tribuna do Cinema avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Escreveu: “Tom Hanks e Robin Wright ocupam o centro nevrálgico da narrativa, rejuvenescidos com recurso de inteligência artificial e ao mesmo tempo retomando a química de 30 anos atrás. É verdade que o efeito estranha-se mais do que se entranha, assim como o melodrama açucarado e subdesenvolvido dos vários side stories que ameaçam em vários pontos afundar a ideia. Contudo, no seu melhor, o conceito essencialmente teatral e a qualidade dos protagonistas encontram a intimidade e sutileza do material, elevando-o a algo superior à soma das suas partes”.
O que eu achei: Robert Zemeckis é um cineasta irregular. Ao mesmo tempo que ele faz obras que se tornam verdadeiros clássicos como os consagrados “Forrest Gump - O Contador de Histórias” (1994), “Náufrago” (2000) e a trilogia “De Volta para o Futuro”, ele faz obras como o não mais que mediano "Aliados" (2016) e o péssimo "A Lenda de Beowulf" (2007). Em “Aqui” (2024) ele reúne novamente a dupla romântica de "Forrest Gump": Tom Hanks e Robin Wright. Com o uso de um programa de rejuvenescimento digital ele remoça os atores nesta adaptação para o cinema de uma graphic novel escrita por Richard McGuire, que se passa num único lugar desde o tempo dos dinossauros até o século XXI. Trata-se de uma sala de visitas de uma casa que começa sendo uma floresta que abriga um casal pré-histórico, vira um lote onde se constrói uma típica casa americana por onde passam diversos moradores, até chegar na família do casal interpretado pela dupla. Hanks, agora com 67 anos, aparece magro e jovem graças à tecnologia, Wright idem, parece interessante mas o resultado como obra é sofrível. Se na graphic novel a ideia de sobrepor os tempos funcionou, no filme eu achei que não deu certo. Talvez desse certo no teatro, mas como filme foi uma experiência que resultou robótica, superficial e sem emoção, impedindo qualquer conexão mais profunda com os personagens. Some-se a isso uma trilha sonora melosa e o resultado é decepcionante.