
Comentário: Lars von Trier (1956) é um cineasta dinamarquês, vencedor de diversos prêmios. Conhecido por ser provocador nas entrevistas, os comentários antissemitas de von Trier durante uma coletiva de imprensa em Cannes causaram uma controvérsia significativa na mídia, levando o festival a declará-lo como "persona non grata" e bani-lo do festival por um ano. Na sequência, o diretor divulgou uma desculpa formal informando que não era simpatizante do nazismo. Vi 7 filmes dele: as obras-primas "Dogville" (2003) e "Melancolia" (2011); os excelentes "Manderlay" (2005), "Anticristo" (2009) e "Ninfomaníaca - Volumes 1 e 2" (2013) e o bom "A Casa que Jack Construiu" (2018).
Desta vez vou conferir “Europa” (1991), um filme que faz parte da chamada Trilogia Europa, composta por “Elemento de um Crime” (1984), “Epidemia” (1987) e “Europa” (1991). Esses filmes mapeiam a alma da Europa, o seu passado conturbado, o seu presente ansioso e o futuro incerto, com cada filme se passando em locais diferentes do continente, ligados entre si por temas comuns que filtram a história turbulenta, a culpa e os traumas representados pelas audaciosas desconstruções do diretor. Como os filmes não são sequenciais, eles podem ser vistos em qualquer ordem.
William Thomas do site Empire nos conta que “a trama apresenta um Jean-Marc Barr de óculos como o inocente americano que chega à Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial para explorar suas raízes teutônicas e, com a ajuda de seu tio (Ernst-Hugo Järegård), conquista um emprego como atendente de vagão-leito na empresa ferroviária privada Zentropa. No entanto, nem tudo a bordo do Zentropa é o que parece, e um Kessler cada vez mais confuso é gradualmente arrastado para uma intriga política complexa, envolvendo os aliados, de um lado, e simpatizantes nazistas [conhecidos como lobisomens], do outro”.
Dos vários personagens que entram e saem deste mundo opressivo, no qual o trem é uma metáfora para a Alemanha transitória do pós-guerra, precipitando-se em direção a um futuro desconhecido, a atriz Barbara Sukowa apresenta a melhor atuação como a femme fatale e ex-terrorista nazista Katharina, por quem Kessler se apaixona. No geral, porém, há muito pouco conteúdo, embora seja claramente um tour de force visual, com efeitos especiais impressionantes, criados pela mistura de CinemaScope em preto e branco com projeções coloridas”.
O longa estreou no Festival de Cinema de Cannes em 1991, ganhando os prêmios especiais do júri e técnico, além de ter recebido prêmios na Espanha, Bélgica, Porto Rico, Suécia e Dinamarca.
A voz em off que narra o filme é do ator Max von Sydow.
O que disse a crítica: William Thomas da Empire avaliou com 4 estrelas, ou seja, ótimo. Disse: “Labiríntico e hipnótico, o filme sem dúvida tem mais estilo do que substância, mas Von Trier consegue cegar e confundir o público de uma maneira verdadeiramente magistral”.
Marcelo Sobrinho do site Plano Crítico avaliou com 4,5 estrelas, ou seja, excelente. Escreveu: “’Europa’ sugere uma importante questão: em um ambiente tão corrupto e degenerescente, qual a capacidade de resistência do bem frente ao mal? Quem vence esse embate de vetores – a ação do homem sobre a realidade ou a degradação daquele por esta? Aparece aqui, pela primeira vez, um sentimento ‘trieriano’ bastante forte e que será explorado profundamente em ‘Dogville’ – a busca do bem muitas vezes enseja as piores catástrofes. A cena final de ‘Europa’ ata o nó do pessimismo histórico em um continente com tamanha vocação beligerante [vocação para a guerra].”
O que eu achei: Rever esse filme foi um tanto interessante. Especialmente, por ter visto, há algumas semanas “Alemanha, Ano Zero” (1948) do Roberto Rossellini, que também se passa na Alemanha, após o final da II Guerra Mundial, numa cidade em ruínas, naquilo que seria o 'ano zero' daquele país. Neste filme, apesar de ser uma história fictícia, é possível observar uma Alemanha igualmente destruída e supostamente salvaguardada pelos aliados. É nesse contexto que chega ao país o jovem americano Leopold Kessler, descendente de alemães. Ele procura seu tio, um funcionário da empresa de transporte ferroviário Zoetropa, para que lhe consiga um emprego. A chegada dele nesse ambiente hostil e nada hospitaleiro, por esse tio alemão bêbado e ressentido, marca o início da trama onde o rapaz vai trabalhar como atendente de vagão-leito, aspirando, em breve, se tornar um condutor. Mal sabe ele onde se meteu. O filme envereda por uma história que poderia facilmente ter sido escrita pelo Franz Kafka, com o jovem Kessler vivendo um pesadelo surreal que envolve negociatas entre o governo dos EUA e as elites que apoiaram os nazistas, grupos de simpatizantes nazistas bem articulados e tramas de assassinatos, tudo mostrado num P&B eventualmente colorizado, cheio de montagens visuais, resultando altamente estilizado. Atenção ao personagem judeu que vai à casa do dono da linha ferroviária dar um falso depoimento de como o homem o ajudou durante a guerra. Esse personagem é interpretado pelo próprio Lars von Trier. Vale ver.
Desta vez vou conferir “Europa” (1991), um filme que faz parte da chamada Trilogia Europa, composta por “Elemento de um Crime” (1984), “Epidemia” (1987) e “Europa” (1991). Esses filmes mapeiam a alma da Europa, o seu passado conturbado, o seu presente ansioso e o futuro incerto, com cada filme se passando em locais diferentes do continente, ligados entre si por temas comuns que filtram a história turbulenta, a culpa e os traumas representados pelas audaciosas desconstruções do diretor. Como os filmes não são sequenciais, eles podem ser vistos em qualquer ordem.
William Thomas do site Empire nos conta que “a trama apresenta um Jean-Marc Barr de óculos como o inocente americano que chega à Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial para explorar suas raízes teutônicas e, com a ajuda de seu tio (Ernst-Hugo Järegård), conquista um emprego como atendente de vagão-leito na empresa ferroviária privada Zentropa. No entanto, nem tudo a bordo do Zentropa é o que parece, e um Kessler cada vez mais confuso é gradualmente arrastado para uma intriga política complexa, envolvendo os aliados, de um lado, e simpatizantes nazistas [conhecidos como lobisomens], do outro”.
Dos vários personagens que entram e saem deste mundo opressivo, no qual o trem é uma metáfora para a Alemanha transitória do pós-guerra, precipitando-se em direção a um futuro desconhecido, a atriz Barbara Sukowa apresenta a melhor atuação como a femme fatale e ex-terrorista nazista Katharina, por quem Kessler se apaixona. No geral, porém, há muito pouco conteúdo, embora seja claramente um tour de force visual, com efeitos especiais impressionantes, criados pela mistura de CinemaScope em preto e branco com projeções coloridas”.
O longa estreou no Festival de Cinema de Cannes em 1991, ganhando os prêmios especiais do júri e técnico, além de ter recebido prêmios na Espanha, Bélgica, Porto Rico, Suécia e Dinamarca.
A voz em off que narra o filme é do ator Max von Sydow.
O que disse a crítica: William Thomas da Empire avaliou com 4 estrelas, ou seja, ótimo. Disse: “Labiríntico e hipnótico, o filme sem dúvida tem mais estilo do que substância, mas Von Trier consegue cegar e confundir o público de uma maneira verdadeiramente magistral”.
Marcelo Sobrinho do site Plano Crítico avaliou com 4,5 estrelas, ou seja, excelente. Escreveu: “’Europa’ sugere uma importante questão: em um ambiente tão corrupto e degenerescente, qual a capacidade de resistência do bem frente ao mal? Quem vence esse embate de vetores – a ação do homem sobre a realidade ou a degradação daquele por esta? Aparece aqui, pela primeira vez, um sentimento ‘trieriano’ bastante forte e que será explorado profundamente em ‘Dogville’ – a busca do bem muitas vezes enseja as piores catástrofes. A cena final de ‘Europa’ ata o nó do pessimismo histórico em um continente com tamanha vocação beligerante [vocação para a guerra].”
O que eu achei: Rever esse filme foi um tanto interessante. Especialmente, por ter visto, há algumas semanas “Alemanha, Ano Zero” (1948) do Roberto Rossellini, que também se passa na Alemanha, após o final da II Guerra Mundial, numa cidade em ruínas, naquilo que seria o 'ano zero' daquele país. Neste filme, apesar de ser uma história fictícia, é possível observar uma Alemanha igualmente destruída e supostamente salvaguardada pelos aliados. É nesse contexto que chega ao país o jovem americano Leopold Kessler, descendente de alemães. Ele procura seu tio, um funcionário da empresa de transporte ferroviário Zoetropa, para que lhe consiga um emprego. A chegada dele nesse ambiente hostil e nada hospitaleiro, por esse tio alemão bêbado e ressentido, marca o início da trama onde o rapaz vai trabalhar como atendente de vagão-leito, aspirando, em breve, se tornar um condutor. Mal sabe ele onde se meteu. O filme envereda por uma história que poderia facilmente ter sido escrita pelo Franz Kafka, com o jovem Kessler vivendo um pesadelo surreal que envolve negociatas entre o governo dos EUA e as elites que apoiaram os nazistas, grupos de simpatizantes nazistas bem articulados e tramas de assassinatos, tudo mostrado num P&B eventualmente colorizado, cheio de montagens visuais, resultando altamente estilizado. Atenção ao personagem judeu que vai à casa do dono da linha ferroviária dar um falso depoimento de como o homem o ajudou durante a guerra. Esse personagem é interpretado pelo próprio Lars von Trier. Vale ver.