Sinopse: O pescador Jonas Persson (Max von Sydow) fica perturbado ao ler nos jornais que a China pretende desenvolver a bomba atômica. Ele decide ir buscar conforto na igreja, mas o pastor Tomas Ericsson (Gunnar Björnstrand) não consegue ajudá-lo, já que passa por uma severa crise de fé. Nem mesmo o amor da professora Märta Lundberg (Ingrid Thulin) consegue livrá-lo desse tormento.
Comentário: Ingmar Bergman (1918-2007) foi um famoso diretor sueco cuja produção rendeu mais de 60 filmes e documentários para cinema e TV e mais de 170 peças para o teatro. “Luz de Inverno” (1963) é 19º filme que vejo dele.
O enredo foi inspirado por três referências: a “Sinfonia dos Salmos” de Stravinsky; um relato ouvido por Bergman de um reverendo sobre um homem que lhe foi pedir ajuda e depois acabou se suicidando e pelo filme “Diário de Um Pároco de Aldeia” dirigido por Robert Bresson em 1951.
Miguel Forlin do Estadão nos diz que na trama “Tomas se ressente de um Deus silencioso e não consegue amar ou encontrar conforto no amor depois que a esposa faleceu; a professora interpretada por Ingrid Thulin (Märta) vê os seus avanços românticos serem constantemente rejeitados; o personagem de Max Von Sydow (Jonas) se desespera diante da iminência de uma guerra nuclear e a esposa vivida por Gunnel Lindblom (Karen) se preocupa com o niilismo [ou seja, com a indiferença à vida] que tomou conta do marido.
O enredo foi inspirado por três referências: a “Sinfonia dos Salmos” de Stravinsky; um relato ouvido por Bergman de um reverendo sobre um homem que lhe foi pedir ajuda e depois acabou se suicidando e pelo filme “Diário de Um Pároco de Aldeia” dirigido por Robert Bresson em 1951.
Miguel Forlin do Estadão nos diz que na trama “Tomas se ressente de um Deus silencioso e não consegue amar ou encontrar conforto no amor depois que a esposa faleceu; a professora interpretada por Ingrid Thulin (Märta) vê os seus avanços românticos serem constantemente rejeitados; o personagem de Max Von Sydow (Jonas) se desespera diante da iminência de uma guerra nuclear e a esposa vivida por Gunnel Lindblom (Karen) se preocupa com o niilismo [ou seja, com a indiferença à vida] que tomou conta do marido.
Ademais, Bergman sempre mostra um domínio técnico na hora de nos fornecer informações sobre as suas criaturas. A cena em que o pastor e a personagem de Thulin expõem os seus verdadeiros sentimentos, ao se passar numa escola, ressalta a maturidade da mulher (confirmando, assim, o seu papel de professora) e a infantilidade do protagonista. Já no momento em que Tomas lê a carta de Märta, o close-up e a quebra da quarta parede caracterizam um instante sincero em que a personagem feminina desnuda a intimidade de sua alma”.
Segundo ele, “É bastante comum ouvir, por exemplo, que o longa trata de questões como a fé, o amor, a paranoia nuclear, a irreligiosidade do mundo moderno etc. Mas, apesar de todos esses assuntos serem evidentemente discutidos, o que realmente parece estar em jogo é a capacidade humana de superar adversidades. Aliás, numa sumarização simples, pode até se dizer que o filme conta a história de um pastor indeciso sobre realizar ou não a próxima missa. Embora soe superficial, essa descrição é capaz de resumir a essência da obra. Durante 81 minutos, os quatro personagens principais têm de fazer escolhas. Bergman não nega os seus conflitos internos, muito menos a ideia de que dúvidas e situações angustiantes são partes estruturantes da realidade. No entanto, como agir diante dos problemas é a pergunta que se delineia nos momentos mais fortes de ‘Luz de Inverno’. São sempre duas opções que se colocam à frente: o desespero ou a aceitação”.
“Luz de Inverno” foi a primeira produção do diretor Ingmar Bergman após ele vencer o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com “Através de Um Espelho” (1961). É considerado o segundo filme da chamada “Trilogia do Silêncio”, também conhecida como “Trilogia da Fé”, que termina com “O Silêncio” (1963). Em comum, estes dramas abrangem questões como crise existencial, amor, religião e morte.
O que disse a crítica: Adriana Androvandi do site Papo de Cinema avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Escreveu: “A crise existencial é (...) o cerne deste filme, do início ao fim. ‘Luz de Inverno’ levanta questões como o sentido de existir, já que tudo pode se esboroar [reduzir-se a pó, desfazer-se] com uma bomba a qualquer momento - o que era factível com a guerra -, e se vale a pena viver sem o grande amor ao lado. Embora se declarasse ateu, Bergman debatia questões da fé. Talvez a sua criação, com princípios religiosos, visto que seu pai era um pastor luterano, tenha gerado as variações deste mesmo tema ao longo de sua filmografia. Para os padrões do século XXI, o filme é lento e triste. Mas não se pode negar que ele convida à reflexão”.
Luiz Santiago do site Plano Crítico avaliou com 5 estrelas, ou seja, obra-prima. Disse: “Em ‘Luz de Inverno’, Bergman cria as condições para que os insetos se soltem da teia do Deus-Aranha e encontrem, talvez ainda dentro da religião, um lugar onde apenas Deus exista, e com ele, a liberdade, a esperança e a leveza que fará com que um culto seja celebrado mesmo sem uma real comunidade para assistir. Um novo começo. Um estágio onde as coisas são feitas por prazer e comunhão com o divino, não por uma obrigação ou medo de tormentos na Terra ou em outro plano”.
O que eu achei: Joguei no tradutor do Google o título original deste filme - “Nattvardsgästerna” - e o resultado foi “Os Convidados da Comunhão”. Interessante como raramente um título alterado para o filme circular no Brasil funciona. Desta vez, aliás, ele me pareceu consideravelmente melhor que o original, pois “Luz de Inverno” é uma luz fraca que não aquece ninguém, especialmente no inverno europeu. Essa metáfora diz muito sobre o que virá pela frente já que a trama gira em torno de um pastor que exerce seu trabalho não por vocação, mas sim para se sentir útil após a morte da esposa que o deixou meio sem rumo. Ele não acredita em Deus. Então bastou o pescador Jonas se ver deprimido e com pensamentos suicidas ao descobrir que o mundo poderá ser destruído por uma bomba atômica, para o clérigo simplesmente despejar em cima dele todas as suas angústias existenciais, não ajudando em nada o fiel frequentador da igreja que o procurava para uma palavra de fé. Märta é outra que vai frequentemente à igreja. Ela também não acredita em Deus, mas está apaixonada pelo pastor e gostaria de se casar com o viúvo. Mas o pastor a rejeita e a humilha, desencantado com a vida ele não tem a menor empatia com a mulher. Todo o filme gira basicamente em torno desses três personagens, todos não à toa com nomes bíblicos, vivendo suas angústias teológicas, amorosas ou geopolíticas completamente esvaziadas do sentido de Deus. É um filme P&B curto (81 minutos), que possui um roteiro seco, lento, duro e extremamente triste. Então, apesar de bom, não me parece nada recomendável para quem sofre de depressão ou mesmo para quem busca um primeiro contato com a obra desse competente cineasta.
Segundo ele, “É bastante comum ouvir, por exemplo, que o longa trata de questões como a fé, o amor, a paranoia nuclear, a irreligiosidade do mundo moderno etc. Mas, apesar de todos esses assuntos serem evidentemente discutidos, o que realmente parece estar em jogo é a capacidade humana de superar adversidades. Aliás, numa sumarização simples, pode até se dizer que o filme conta a história de um pastor indeciso sobre realizar ou não a próxima missa. Embora soe superficial, essa descrição é capaz de resumir a essência da obra. Durante 81 minutos, os quatro personagens principais têm de fazer escolhas. Bergman não nega os seus conflitos internos, muito menos a ideia de que dúvidas e situações angustiantes são partes estruturantes da realidade. No entanto, como agir diante dos problemas é a pergunta que se delineia nos momentos mais fortes de ‘Luz de Inverno’. São sempre duas opções que se colocam à frente: o desespero ou a aceitação”.
“Luz de Inverno” foi a primeira produção do diretor Ingmar Bergman após ele vencer o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com “Através de Um Espelho” (1961). É considerado o segundo filme da chamada “Trilogia do Silêncio”, também conhecida como “Trilogia da Fé”, que termina com “O Silêncio” (1963). Em comum, estes dramas abrangem questões como crise existencial, amor, religião e morte.
O que disse a crítica: Adriana Androvandi do site Papo de Cinema avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Escreveu: “A crise existencial é (...) o cerne deste filme, do início ao fim. ‘Luz de Inverno’ levanta questões como o sentido de existir, já que tudo pode se esboroar [reduzir-se a pó, desfazer-se] com uma bomba a qualquer momento - o que era factível com a guerra -, e se vale a pena viver sem o grande amor ao lado. Embora se declarasse ateu, Bergman debatia questões da fé. Talvez a sua criação, com princípios religiosos, visto que seu pai era um pastor luterano, tenha gerado as variações deste mesmo tema ao longo de sua filmografia. Para os padrões do século XXI, o filme é lento e triste. Mas não se pode negar que ele convida à reflexão”.
Luiz Santiago do site Plano Crítico avaliou com 5 estrelas, ou seja, obra-prima. Disse: “Em ‘Luz de Inverno’, Bergman cria as condições para que os insetos se soltem da teia do Deus-Aranha e encontrem, talvez ainda dentro da religião, um lugar onde apenas Deus exista, e com ele, a liberdade, a esperança e a leveza que fará com que um culto seja celebrado mesmo sem uma real comunidade para assistir. Um novo começo. Um estágio onde as coisas são feitas por prazer e comunhão com o divino, não por uma obrigação ou medo de tormentos na Terra ou em outro plano”.
O que eu achei: Joguei no tradutor do Google o título original deste filme - “Nattvardsgästerna” - e o resultado foi “Os Convidados da Comunhão”. Interessante como raramente um título alterado para o filme circular no Brasil funciona. Desta vez, aliás, ele me pareceu consideravelmente melhor que o original, pois “Luz de Inverno” é uma luz fraca que não aquece ninguém, especialmente no inverno europeu. Essa metáfora diz muito sobre o que virá pela frente já que a trama gira em torno de um pastor que exerce seu trabalho não por vocação, mas sim para se sentir útil após a morte da esposa que o deixou meio sem rumo. Ele não acredita em Deus. Então bastou o pescador Jonas se ver deprimido e com pensamentos suicidas ao descobrir que o mundo poderá ser destruído por uma bomba atômica, para o clérigo simplesmente despejar em cima dele todas as suas angústias existenciais, não ajudando em nada o fiel frequentador da igreja que o procurava para uma palavra de fé. Märta é outra que vai frequentemente à igreja. Ela também não acredita em Deus, mas está apaixonada pelo pastor e gostaria de se casar com o viúvo. Mas o pastor a rejeita e a humilha, desencantado com a vida ele não tem a menor empatia com a mulher. Todo o filme gira basicamente em torno desses três personagens, todos não à toa com nomes bíblicos, vivendo suas angústias teológicas, amorosas ou geopolíticas completamente esvaziadas do sentido de Deus. É um filme P&B curto (81 minutos), que possui um roteiro seco, lento, duro e extremamente triste. Então, apesar de bom, não me parece nada recomendável para quem sofre de depressão ou mesmo para quem busca um primeiro contato com a obra desse competente cineasta.