
Comentário: Christopher Andrews (1986) é um ator e cineasta norte-americano. Ele dirigiu dois curtas-metragens: "Fire" (2015) e "Together Again" (2009). "Acabe com Eles" (2024) é seu primeiro longa.
Matheus Mans do Estadão nos conta que "As montanhas do oeste da Irlanda são mais do que paisagem. São personagens. É nesse cenário que Christopher Andrews estreia no cinema com 'Acabe com Eles'. O filme, que acaba de chegar à MUBI, mergulha nas entranhas mais obscuras das rivalidades rurais.
A trama segue Michael O’Shea (Christopher Abbott), o filho mais novo de uma família de pastores, que vive com seu pai doente em uma fazenda isolada. Michael carrega o peso de um passado traumático: anos antes, ele causou um acidente de carro que matou sua mãe e deixou sua então namorada desfigurada. Após o acidente, ela se casa com Gary (Paul Ready), um fazendeiro vizinho, enquanto Michael permanece preso à sua rotina, sob a sombra de um pai autoritário. A tensão entre as famílias aumenta quando Jack (Barry Keoghan), filho de Gary, rouba duas ovelhas de Michael. O ato é o estopim para uma escalada de hostilidades que revela ressentimentos antigos e desencadeia eventos devastadores.
Por isso, a preparação física foi intensa. Abbott e Keoghan já se conheciam e até treinavam boxe juntos. 'Essa conexão ajudou, porque eles podiam se empurrar, entrar um no espaço do outro, sem que isso parecesse artificial', diz Andrews.
Para complicar ainda mais o processo, Andrews decidiu que o personagem de Abbott tinha que falar em gaélico com o pai. 'Foi um desafio, mas também muito divertido', conta Abbot. O idioma se tornou uma metáfora para o próprio personagem. 'A dificuldade de me expressar por meio dessa língua acaba sendo algo que se conecta com Michael, que também tem dificuldades para se comunicar'.
Para o diretor, há uma redenção: 'Michael pede desculpas, mas não se justifica. Mesmo tendo sofrido coisas terríveis, ele não tenta legitimá-las ou encontrar desculpas', diz.
Abbott vê além. 'Acho que ele tem esperança, sim', diz sobre seu personagem. 'Ele só não sabe exatamente de onde ela virá, ou de quem. Mas a verdade é que essa esperança precisa vir dele mesmo'. É nessa complexidade que o filme encontra sua força – não em heróis ou vilões, mas em seres humanos tentando se reconstruir".
O que disse a crítica: Mattheus Goto da Revista Veja avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Disse: "Abbott ancora o filme com uma tremenda performance, para a qual aprendeu a falar irlandês do zero. Keoghan apoia-o com talento equivalente. O roteiro e a fotografia fazem jus à complexidade da trama".
Danilo Areosa do Cine Set avaliou com o equivalente à 4,4 estrelas, ou seja, excelente. Escreveu: "'Acabe com Eles' se revela um belo exercício sobre a masculinidade arbitrária praticada pelos homens, a partir do seu desejo íntimo, que legitima a liberdade de praticar a violência dentro do contexto social. Christopher Andrews destaca, nesta relação de poder e orgulho, como os mal-entendidos podem ficar fora de controle quando as pessoas não se comunicam e as percepções são distorcidas".
O que eu achei: Gostei bastante deste primeiro longa dirigido por Christopher Andrews. Ele trata dos mal-entendidos e dos equívocos que fazem a gente interpretar mal e reagir mal àquilo que aparentemente estamos vivenciando. Na história, o personagem Michael O’Shea (interpretado por Christopher Abbott) vive com seu pai doente em uma fazenda onde criam ovelhas. Ele carrega a culpa de ter causado o acidente de carro no qual morreu sua mãe. Sua namorada da época agora é casada com outro homem e tem um filho que resolve roubar duas ovelhas de Michael e aí começa uma série de hostilidades, colocando foco na tão conhecida violência masculina, daquele que reage brutalmente sem buscar o diálogo e com uma impressionante dificuldade de reconhecer seus erros e pedir perdão. O filme começa mostrando tudo o que acontece de ponto de vista de um lado e depois recomeça mostrando o outro ponto de vista, deixando claro como cada um fez o que fez e como cada lado interpretou cada atitude. Quem gostou de "Os Banshees de Inisherin" (2022) com certeza gostará deste longa que, de tragédia em tragédia, de conflito em conflito, de vingança em vingança, chega a seu desfecho. Boa pedida.
Matheus Mans do Estadão nos conta que "As montanhas do oeste da Irlanda são mais do que paisagem. São personagens. É nesse cenário que Christopher Andrews estreia no cinema com 'Acabe com Eles'. O filme, que acaba de chegar à MUBI, mergulha nas entranhas mais obscuras das rivalidades rurais.
A trama segue Michael O’Shea (Christopher Abbott), o filho mais novo de uma família de pastores, que vive com seu pai doente em uma fazenda isolada. Michael carrega o peso de um passado traumático: anos antes, ele causou um acidente de carro que matou sua mãe e deixou sua então namorada desfigurada. Após o acidente, ela se casa com Gary (Paul Ready), um fazendeiro vizinho, enquanto Michael permanece preso à sua rotina, sob a sombra de um pai autoritário. A tensão entre as famílias aumenta quando Jack (Barry Keoghan), filho de Gary, rouba duas ovelhas de Michael. O ato é o estopim para uma escalada de hostilidades que revela ressentimentos antigos e desencadeia eventos devastadores.
Por isso, a preparação física foi intensa. Abbott e Keoghan já se conheciam e até treinavam boxe juntos. 'Essa conexão ajudou, porque eles podiam se empurrar, entrar um no espaço do outro, sem que isso parecesse artificial', diz Andrews.
Para complicar ainda mais o processo, Andrews decidiu que o personagem de Abbott tinha que falar em gaélico com o pai. 'Foi um desafio, mas também muito divertido', conta Abbot. O idioma se tornou uma metáfora para o próprio personagem. 'A dificuldade de me expressar por meio dessa língua acaba sendo algo que se conecta com Michael, que também tem dificuldades para se comunicar'.
Para o diretor, há uma redenção: 'Michael pede desculpas, mas não se justifica. Mesmo tendo sofrido coisas terríveis, ele não tenta legitimá-las ou encontrar desculpas', diz.
Abbott vê além. 'Acho que ele tem esperança, sim', diz sobre seu personagem. 'Ele só não sabe exatamente de onde ela virá, ou de quem. Mas a verdade é que essa esperança precisa vir dele mesmo'. É nessa complexidade que o filme encontra sua força – não em heróis ou vilões, mas em seres humanos tentando se reconstruir".
O que disse a crítica: Mattheus Goto da Revista Veja avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Disse: "Abbott ancora o filme com uma tremenda performance, para a qual aprendeu a falar irlandês do zero. Keoghan apoia-o com talento equivalente. O roteiro e a fotografia fazem jus à complexidade da trama".
Danilo Areosa do Cine Set avaliou com o equivalente à 4,4 estrelas, ou seja, excelente. Escreveu: "'Acabe com Eles' se revela um belo exercício sobre a masculinidade arbitrária praticada pelos homens, a partir do seu desejo íntimo, que legitima a liberdade de praticar a violência dentro do contexto social. Christopher Andrews destaca, nesta relação de poder e orgulho, como os mal-entendidos podem ficar fora de controle quando as pessoas não se comunicam e as percepções são distorcidas".
O que eu achei: Gostei bastante deste primeiro longa dirigido por Christopher Andrews. Ele trata dos mal-entendidos e dos equívocos que fazem a gente interpretar mal e reagir mal àquilo que aparentemente estamos vivenciando. Na história, o personagem Michael O’Shea (interpretado por Christopher Abbott) vive com seu pai doente em uma fazenda onde criam ovelhas. Ele carrega a culpa de ter causado o acidente de carro no qual morreu sua mãe. Sua namorada da época agora é casada com outro homem e tem um filho que resolve roubar duas ovelhas de Michael e aí começa uma série de hostilidades, colocando foco na tão conhecida violência masculina, daquele que reage brutalmente sem buscar o diálogo e com uma impressionante dificuldade de reconhecer seus erros e pedir perdão. O filme começa mostrando tudo o que acontece de ponto de vista de um lado e depois recomeça mostrando o outro ponto de vista, deixando claro como cada um fez o que fez e como cada lado interpretou cada atitude. Quem gostou de "Os Banshees de Inisherin" (2022) com certeza gostará deste longa que, de tragédia em tragédia, de conflito em conflito, de vingança em vingança, chega a seu desfecho. Boa pedida.