
Comentário: Trata-se do filme número 75 da lista dos 100 Essenciais elaborada pela Revista Bravo! em 2007. A matéria diz “Da invasão de filmes orientais que se concentrou desde meados dos anos 1990, aqueles que trazem a assinatura de Wong Kar-Wai estão entre os que mais chamaram a atenção para o fenomenal cinema produzido nas três Chinas (a China continental, a ex-colônia inglesa Hong Kong e Taiwan). Distinto de muitos de seus colegas e ao mesmo tempo compartilhando com eles um gosto refinado pelo estetismo visual, os filmes de Wong também se destacam por um forte apelo emocional. Desde ‘Amores Expressos’ (1994), o diretor seduziu as plateias com sua visão romântica e ultra contemporânea dos desencontros amorosos. ‘Amor à Flor da Pele’ é o filme onde essa temática encontra uma forma que lhe encaixa à perfeição. Ambientada em 1962, a obra narra os encontros de um homem e uma mulher, ambos casados, que se conhecem num hotel quando seus respectivos parceiros estão longe. Entre os dois, tece-se uma teia de pequenos sentimentos, cumplicidade e erotismo sublimado, até que a história de amor esbarra nas convenções sociais e nunca chega a se efetivar. A nostalgia em tom amargo é reiterada pelo uso recorrente de duas canções na voz de Nat King Cole, ‘Aquellos Ojos Verdes’ e ‘Quizás, Quizás, Quizás’, que, por sua vez, repercutem os estados afetivos dos personagens. O passar do tempo capturado em suas mínimas modificações, uma das obsessões do diretor (fortemente influenciado pelos primeiros trabalhos do francês Alain Resnais), é tornado visível aqui sob a forma de uma troca incessante dos vestidos usados pela protagonista, num total de 46. O figurino segue sempre o mesmo modelo, mas o tecido das roupas nunca se repete de uma cena para outra. O perfeccionismo do diretor se reflete também no tempo que demorou para completar as filmagens: 15 meses. Em seu trabalho seguinte, ‘2046’ (2004), Wong recupera e desenvolve elementos de ‘Amor à Flor da Pele’, como o personagem do escritor e o número do seu quarto de hotel neste título anterior, numa espécie de retomada quase musical do tema. O filme, no Festival de Cannes de 2000, ganhou os prêmios de Melhor Ator (Tony Leung) e de Melhor Contribuição Técnica, para a fotografia assinada por Christopher Doyle, Pin Bing Lee e William Chang”.
O que eu achei: Continuando minha saga de ver todos os 100 filmes listados como essenciais pela Revista Bravo!, desta vez assisti “Amor à Flor da Pele” (2000) de Wong Kar-Wai, um diretor famoso e bastante cultuado de quem eu já havia assistido dois filmes - "2046 - Os Segredos do Amor" (2004) e "Cinzas do Passado Redux" (2008) – e, pasmem, eu não havia gostado de nenhum. Porém “Amor à Flor da Pele” foi uma grata surpresa. Não há o que apontar de problemas neste filme. A fotografia já famosa do diretor está lá em todo seu resplendor. A trilha sonora é um arraso pois além da incrível música tema composta por Umebayashi Shigeru, há diversos boleros cantados por Nat King Cole, elevando a potência melancólica da trama à enésima potência. Os figurinos são de uma elegância ímpar: a personagem principal troca de roupa 46 vezes, usando sempre o mesmo modelo de vestido, mas alternando o tecido e a estampa cada vez que ela entra em cena. A trama é de uma delicadeza atroz. Cada movimento, cada simples acontecimento, é filmado quase em câmera lenta, nos transportando para uma situação semelhante a uma flutuação. Foi um verdadeiro transe hipnótico ver esta pequena obra-prima restaurada em 4K. Aliás, mais do que ver, é um filme para se sentir. Simplesmente sensacional!
O que eu achei: Continuando minha saga de ver todos os 100 filmes listados como essenciais pela Revista Bravo!, desta vez assisti “Amor à Flor da Pele” (2000) de Wong Kar-Wai, um diretor famoso e bastante cultuado de quem eu já havia assistido dois filmes - "2046 - Os Segredos do Amor" (2004) e "Cinzas do Passado Redux" (2008) – e, pasmem, eu não havia gostado de nenhum. Porém “Amor à Flor da Pele” foi uma grata surpresa. Não há o que apontar de problemas neste filme. A fotografia já famosa do diretor está lá em todo seu resplendor. A trilha sonora é um arraso pois além da incrível música tema composta por Umebayashi Shigeru, há diversos boleros cantados por Nat King Cole, elevando a potência melancólica da trama à enésima potência. Os figurinos são de uma elegância ímpar: a personagem principal troca de roupa 46 vezes, usando sempre o mesmo modelo de vestido, mas alternando o tecido e a estampa cada vez que ela entra em cena. A trama é de uma delicadeza atroz. Cada movimento, cada simples acontecimento, é filmado quase em câmera lenta, nos transportando para uma situação semelhante a uma flutuação. Foi um verdadeiro transe hipnótico ver esta pequena obra-prima restaurada em 4K. Aliás, mais do que ver, é um filme para se sentir. Simplesmente sensacional!