8.7.24

“Patton - Rebelde ou Herói?” - Franklin J. Schaffner (EUA, 1969)

Sinopse:
Norte da África, 1943. Patton (George C. Scott) assume o cargo de general do Exército americano e injeta disciplina nos seus subordinados. Na Segunda Guerra, preocupado com a batalha contra o Marechal Rommel (Karl Michael Vogler), Patton procura entendê-lo lendo o livro do próprio Rommel. Promovido, é enviado para a Itália, mas coloca o futuro de sua carreira em risco ao esbofetear um recruta que estava tendo um colapso nervoso. Este incidente o faz perder o comando do seu exército e, por extensão, ser excluído da invasão do "Dia D", além de ser forçado a pedir desculpas públicas pelo ocorrido.
Comentário: Trata-se do filme número 71 da lista de filmes essenciais elaborada pela Revista Bravo! em 2007. A matéria diz: “O primeiro plano deste filme de Franklin J. Schaffner impressiona: a bandeira dos Estados Unidos toma quase toda a dimensão da tela larga do cinemascope, e, no centro, surge o ator George C. Scott como o general George Patton. Ele declama um discurso brutal sobre a necessidade da guerra, incitando seus soldados à violência extrema e lembrando-lhes sobre a glória militar do país, ‘que jamais perdera uma guerra’. Uma imagem oficial, em princípio, mas com a juventude norte-americana sendo massacrada no Vietnã, em 1970, seu conteúdo era, na verdade, irônico e amargo. Como outras, essa superprodução apresentava a guerra em grandes tomadas espetaculares ao mesmo tempo em que detalha a carnificina. Trata-se de uma obra que não trai a convenção das biografias, mantendo-se fiel ao seu protagonista e preferindo os grandes acontecimentos, mas o discurso antibelicista do filme identifica-se com parte do espírito da época. Patton é apresentado em toda sua maluquice idealista, general que prefere sempre o campo de batalha ao trabalho burocrático. Sua monstruosidade - vista, por exemplo, numa cena inspirada em fato real quando ele esbofeteia um soldado num surto pós-combate, repreendendo a ‘covardia’ do infeliz - alterna com sua retidão, o que o torna uma vítima do sistema político militar, ou seja, o enquadra junto aos rebeldes. Essa complexidade psicológica do personagem, que pende entre o militarismo e o idealismo, é uma mágica assinada por Francis Ford Coppola, que contribuiu no roteiro, baseado em duas obras de militares, ‘Patton Ordeal and Triumph’, de Ladislas Farago, e ‘A Soldier's Story’, do coronel Omar Bradley, que acompanhou de perto a vida militar de Patton. Mas sem a atuação soberba de George C. Scott, que ganhou o Oscar de Melhor Ator em 1971, seria difícil o resultado deste filme de guerra que, no final, acaba se fazendo pacifista. O ator, contudo, recusou a estatueta, dizendo-se contrário a uma competição que os colocava, atores, em disputa. A produção recebeu de bom grado os outros nove prêmios naquele ano, incluindo Melhor Filme, Direção, Montagem, Fotografia, Roteiro, Som e Trilha Sonora”.
O que eu achei: Seguindo na minha meta de assistir os 100 filmes essenciais listados pela Revista Bravo! em 2007, desta vez assisti “Patton - Rebelde ou Herói?” (1969) de Franklin J. Schaffner. Embora a Revista Bravo! tenha dito em sua resenha que seu conteúdo era “irônico” ao retratar a monstruosidade do general George Patton no comando de suas tropas e que o filme possuía um “discurso antibelicista identificado com parte do espírito da época”, o que eu vi foi exatamente o oposto disso: o retrato que fazem de Patton foca mais em suas qualidades heroicas do que nos aspectos mais controversos de sua personalidade; o filme se concentra quase exclusivamente no ponto de vista americano, negligenciando a perspectiva dos soldados e comandantes inimigos e, para completar, a representação que fazem dos soldados alemães e de aliados é altamente estereotipada. Fica bem fácil entender por que “Patton” recebeu tantos Oscars: Melhor Filme, Direção, Montagem, Fotografia, Roteiro, Som e Trilha Sonora. Como se sabe americano adora uma biografia, em especial essas que mostram como eles são eficientes. Independentemente dos métodos que usam para combater os inimigos, tudo o que eles fazem sempre tem uma justificativa. Este ano (2024), por exemplo, quem ganhou Melhor Filme foi “Oppenheimer”, sobre o cientista que desenvolveu a bomba atômica. Mesmo com tantos filmes melhores na disputa, esse foi o grande vencedor que abocanhou 7 estatuetas. Então o tempo passa e os americanos continuam iguais. A única coisa boa nesse filme é ver a atuação impecável do ator George C. Scott no papel principal. Em nenhum momento você se lembra que quem está na tela não é o próprio general. Outra coisa bacana foi saber que ele ganhou o Oscar de Melhor Ator, mas recusou a estatueta dizendo-se contrário a uma competição que colocava atores em disputa, colocando-se do lado oposto ao discurso que o general faz no filme. O filme tem cores incríveis obtidas com câmeras Panavision, tem boas tomadas, bons atores e tudo mais, mas infelizmente a mensagem que passa deixa muito a desejar.