
Comentário: Sam Taylor-Johnson (1967) é uma cineasta e fotógrafa inglesa. Sua estreia como diretora de cinema aconteceu com “O Garoto de Liverpool” (2009), um filme baseado nas experiências infantis do compositor e cantor dos Beatles, John Lennon. Ela dirigiu também “Cinquenta Tons de Cinza” (2015) e “A Million Little Pieces” (2018). “Back to Black” (2024) é o primeiro filme que vejo dela.
Amy Jade Winehouse (1983-2011) foi uma cantora, compositora e multi-instrumentista britânica. Ela ficou conhecida por seu poderoso e profundo contralto vocal e por sua mistura eclética de gêneros musicais, incluindo soul, jazz, R&B e ritmos caribenhos, como o ska. Oriunda de uma família com forte tradição musical ligada ao jazz, Winehouse ingressou na carreira artística ainda na adolescência, apresentando-se em pequenos clubes do gênero em Londres. A carreira decolou e ela alcançou fama internacional. Uma pena que sua vida foi tão curta. Ela faleceu em 2011, aos 27 anos, em decorrência de uma intoxicação por álcool.
O título do filme “Back to Black” foi extraído do título do segundo - e último - álbum de estúdio da cantora, lançado em 2006. É o nome também de uma das faixas do disco, a mais popular da cantora britânica no Spotify.
Célio Silva do G1 nos conta que “O filme mostra como Amy (Marisa Abela) começou a se destacar com suas performances em clubes de jazz em Londres, sempre apoiada pelo pai, Mitchell "Mitch" Winehouse (Eddie Marsan) e pela mãe (Lesley Manville). Com o seu sucesso, não demora muito para que produtores musicais queiram fazer com que Amy se torne uma grande estrela mundial da música.
Só que a vida de Amy muda quando ela conhece Blake Fielder-Civil (Jack O'Connell) e se apaixona perdidamente por ele. A relação conturbada entre os dois, com direito a declarações inflamadas de amor e brigas violentas, inspira a cantora a compor algumas de suas canções mais famosas, que fazem parte do consagrado álbum que dá título ao filme. Por causa do romance com Blake, Amy começa a beber cada vez mais, se envolve com drogas pesadas e entra numa espiral autodestrutiva. Ao mesmo tempo, ela se torna cada vez mais famosa mundialmente e vê sua privacidade desaparecer com a constante perseguição dos paparazzi, o que não melhora em nada a sua situação”.
Gabriela Caputo do Estadão nos conta que o filme gira basicamente em torno desse romance turbulento. As letras de suas músicas serviram como principal fonte de inspiração para a produção. Ela diz: o resultado “soturno e melancólico, (...) fala sobre o luto que acompanha o fim de um relacionamento. Amy revela um coração partido, versando sobre um homem que a abandona e volta para a ex, como se a paixão avassaladora entre eles nunca tivesse acontecido. Ela, por outro lado, fica destruída, na escuridão, presa à memória do que costumavam ser”.
De fato, se observarmos a letra da música “Back to Black”, ela é justamente sobre esse término. Aliás, não só esta faixa, mas diversas outras do álbum foram inspiradas no relacionamento dela com Blake Fielder-Civil. O próprio videoclipe de “Back to Black”, mostra um funeral em que ela assiste ao enterro do próprio coração.
Caputo nos conta que “os dois se conheceram em 2005 e tiveram um caso enquanto ele namorava outra mulher. Conforme revela a canção, o rompimento foi brusco, quando Fielder-Civil decidiu ficar com a então namorada em vez de assumir a relação com Amy”. Segundo um documentário feito em 2015 sobre a cantora “ele terminou a relação por mensagem de texto, enquanto estava de férias. O término acabou intensificando a depressão da cantora e seu vício em álcool e outras substâncias.
A música também menciona o consumo de drogas, em uma das metáforas sobre o amor contidas na letra. Na vida real, Fielder-Civil, também dependente químico, admitiu ter apresentado heroína à cantora e disse se sentir um dos culpados pela morte dela. Eles retomaram a relação um tempo depois, casaram-se em 2007 e se divorciaram dois anos mais tarde, em 2009”.
Entretanto a diretora Sam Taylor-Johnson esclarece que apesar de sua conturbada vida pessoal ter estado sob intenso escrutínio da imprensa e, apesar do seu relacionamento com o ex-marido ter sido assunto constante dos tabloides britânicos, “os paparazzi e o vício” são os vilões do filme, e não seu ex-marido. Esse ponto de vista difere completamente do documentário de Asif Kapadia feito em 2015, que trouxe entrevistas com familiares e amigos, de um certo modo culpando todos ali – incluindo pai e ex-marido - pela sua morte precoce.
O que disse a crítica: Isabela Ferro da Revista OGrito! Avaliou com 2 estrelas, algo como fraco ou ruim. Ela disse: “Assistir ‘Back to Black’ deixa a impressão de que o roteiro foi baseado em uma pesquisa superficial na internet sobre Amy Winehouse. Focando em pontos óbvios e pouco aprofundados, Sam Taylor-Johnson entrega uma obra rasa e, por vezes, desrespeitosa. É compreensível a tentativa de analisar os aspectos frágeis da vida de Amy, mas o resultado é uma narrativa fraca e falha. (...) O processo artístico de Amy, sua criatividade e seu legado musical são deixados em segundo plano. A cinebiografia, ao optar por um enfoque sensacionalista, perde a oportunidade de celebrar a verdadeira essência e contribuição de Amy Winehouse para a música”.
Mattheus Goto da Revista Veja também não gostou, avaliou com 2 estrelas. Escreveu: “Filme dirigido por Sam Taylor-Johnson não aborda responsabilidade do pai e do ex-marido da cantora em sua trajetória” e finaliza dizendo que “mesmo com uma boa performance de Marisa, o filme faz uma personalidade única parecer só mais um número da indústria”.
O que eu achei: O filme não cobre a vida inteira da cantora Amy Winehouse. Ele começa com ela já adolescente, com seus pais já divorciados, cantando absurdamente bem e chamando a atenção dos parentes e amigos por sua voz surreal. Logo ela consegue fazer uma primeira apresentação pública no pub Dublin Castle em Londres e daí pra frente é só sucesso, fazendo carreira internacional e abocanhando inúmeros prêmios importantes, até sua morte em 2011, aos 27 anos, por intoxicação por álcool. A atriz principal - Marisa Abela – se sai bem na caracterização da personagem. A princípio ela não pretendia cantar, mas apenas dublar a Amy. Entretanto, após uma preparação intensa para alcançar a voz da cantora, ela deu total conta do recado. Achei também bastante interessante saber da relação da cantora com a avó, Cynthia "Nan" Winehouse (interpretada por Lesley Manville), que também foi uma cantora de jazz talentosa e que foi uma grande amiga e confidente de Amy. Porém o filme opta por fazer um recorte da vida dela focando basicamente nos momentos ruins da cantora, salientando demais seus vícios e seu relacionamento conturbado com Blake Fielder-Civil, com quem ela chegou a se casar, mas deixando de lado o mais importante: toda a parte de criação das canções e de seu relacionamento tão fértil entre ela e os músicos de sua banda, que em momento nenhum é mostrado. Outra coisa cortada do filme diz respeito à parcela de responsabilidade do ex-marido e do pai na sua morte: o primeiro por ter apresentado a ela drogas pesadas como heroína e o segundo por ter sido negligente com a urgência dela ser internada e tratada, já que isso atrapalharia seu começo de carreira. Então entre acertos e tropeços, o resultado é um filme que fica ali entre o mediano e o bom. Dá pra ver, dá pra matar a saudade das músicas, mas deixa a desejar nesse recorte que tende ao sensacionalismo, que não mostra nada sobre seu processo criativo e inocenta quem efetivamente colaborou para sua derrocada. Atenção à trilha sonora criada por Nick Cave e Warren Ellis. Uma das canções – “Song For Amy” – é tocada enquanto sobem os créditos.
Amy Jade Winehouse (1983-2011) foi uma cantora, compositora e multi-instrumentista britânica. Ela ficou conhecida por seu poderoso e profundo contralto vocal e por sua mistura eclética de gêneros musicais, incluindo soul, jazz, R&B e ritmos caribenhos, como o ska. Oriunda de uma família com forte tradição musical ligada ao jazz, Winehouse ingressou na carreira artística ainda na adolescência, apresentando-se em pequenos clubes do gênero em Londres. A carreira decolou e ela alcançou fama internacional. Uma pena que sua vida foi tão curta. Ela faleceu em 2011, aos 27 anos, em decorrência de uma intoxicação por álcool.
O título do filme “Back to Black” foi extraído do título do segundo - e último - álbum de estúdio da cantora, lançado em 2006. É o nome também de uma das faixas do disco, a mais popular da cantora britânica no Spotify.
Célio Silva do G1 nos conta que “O filme mostra como Amy (Marisa Abela) começou a se destacar com suas performances em clubes de jazz em Londres, sempre apoiada pelo pai, Mitchell "Mitch" Winehouse (Eddie Marsan) e pela mãe (Lesley Manville). Com o seu sucesso, não demora muito para que produtores musicais queiram fazer com que Amy se torne uma grande estrela mundial da música.
Só que a vida de Amy muda quando ela conhece Blake Fielder-Civil (Jack O'Connell) e se apaixona perdidamente por ele. A relação conturbada entre os dois, com direito a declarações inflamadas de amor e brigas violentas, inspira a cantora a compor algumas de suas canções mais famosas, que fazem parte do consagrado álbum que dá título ao filme. Por causa do romance com Blake, Amy começa a beber cada vez mais, se envolve com drogas pesadas e entra numa espiral autodestrutiva. Ao mesmo tempo, ela se torna cada vez mais famosa mundialmente e vê sua privacidade desaparecer com a constante perseguição dos paparazzi, o que não melhora em nada a sua situação”.
Gabriela Caputo do Estadão nos conta que o filme gira basicamente em torno desse romance turbulento. As letras de suas músicas serviram como principal fonte de inspiração para a produção. Ela diz: o resultado “soturno e melancólico, (...) fala sobre o luto que acompanha o fim de um relacionamento. Amy revela um coração partido, versando sobre um homem que a abandona e volta para a ex, como se a paixão avassaladora entre eles nunca tivesse acontecido. Ela, por outro lado, fica destruída, na escuridão, presa à memória do que costumavam ser”.
De fato, se observarmos a letra da música “Back to Black”, ela é justamente sobre esse término. Aliás, não só esta faixa, mas diversas outras do álbum foram inspiradas no relacionamento dela com Blake Fielder-Civil. O próprio videoclipe de “Back to Black”, mostra um funeral em que ela assiste ao enterro do próprio coração.
Caputo nos conta que “os dois se conheceram em 2005 e tiveram um caso enquanto ele namorava outra mulher. Conforme revela a canção, o rompimento foi brusco, quando Fielder-Civil decidiu ficar com a então namorada em vez de assumir a relação com Amy”. Segundo um documentário feito em 2015 sobre a cantora “ele terminou a relação por mensagem de texto, enquanto estava de férias. O término acabou intensificando a depressão da cantora e seu vício em álcool e outras substâncias.
A música também menciona o consumo de drogas, em uma das metáforas sobre o amor contidas na letra. Na vida real, Fielder-Civil, também dependente químico, admitiu ter apresentado heroína à cantora e disse se sentir um dos culpados pela morte dela. Eles retomaram a relação um tempo depois, casaram-se em 2007 e se divorciaram dois anos mais tarde, em 2009”.
Entretanto a diretora Sam Taylor-Johnson esclarece que apesar de sua conturbada vida pessoal ter estado sob intenso escrutínio da imprensa e, apesar do seu relacionamento com o ex-marido ter sido assunto constante dos tabloides britânicos, “os paparazzi e o vício” são os vilões do filme, e não seu ex-marido. Esse ponto de vista difere completamente do documentário de Asif Kapadia feito em 2015, que trouxe entrevistas com familiares e amigos, de um certo modo culpando todos ali – incluindo pai e ex-marido - pela sua morte precoce.
O que disse a crítica: Isabela Ferro da Revista OGrito! Avaliou com 2 estrelas, algo como fraco ou ruim. Ela disse: “Assistir ‘Back to Black’ deixa a impressão de que o roteiro foi baseado em uma pesquisa superficial na internet sobre Amy Winehouse. Focando em pontos óbvios e pouco aprofundados, Sam Taylor-Johnson entrega uma obra rasa e, por vezes, desrespeitosa. É compreensível a tentativa de analisar os aspectos frágeis da vida de Amy, mas o resultado é uma narrativa fraca e falha. (...) O processo artístico de Amy, sua criatividade e seu legado musical são deixados em segundo plano. A cinebiografia, ao optar por um enfoque sensacionalista, perde a oportunidade de celebrar a verdadeira essência e contribuição de Amy Winehouse para a música”.
Mattheus Goto da Revista Veja também não gostou, avaliou com 2 estrelas. Escreveu: “Filme dirigido por Sam Taylor-Johnson não aborda responsabilidade do pai e do ex-marido da cantora em sua trajetória” e finaliza dizendo que “mesmo com uma boa performance de Marisa, o filme faz uma personalidade única parecer só mais um número da indústria”.
O que eu achei: O filme não cobre a vida inteira da cantora Amy Winehouse. Ele começa com ela já adolescente, com seus pais já divorciados, cantando absurdamente bem e chamando a atenção dos parentes e amigos por sua voz surreal. Logo ela consegue fazer uma primeira apresentação pública no pub Dublin Castle em Londres e daí pra frente é só sucesso, fazendo carreira internacional e abocanhando inúmeros prêmios importantes, até sua morte em 2011, aos 27 anos, por intoxicação por álcool. A atriz principal - Marisa Abela – se sai bem na caracterização da personagem. A princípio ela não pretendia cantar, mas apenas dublar a Amy. Entretanto, após uma preparação intensa para alcançar a voz da cantora, ela deu total conta do recado. Achei também bastante interessante saber da relação da cantora com a avó, Cynthia "Nan" Winehouse (interpretada por Lesley Manville), que também foi uma cantora de jazz talentosa e que foi uma grande amiga e confidente de Amy. Porém o filme opta por fazer um recorte da vida dela focando basicamente nos momentos ruins da cantora, salientando demais seus vícios e seu relacionamento conturbado com Blake Fielder-Civil, com quem ela chegou a se casar, mas deixando de lado o mais importante: toda a parte de criação das canções e de seu relacionamento tão fértil entre ela e os músicos de sua banda, que em momento nenhum é mostrado. Outra coisa cortada do filme diz respeito à parcela de responsabilidade do ex-marido e do pai na sua morte: o primeiro por ter apresentado a ela drogas pesadas como heroína e o segundo por ter sido negligente com a urgência dela ser internada e tratada, já que isso atrapalharia seu começo de carreira. Então entre acertos e tropeços, o resultado é um filme que fica ali entre o mediano e o bom. Dá pra ver, dá pra matar a saudade das músicas, mas deixa a desejar nesse recorte que tende ao sensacionalismo, que não mostra nada sobre seu processo criativo e inocenta quem efetivamente colaborou para sua derrocada. Atenção à trilha sonora criada por Nick Cave e Warren Ellis. Uma das canções – “Song For Amy” – é tocada enquanto sobem os créditos.