
Comentário: Spike Lee (1957) é um cineasta, escritor, produtor, ator e professor norte-americano. Seu trabalho explora as relações raciais, o papel da mídia na vida contemporânea, o crime urbano, a pobreza e outras questões políticas. Vi dele a obra-prima “Faça a Coisa Certa” (1989), os ótimos "O Plano Perfeito" (2006) e "Infiltrado na Klan" (2018) e o bom “A Última Noite” (2002), dentre outros.
Desta vez vou conferir “Malcolm X” (1992), baseado no livro “The Autobiography of Malcolm X” (A Autobiografia de Malcolm X), contada pelo próprio ativista negro para o escritor Alex Haley, que o redigiu. A cinebiografia analisa a vida complexa e inspiradora de Malcolm X, uma figura-chave do movimento dos direitos civis dos EUA.
Astral Souto do site da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo nos conta que ele nasceu em 19 de maio de 1925, em Omaha, Nebraska, nos Estados Unidos. Foi filho de Earl Little, pastor batista e ativista pelos direitos dos negros.
Seu pai era ligado com a Universal Negro Movement (UNIA), uma organização que buscava a autossuficiência dos negros tentando obter um lugar na África para que os negros americanos pudessem se alocar. "Em 1931, o pai de Malcolm faleceu – sofreu um acidente, mas sua morte teve suspeitas de assassinato por parte da Ku Klux Klan - deixando Louise Little, mãe de Malcolm, e seus sete filhos.
Tendo uma vida extrema, de grande carga mental e física para manter seus filhos viúva, Louise foi internada em um hospital psiquiátrico. Com a perda da mãe, os sete irmãos foram separados em instituições de cuidado juvenil diferentes, levando Malcolm a viver uma infância e adolescência conturbadas.
Em 1946, ele foi condenado a dez anos de prisão por roubo e invasão de domicílio. Foi nesse período que ele teve interações com alguns membros da Nação do Islã (NOI), uma organização religiosa e política que defendia a emancipação negra e considerava o cristianismo uma ‘religião branca’. Dessa forma, depois que saiu da cadeia, Malcolm X se filiou à NOI e, devido ao seu carisma e excelente oratória, se tornou um de seus principais representantes.
Após alguns anos, Malcolm X acabou insatisfeito com atitudes indecentes do líder da organização, Elijah Mohammad, e cortou laços com ela. Como Malcolm X já era uma figura muito visada e admirada, em 1964 fundou a Organization of Afro-American Unity (OAAU), além de sua própria mesquita, Muslim Mosque.
A OAAU era uma instituição que tinha como objetivo restaurar a identidade, a dignidade e a condição financeira dos negros, ensinar os negros sobre sua origem e ajudá-los a se defender dos brancos. No entanto, a vida de Malcolm X, e por consequência a vida da instituição, passava por diversas ameaças. No dia 21 de fevereiro de 1965, o ativista foi assassinado no decorrer de um discurso na OAAU”.
No elenco temos Denzel Washington no papel principal, Albert Hall e Angela Bassett. O diretor Spike Lee também aparece no filme fazendo um papel secundário como Shorty, um personagem parcialmente baseado na vida de Malcolm "Shorty" Jarvis, amigo de Malcolm X. Além disso, o cofundador do Partido dos Panteras Negras, Bobby Seale, o reverendo Al Sharpton, e o futuro presidente da África do Sul, Nelson Mandela fazem participações especiais.
O filme recebeu indicações ao Oscar, ao Globo de Ouro e foi premiado no Festival de Berlim com o Urso de Prata de Melhor Ator para Denzel Washington.
O que disse a crítica: Roger Ebert em seu site avaliou com o equivalente a 5 estrelas, ou seja, obra-prima. Disse: “Denzel Washington ocupa o centro do filme, em uma atuação de enorme amplitude. Ele nunca parece estar buscando um efeito, mas ainda assim é sempre convincente; ele parece tão natural em uma cena inicial, fazendo palhaçadas em um vagão de trem com sanduíches de presunto, quanto em uma posterior, chamando a atenção do público nas esquinas, em igrejas, na televisão e em Harvard. Ele é tão persuasivo no início do filme, vestindo um terno zoot e rondando as casas noturnas do Harlem, quanto mais tarde, desaparecendo em uma multidão de peregrinos à Meca. Washington é um ator simpático e atraente, e por isso é especialmente eficaz ver como ele demonstra a raiva de Malcolm, o lado dogmático e inflexível.
Leonardo Campos do site Plano Crítico também avaliou com 5 estrelas. Escreveu: “Há, nos bastidores, uma história grandiosa como o filme em questão: a batalha de Spike Lee pela manutenção do filme dentro da visão reflexiva e estética do seu interesse. Os estúdios, sempre representados por seus produtores, profissionais dispostos a picotar as produções para atender aos anseios do grande público de massa, muitas vezes destroem narrativas com grande potencial. Com ‘Malcolm X’ isso não aconteceu”.
O que eu achei: Quem nunca assistiu a cinebiografia do líder afro-americano Malcolm X (interpretada magistralmente pelo Denzel Washington) deve aproveitar a disponibilidade no streaming para conferir. Batizado pelos seus pais como Malcolm Little, Malcolm X considerou mais adequado substituir o sobrenome Little – sobrenome que chegou até ele através de seus ancestrais escravizados, imposto pelos donos desses escravos – por X, letra usada em equações matemáticas cujo número que lhe corresponde ainda precisa ser descoberto, simbolizando com isso a busca por sua verdadeira identidade africana perdida, nome esse que ele nunca veio a conhecer. Nascido filho de um pastor batista aparentemente assassinado por membros da Ku Klux Kan, Malcolm teve uma infância difícil que o levou à prisão por 10 anos onde teve contato com uma organização religiosa afro-americana - a Nação do Islã (NOI) - que combinava elementos do nacionalismo negro e do islamismo tradicional. Assim como seu pai ele vira um pregador religioso, cuja excelente oratória atraiu inúmeros adeptos. Posteriormente, ele se converteu ao islã sunita ortodoxo, fundando a Organization of Afro-American Unity (OAAU), além de sua própria mesquita, Muslim Mosque, onde puseram fim à sua vida, assim como fizeram com seu pai. Poucos filmes justificam uma duração de 3h22m como este, mas o ritmo impecável, a história que reflete o material de origem com fidelidade e, infelizmente, ainda relevante hoje, fazem tudo valer a pena. Não perca.
Desta vez vou conferir “Malcolm X” (1992), baseado no livro “The Autobiography of Malcolm X” (A Autobiografia de Malcolm X), contada pelo próprio ativista negro para o escritor Alex Haley, que o redigiu. A cinebiografia analisa a vida complexa e inspiradora de Malcolm X, uma figura-chave do movimento dos direitos civis dos EUA.
Astral Souto do site da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo nos conta que ele nasceu em 19 de maio de 1925, em Omaha, Nebraska, nos Estados Unidos. Foi filho de Earl Little, pastor batista e ativista pelos direitos dos negros.
Seu pai era ligado com a Universal Negro Movement (UNIA), uma organização que buscava a autossuficiência dos negros tentando obter um lugar na África para que os negros americanos pudessem se alocar. "Em 1931, o pai de Malcolm faleceu – sofreu um acidente, mas sua morte teve suspeitas de assassinato por parte da Ku Klux Klan - deixando Louise Little, mãe de Malcolm, e seus sete filhos.
Tendo uma vida extrema, de grande carga mental e física para manter seus filhos viúva, Louise foi internada em um hospital psiquiátrico. Com a perda da mãe, os sete irmãos foram separados em instituições de cuidado juvenil diferentes, levando Malcolm a viver uma infância e adolescência conturbadas.
Em 1946, ele foi condenado a dez anos de prisão por roubo e invasão de domicílio. Foi nesse período que ele teve interações com alguns membros da Nação do Islã (NOI), uma organização religiosa e política que defendia a emancipação negra e considerava o cristianismo uma ‘religião branca’. Dessa forma, depois que saiu da cadeia, Malcolm X se filiou à NOI e, devido ao seu carisma e excelente oratória, se tornou um de seus principais representantes.
Após alguns anos, Malcolm X acabou insatisfeito com atitudes indecentes do líder da organização, Elijah Mohammad, e cortou laços com ela. Como Malcolm X já era uma figura muito visada e admirada, em 1964 fundou a Organization of Afro-American Unity (OAAU), além de sua própria mesquita, Muslim Mosque.
A OAAU era uma instituição que tinha como objetivo restaurar a identidade, a dignidade e a condição financeira dos negros, ensinar os negros sobre sua origem e ajudá-los a se defender dos brancos. No entanto, a vida de Malcolm X, e por consequência a vida da instituição, passava por diversas ameaças. No dia 21 de fevereiro de 1965, o ativista foi assassinado no decorrer de um discurso na OAAU”.
No elenco temos Denzel Washington no papel principal, Albert Hall e Angela Bassett. O diretor Spike Lee também aparece no filme fazendo um papel secundário como Shorty, um personagem parcialmente baseado na vida de Malcolm "Shorty" Jarvis, amigo de Malcolm X. Além disso, o cofundador do Partido dos Panteras Negras, Bobby Seale, o reverendo Al Sharpton, e o futuro presidente da África do Sul, Nelson Mandela fazem participações especiais.
O filme recebeu indicações ao Oscar, ao Globo de Ouro e foi premiado no Festival de Berlim com o Urso de Prata de Melhor Ator para Denzel Washington.
O que disse a crítica: Roger Ebert em seu site avaliou com o equivalente a 5 estrelas, ou seja, obra-prima. Disse: “Denzel Washington ocupa o centro do filme, em uma atuação de enorme amplitude. Ele nunca parece estar buscando um efeito, mas ainda assim é sempre convincente; ele parece tão natural em uma cena inicial, fazendo palhaçadas em um vagão de trem com sanduíches de presunto, quanto em uma posterior, chamando a atenção do público nas esquinas, em igrejas, na televisão e em Harvard. Ele é tão persuasivo no início do filme, vestindo um terno zoot e rondando as casas noturnas do Harlem, quanto mais tarde, desaparecendo em uma multidão de peregrinos à Meca. Washington é um ator simpático e atraente, e por isso é especialmente eficaz ver como ele demonstra a raiva de Malcolm, o lado dogmático e inflexível.
Leonardo Campos do site Plano Crítico também avaliou com 5 estrelas. Escreveu: “Há, nos bastidores, uma história grandiosa como o filme em questão: a batalha de Spike Lee pela manutenção do filme dentro da visão reflexiva e estética do seu interesse. Os estúdios, sempre representados por seus produtores, profissionais dispostos a picotar as produções para atender aos anseios do grande público de massa, muitas vezes destroem narrativas com grande potencial. Com ‘Malcolm X’ isso não aconteceu”.
O que eu achei: Quem nunca assistiu a cinebiografia do líder afro-americano Malcolm X (interpretada magistralmente pelo Denzel Washington) deve aproveitar a disponibilidade no streaming para conferir. Batizado pelos seus pais como Malcolm Little, Malcolm X considerou mais adequado substituir o sobrenome Little – sobrenome que chegou até ele através de seus ancestrais escravizados, imposto pelos donos desses escravos – por X, letra usada em equações matemáticas cujo número que lhe corresponde ainda precisa ser descoberto, simbolizando com isso a busca por sua verdadeira identidade africana perdida, nome esse que ele nunca veio a conhecer. Nascido filho de um pastor batista aparentemente assassinado por membros da Ku Klux Kan, Malcolm teve uma infância difícil que o levou à prisão por 10 anos onde teve contato com uma organização religiosa afro-americana - a Nação do Islã (NOI) - que combinava elementos do nacionalismo negro e do islamismo tradicional. Assim como seu pai ele vira um pregador religioso, cuja excelente oratória atraiu inúmeros adeptos. Posteriormente, ele se converteu ao islã sunita ortodoxo, fundando a Organization of Afro-American Unity (OAAU), além de sua própria mesquita, Muslim Mosque, onde puseram fim à sua vida, assim como fizeram com seu pai. Poucos filmes justificam uma duração de 3h22m como este, mas o ritmo impecável, a história que reflete o material de origem com fidelidade e, infelizmente, ainda relevante hoje, fazem tudo valer a pena. Não perca.