
Comentário: Trata-se do filme número 76 da lista dos 100 Essenciais elaborada pela Revista Bravo! em 2007. A matéria diz “O tempo, como o vivemos, é composto de camadas nas quais o passado se acumula a cada minuto que passa. Em seu longa de estreia, o francês Alain Resnais foi saudado pela capacidade de traduzir em imagens e palavras tanto as múltiplas presenças do tempo quanto o lugar e a ação da memória, como a faculdade que faz tudo sempre retornar. Essa habilidade seria retomada dois anos depois em ‘O Ano Passado em Marienbad’ (1961), sob uma forma ainda mais radical. ‘Hiroshima, Meu Amor’ não é apenas um filme, é também um texto de autoria de Marguerite Duras, que imprime às imagens uma densidade poética que ultrapassa o mero sentido dos diálogos. A trama se resume ao encontro entre uma atriz francesa e um arquiteto japonês na cidade, reconstruída depois de ter sido devastada por uma das bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos em 1945. ‘Você não viu nada em Hiroshima’, ele insiste. ‘Eu vi tudo’, ela retruca. Pois, mesmo que nenhum dos dois tenha estado lá no momento do ataque, é a memória que se encarrega de não fazer esquecer os grandes traumas. E ela pode afirmar que ‘viu tudo’ porque viveu a guerra a seu modo, na alma e na carne, quando jovem, ao se apaixonar por um soldado alemão durante a ocupação nazista da França. O amante foi morto em combate, e ela acabou punida pelo envolvimento. Entretanto, para além das lembranças pessoais, é a memória coletiva que interessa a Resnais, o que já estava evidente em alguns de seus primeiros curtas (‘As Estátuas Também Morrem’, de 1953, e, sobretudo, em ‘Noite e Neblina’, de 1955, e em ‘Toda a Memória do Mundo’, de 1956). Em ‘Noite e Neblina’, um documentário sobre os campos de extermínio nazista, o texto do escritor Jean Cayrol servia de alerta contra os riscos do esquecimento: ‘Onde estão os futuros carrascos? Com certeza, entre nós...’. Nesse sentido, ‘Hiroshima, Meu Amor’ é acima de tudo um filme político, em que o romance individual serve de guia para a lição coletiva expressa nas palavras do texto de Duras, que reitera os riscos ‘da desigualdade posta em princípio por alguns povos contra outros povos, da desigualdade posta em princípio por algumas raças contra outras raças, da desigualdade posta em princípio por algumas classes contra outras classes".
O que eu achei: Prosseguindo na minha saga de assistir os 100 filmes essenciais listados pela Revista Bravo! em 2007, desta vez assisti “Hiroshima, Meu Amor” (1959) do diretor francês Alain Resnais. Esse é o terceiro filme que vejo dele, os outros dois foram “Meu Tio da América” (1980) e “Amar, Beber e Cantar” (2014), ambos interessantes, criativos na sua execução, mas que me pegaram mais pela curiosidade de vê-los do que por ser um tipo de cinema que eu goste muito de assistir. “Hiroshima, Meu Amor” é seu filme de estreia no cinema de ficção. Com roteiro escrito por Marguerite Duras, ele foi considerado um marco inicial da Nouvelle Vague, apresentando um arrastado diálogo em torno da memória travado entre uma atriz francesa (Emmanuelle Riva) e um arquiteto japonês (Eiji Okada), com o pano de fundo do temor de uma catástrofe nuclear iminente. A locação é a cidade de Hiroshima no Japão, com ele falando da tragédia coletiva provocada pela bomba atômica e ela contando sua tragédia pessoal resultante de uma paixão vivida na adolescência por um soldado nazista. Foi a partir desse filme, com esmerada fotografia em branco e preto e excelente trilha sonora, que o cinema francês ganhou fama de verborrágico, pois basicamente o filme todo são os dois conversando. Curiosamente o ator japonês Eiji Okada não sabia falar francês, então ele decorou todas as falas pra poder fazer o filme, o que explica uma não naturalidade dele falando com ela, mas também dela falando com ele, algo que eu imaginei que seria uma interpretação de dois estrangeiros conversando e tentando se fazer entender, quase soletrando as palavras. O filme começa bem, com imagens muito chocantes de Hiroshima, mas à medida que ele avança para sua narrativa propriamente dita o interesse começa a diminuir, seja pela forma como eles se expressam, seja pela falta de ressonância emocional, seja pelas reflexões quase sem sentido (especialmente as ligadas à memória dela), reduzindo-se a um filme de arte que talvez tivesse mais significado nos anos 1950, quando a Nouvelle Vague começou, do que agora. De qualquer forma vale ver para conhecer mais desse movimento cinematográfico.
O que eu achei: Prosseguindo na minha saga de assistir os 100 filmes essenciais listados pela Revista Bravo! em 2007, desta vez assisti “Hiroshima, Meu Amor” (1959) do diretor francês Alain Resnais. Esse é o terceiro filme que vejo dele, os outros dois foram “Meu Tio da América” (1980) e “Amar, Beber e Cantar” (2014), ambos interessantes, criativos na sua execução, mas que me pegaram mais pela curiosidade de vê-los do que por ser um tipo de cinema que eu goste muito de assistir. “Hiroshima, Meu Amor” é seu filme de estreia no cinema de ficção. Com roteiro escrito por Marguerite Duras, ele foi considerado um marco inicial da Nouvelle Vague, apresentando um arrastado diálogo em torno da memória travado entre uma atriz francesa (Emmanuelle Riva) e um arquiteto japonês (Eiji Okada), com o pano de fundo do temor de uma catástrofe nuclear iminente. A locação é a cidade de Hiroshima no Japão, com ele falando da tragédia coletiva provocada pela bomba atômica e ela contando sua tragédia pessoal resultante de uma paixão vivida na adolescência por um soldado nazista. Foi a partir desse filme, com esmerada fotografia em branco e preto e excelente trilha sonora, que o cinema francês ganhou fama de verborrágico, pois basicamente o filme todo são os dois conversando. Curiosamente o ator japonês Eiji Okada não sabia falar francês, então ele decorou todas as falas pra poder fazer o filme, o que explica uma não naturalidade dele falando com ela, mas também dela falando com ele, algo que eu imaginei que seria uma interpretação de dois estrangeiros conversando e tentando se fazer entender, quase soletrando as palavras. O filme começa bem, com imagens muito chocantes de Hiroshima, mas à medida que ele avança para sua narrativa propriamente dita o interesse começa a diminuir, seja pela forma como eles se expressam, seja pela falta de ressonância emocional, seja pelas reflexões quase sem sentido (especialmente as ligadas à memória dela), reduzindo-se a um filme de arte que talvez tivesse mais significado nos anos 1950, quando a Nouvelle Vague começou, do que agora. De qualquer forma vale ver para conhecer mais desse movimento cinematográfico.