26.5.25

“Arquivo Para Uma Obra-Acontecimento” - Suely Rolnik (Brasil, 2011)

Sinopse:
Caixa com 20 DVDs contendo entrevistas realizadas em vídeo por Suely Rolnik para o projeto de ativação da memória corporal da poética de Lygia Clark e seu contexto. Gravados no Brasil, na França e nos Estados Unidos, os vídeo-depoimentos incluem falas de Caetano Veloso, Ferreira Gullar, Guy Brett, Jards Macalé, Paulo Venâncio e Paulo Herkenhoff, entre outros, resultando em uma perspectiva da trajetória de Lygia e da influência de seu trabalho e ideias no imaginário de toda uma classe artística.
Comentário: Segundo o site da BBC, “Lygia Pimentel Lins (1920-1988), conhecida como Lygia Clark foi uma pintora e escultora brasileira. Na década de 1940, inicia sua formação artística no Rio de Janeiro, orientada pelo paisagista Roberto Burle Marx. Na década seguinte, em Paris, estuda com Fernand Léger (1881-1955), Arpad Szenes (1897-1985) e Isaac Dobrinsky (1891-1973). Realiza em 1952 sua primeira exposição individual, no Institut Endoplastique.
Em 1954, participa da criação do Grupo Frente, liderado por Ivan Serpa (1923-1973) e considerado um marco no movimento construtivo das artes plásticas, rompendo com os tradicionalismos da academia. Ao participar da I Exposição de Arte Neoconcreta (1959), assina, ao lado de Amílcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis, o Manifesto Neoconcreto. Passa, então, a defender novas formas para sua pintura, que ultrapassem os tradicionais suportes.
Na experimentação de novos materiais, formas e suportes, segue sua trajetória artística, com obras que demandam a coparticipação do espectador. Na década de 1960, leciona artes plásticas no Instituto Nacional de Educação dos Surdos, o que lhe permite a exploração sensorial na criação artística, como em ‘A Casa é o Corpo’ (1968).
De volta à França, na década de 1970, torna-se professora na Faculté d’Arts Plastiques St. Charles, na Sorbonne, e dedica especial atenção às experiências corporais como meio de uma participação mais ativa do público. Nos anos 1980, sua obra ganha projeção internacional, e é tida como um dos elementos fundadores da arte contemporânea brasileira.
Entre 2002 e 2010, Suely Rolnik desenvolveu um projeto de construção de uma memória corporal sobre a obra da artista Lygia Clark. Como resultado, foram realizados filmes de entrevistas e eventos no Brasil e no exterior.
Através de uma parceria entre o SESC-SP, a Cinemateca e a Sociedade Amigos da Cinemateca, com recursos do Fundo Nacional de Cultura, o projeto ‘Arquivo para Uma Obra-Acontecimento’ reuniu, em uma caixa com 20 DVDs, parte das entrevistas realizadas com artistas, críticos de artes, curadores e diretores de museu sobre a obra da artista brasileira Lygia Clark”.
Dentre os depoimentos estão: Caetano Veloso, Suzana de Moraes, Lula Wanderley, Ferreira Gullar, Thierry Davila, Gaëlle Bosser e Claude Lothier , Jards Macalé, Paulo Venâncio, Ivanilda Santos Leme, Paulo Herkenhoff, Rubens Gerchman, Guy Brett e outros.
O que eu achei: Trata-se de uma oportunidade única de mergulhar na obra de Lygia Clark, através de 20 depoimentos de pessoas que conviveram com ela ou possuem algum testemunho sobre sua produção. Não sobre seu começo na pintura, nem sobre as obras que podem ser manipuladas pelo público, como os "Bichos" dos anos 60, mas mais especificamente sobre os chamados "Objetos Relacionais" - pedras, sacos e outros materiais que dispostos sobre o corpo das pessoas buscavam o autoconhecimento, gerando as reações mais diversas. É sobre essa última fase, que a artista fazia em seu próprio estúdio com pessoas convidadas a participar dessa experiência, que as entrevistas se debruçam. Um trabalho que transitava entre os territórios da terapia e da arte, algo impossível de ser reproduzido em museu. A pesquisa foi toda feita pela psicanalista e curadora Suely Rolnik que é a entrevistadora. Entre os entrevistados estão os músicos Jards Macalé e Caetano Veloso, o poeta Ferreira Gullar e Paulo Herkenhoff, dentre outros. A entrevista com Caetano, aliás, é bastante curiosa. Ele fala do seu primeiro contato com Lygia Clark em Paris e das ‘sessões de análise’ feitas com ela nos anos 1970, contando que sua música "If You Hold a Stone" (Se Você Segurar Uma Pedra) foi inspirada por essas experiências. A caixa com os DVDs se encontra à venda nas lojas do SESC e em livrarias diversas. Um material e tanto para quem se interessa pela artista.