5.3.25

“Armadilha” - M. Night Shyamalan (EUA/Canadá, 2024)

Sinopse:
Cooper (Josh Hartnett) leva sua filha adolescente (Ariel Donoghue) para o show da diva pop Lady Raven (Saleka Shyamalan). A garota está explodindo de felicidade e tudo parece correr bem, mas Cooper percebe uma movimentação diferente da segurança do lugar. A polícia descobriu que um famoso serial killer estaria no evento e armou uma cilada para pegá-lo.
Comentário: M. Night Shyamalan (1970) é um cineasta indiano, naturalizado norte-americano. Sua produção é cheia de altos e baixos. É dele a obra-prima “O Sexto Sentido” (1999), os ótimos "A Vila" (2004), "A Visita" (2015) e “Fragmentado” (2017) e os bons "Fim dos Tempos" (2008), "Corpo Fechado" (2000), “Tempo” (2021) e “Batem à Porta” (2023). Mas também são dele o mediano "A Dama na Água" (2006) e os péssimos "O Último Mestre do Ar" (2010) e "Vidro" (2019).
Giovanna Ribeiro do site Adoro Cinema nos conta que “O suspense acompanha Cooper (Josh Hartnett) e sua filha adolescente (Ariel Donoghue) em um show de música pop, quando Cooper percebe que ambos estão no epicentro de uma verdadeira armadilha, montada para capturar um serial killer.
A trama, chamada pelo próprio cineasta de uma espécie de ‘Silêncio dos Inocentes em um show da Taylor Swift’, também encontra inspiração na vida real. Não exatamente no show da Taylor Swift, mas sim em uma operação da polícia norte-americana de 1985. Assim como na ficção escrita e dirigida por M. Night Shyamalan, a Operação Flagship tinha como objetivo capturar fugitivos perigosos”.
Segundo ela, “A Operação Flagship foi uma operação policial originalmente orquestrada pelo governo dos Estados Unidos, na década de 1980. A força-tarefa especial Fugitive Investigative Strike Team, ou simplesmente FIST, foi criada para capturar centenas de fugitivos da lei, através de uma estratégia aparentemente simples: enviando-lhes ingressos grátis para um jogo de Futebol Americano. Mais precisamente, Washington Redskins vs. Cincinnati Bengals.
A missão foi bem sucedida, e também envolveu centenas de marechais, policiais e outros agentes da lei que se vestiram como recepcionistas, líderes de torcida, mascotes e funcionários do estádio. Todos eles tiveram que permanecer no personagem. O que não só foi eficaz, como, pelo menos para Shyamalan, também se mostrou uma premissa extremamente divertida: ‘Foi hilário’, ele disse à Empire.
Uma das principais táticas da FIST era, essencialmente, enganar os fugitivos pelo correio. Panfletos eram enviados, assegurando aos criminosos que eles haviam ganhado um prêmio maravilhoso. Quando viessem reivindicar, seriam presos. Uma iniciativa tão eficiente e simples, que se expandiu.
Em Buffalo, Nova York, foi dito aos fugitivos que eles ganharam um prêmio da loteria de US$ 10.000. Na cidade de Nova York, foi dito que eles tinham que pegar um ‘pacote valioso’. Já os condenados em Hartford, Connecticut, receberam a promessa de dois ingressos grátis para assistir a um show. Ao todo, a operação policial capturou 3.309 criminosos de forma generalizada.
No entanto, foi a Operação Flagship - com a promessa de ingressos para o jogo Redskins/Bengals de 1985 - que resultou no maior número concentrado de prisões. Segundo o Slash Film, 101 pessoas ao todo. O que pode ser considerado a maior prisão em massa da história dos Estados Unidos”.
Foi em cima dessa ideia que foi criado o roteiro.
O que disse a crítica: Aline Pereira do site AdoroCinema avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Disse: “Penso que o grande deslize é o final ultra expositivo. A história começa cheia de fôlego ao preparar um suspense atraente, mas à medida que avança tudo fica demais. Em um esquema um pouco ‘Scooby Doo’, as explicações e discursos vêm detalhadamente, tudo é exposto de uma forma didática que não conversa com o ritmo que vinha sendo colocado até então. A sensação é de que Shyamalan queria se certificar de que seu público entendesse todas as pequenas ironias, os segredos e muitos detalhes que já tinham ficado claros antes – bem antes. Em alguns momentos, essa escolha leva a pontos engraçados, mas, em geral, mais atrapalham do que ajudam”.
Pedro Strazza da Folha SP avaliou com 4 estrelas, ou seja, ótimo. Escreveu: “’Armadilha’ funciona porque tira o máximo de Josh Hartnett. A performance do ator é das melhores dos longas de Shyamalan, com uma expressividade digna da época do cinema mudo. As caras e bocas são essenciais à história, revelando aos poucos uma figura deformada que se esconde na simpatia. Nesses momentos, o público aos poucos vê nas gentilezas falsas do protagonista uma psicopatia em si. Uma manobra importante, se considerar que o filme se faz no cair de uma máscara”.
O que eu achei: Ver um filme do Shyamalan é sempre um tiro no escuro, pois às vezes ele dá uma super bola dentro - como em “O Sexto Sentido” (1999) - enquanto outras vezes ele vem com o que há de pior no cinema - como "O Último Mestre do Ar" (2010), por exemplo. Dei o play esperançosa, como sempre faço, mas o resultado foi um filme bem mediano. A história se passa no show de uma diva pop semelhante a Taylor Swift. No lugar da diva pop temos a personagem Lady Raven, interpretada por Saleka, filha de M. Night Shyamalan, uma musicista talentosa na vida real que, além de cantar, compôs a trilha sonora junto com o pai. Cooper, interpretado por Josh Hartnett, leva sua filha adolescente para ver o tal show, quando ele percebe uma movimentação estranha de policiais e descobre que foi armada uma cilada para pegarem um serial killer durante o evento. E é aí que começam os problemas do filme: Cooper sai em busca de informações e vai caindo tudo no colo dele, da forma mais inverossímil possível. O ritmo do filme é bom, você não tira os olhos da tela para ver onde isso vai dar, mas ao final você não sabe se ri ou se chora daquele didatismo exagerado com cada pequeno detalhe excessivamente explicado e uma série de coincidências difíceis de engolir. A primeira metade até oferece um cenário intrigante, mas a segunda metade cai em uma bobagem que vai fazer você revirar os olhos enquanto a história toma direções um tanto ridículas, terminando com aquele típico desfecho de que vai ter uma continuação. Mediano define.