13.1.25

“Um Estranho no Ninho” - Milos Forman (EUA, 1975)

Sinopse:
 
Randle Patrick McMurphy (Jack Nicholson), um prisioneiro, simula estar insano para não trabalhar e vai para uma instituição para doentes mentais. Lá estimula os internos a se revoltarem contra as rígidas normas impostas pela enfermeira-chefe Ratched (Louise Fletcher), mas não tem ideia do preço que irá pagar por desafiar uma clínica "especializada".
Comentário: Trata-se do filme número 74 da lista dos 100 essenciais elaborada pela Revista Bravo! em 2007. A matéria diz: “Apesar de ter perdido seus pais tragicamente no campo de concentração de Auschwitz, Milos Forman nunca abandonou o humor em seus filmes. Foi com graça que ele construiu sua filmografia na Tchecoslováquia, nos anos 1960, em pleno movimento de renovação do cinema (a Nouvelle Vague deles). Desta fase, destacam-se pelo menos dois longas, ‘Os Amores de uma Loira’ (1965) e ‘Baile dos Bombeiros’ (1967), ambos sobre inquietações da juventude. Com a invasão soviética no país, em 1968, Forman partiu para os Estados Unidos. Lá, freou a estética mais arrojada que fazia na terra natal, mas manteve o olhar crítico sobre as instituições controladoras. Nessa pegada, alguns de seus filmes mais renomados são ‘Amadeus’ (1984) e ‘O Povo Contra Larry Flint’ (1996), que trazem homens lutando contra o conservadorismo do sistema. Neste aspecto, a prisão-manicômio de ‘Um Estranho no Ninho’ é um campo mais sombrio. Um espaço fértil para Forman, mas sobretudo pela excelência de Jack Nicholson, ator perfeito para as inserções cômicas. Ele é Randle McMurphy, detido por se envolver com uma menor. Para se livrar da pena, consegue convencer a polícia de que está maluco. Ao ser internado num manicômio, percebe que a maioria dos internos é mais desajustada socialmente que doente mental. Bem ao estilo do diretor, ele desafiará as regras, representada, no caso, pela enfermeira-chefe Mildred (Louise Fletcher). O hospital psiquiátrico, palco para o humor de Nicholson, será também a representação do horror, algo que o filme mostra numa montagem que se faz mais dinâmica, mais brutal. O realismo com o qual Forman constrói seu filme (ele chegou a usar deficientes mentais como figurantes) e sua direção de atores renderam resultados no Oscar de 1976. Nicholson, cuja atuação foi elogiada pela norte-americana Pauline Kael, crítica de cinema bem resistente ao trabalho ‘exagerado’ desse artista, ganhou sua estatueta, assim como Louise Fletcher. A Academia ainda deu os prêmios de Melhor Filme, Direção e Roteiro Adaptado (da obra homônima de Ken Kesey, que levou para o texto parte de sua experiência quando trabalhava num hospital psiquiátrico)”.
O que eu achei: Prosseguindo na minha saga de assistir os 100 Filmes Essenciais que constam da lista elaborada pela Revista Bravo! em 2007, ontem revi “Um Estranho no Ninho”, um filme de 1975 com direção do Milos Forman. O filme é impressionante. Foi inspirado num livro escrito por Ken Kesey, um homem que de fato trabalhou num hospital psiquiátrico e conhecia aquilo tudo de perto. O Jack Nicholson, que dispensa apresentações, está excelente no papel e a atriz Louise Fletcher - Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante - não fica atrás performando como a Enfermeira Ratched, uma mulher de uma frieza absoluta, que chega a não parecer humana. Essa personagem e a forma como a atriz deu vida a ela foram tão potentes que chegaram a inspirar uma série que leva seu nome como título: “Ratched”. Criada em 2020 por Ryan Murphy e Evan Romansky, a história se passa antes dos acontecimentos do filme, focando na história pregressa dela. Vi a primeira temporada que conta com 8 episódios, onde reviram o passado dela mostrando-a muito mais perversa do que poderíamos imaginar. Para completar o elenco, dentre os internos estão atores como Danny DeVito, Sydney Lassick, Christopher Lloyd (o Doc, da Trilogia “De Volta Para o Futuro”) e o então estreante Brad Dourif. O filme marcou os anos 70, não envelheceu e continua sendo considerado um dos melhores filmes da história. Venceu quatro das nove categorias indicadas ao Oscar, seis premiações no Globo de Ouro e outras seis no BAFTA. Não morra sem ver.