22.9.24

“O Teto” - Vittorio De Sica (Itália/França, 1956)

Sinopse:
Itália, anos 1950. Sob a lei provincial, ocupantes de edifícios construídos ilegalmente não podem ser despejados uma vez que um telhado seja construído. Na periferia de Roma, no meio da noite, os recém-casados Natale (Giorgio Listuzzi) e Luisa (Gabriella Pallotta) se apressam em construir um teto para que possam ter sua própria casa.
Comentário: Vittorio De Sica (1901-1974) foi um diretor e ator do cinema italiano. Assisti dele a obra-prima “Ladrões de Bicicletas” (1948), o ótimo “Humberto D” (1952) e o bom “Milagre em Milão” (1951). “O Teto” é o quarto filme que vejo dele.
João Monteiro do site Medium nos conta que “’Il Tetto’ (O Teto), lançado em 1956, é o décimo quarto filme do cineasta (...). Escrito pelo renomado Cesare Zavattini, colaborador de De Sica em obras como ‘Ladrões de Bicicletas’ (1948), ‘Milagre em Milão’ (1951) e ‘Umberto D’ (1952), ‘O Teto’ conta a história de Natale e Luisa Pilon, um jovem casal em busca de um lugar para morar. Recém casados, e encontrando-se numa situação delicada, Luisa e Natale apoiam-se em uma brecha da legislação italiana na época: contanto que a casa possua uma porta e um teto, ela não é considerada ilegal. (...)
A ideia para o filme caiu no colo de Zavattini. Em 1952, uma conversa com um casal de amigos chamou a atenção do roteirista. Casados há cerca de um ano e esperando um filho, os Zambons temiam não conseguir um teto para conceberem e criarem a criança. O marido compartilhou sua ideia com Zavattini - como ele conta em seu diário ‘Zavattini: Sequences From a Cinematic Life’, 1970 - sendo ela a mesma que Natale tem no longa. O que para nós soa como absurdo era, para a época, a rotina de uma Itália pós-fascismo”.
O filme foi apresentado na seleção oficial em competição no Festival de Cannes de 1956 onde recebeu o Prix de l'Office Catholique (OCIC). Ele também recebeu a Fita de Prata do Cinema Italiano de 1957 pelo roteiro.
O que disse a crítica: David Graham do site Eye For Film avaliou com 4 estrelas, ou seja, ótimo. Disse: “’O Teto’ casa a coragem neorrealista da obra mais conhecida de De Sica com a veia otimista mais ensolarada evidente em ‘Milagre em Milão’, sem nunca acrescentar o subtexto sociopolítico. É uma fascinante cápsula do tempo imbuída de uma tensão corrosiva que mantém o espectador completamente preso até o fim”.
André Bazin do site L'Obs também gostou. Disse: “Apesar das pequenas reservas que alguém possa ter se estiver com vontade de ser exigente, ‘O Teto’ é um filme admirável e, portanto, não deve ser desperdiçado”.
O que eu achei: Quem casa quer casa, mas como ter uma casa própria numa Itália pós Segunda Guerra Mundial com o rapaz sendo um aprendiz de pedreiro e a moça, grávida, desempregada. Se aproveitando de uma brecha na legislação que diz que uma vez que o telhado esteja pronto a casa não será resgatada como propriedade ilegal, eles começam uma corrida contra o tempo. Fotografia linda que pude apreciar ainda mais por conta da sorte de pegar uma cópia restaurada da película. Um filme que, apesar das agruras e sem se distanciar da realidade, consegue ser doce, leve e otimista. Não chega a ser uma obra-prima como “Ladrões de Bicicletas”, mas é um filme relevante, muito bem feito, que aborda um tema universal contado de forma honesta e sem truques supérfluos. Vale ver.