7.7.24

“O Assassino” - David Fincher (EUA, 2023)

Sinopse: Um assassino solitário, calculista e impiedoso (Michael Fassbender) é forçado a lidar com as consequências de um erro catastrófico cometido por ele durante um de seus serviços. Ele sempre conseguiu se manter livre de arrependimentos e com uma postura totalmente fria e metódica, mas agora que o incidente o colocou exatamente no centro de uma caçada internacional, o assassino começa a desconfiar de todos aqueles que estão ao seu redor - incluindo até mesmo os que o procuram para contratá-lo.
Comentário: David Fincher (1962) é um diretor e produtor de cinema norte-americano de quem já assisti 10 filmes. Vi os excelentes "Seven - Os Sete Crimes Capitais" (1995), "Zodíaco" (2007), "O Curioso Caso de Benjamin Button" (2008), "Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (2011), "Garota Exemplar" (2014) e "Mank" (2020). Vi também os bons “Vidas em Jogo” (1997), "Clube da Luta" (1999) e "A Rede Social" (2010) e o não tão interessante "Alien 3" (1992).
“O Assassino” é uma adaptação da graphic novel francesa homônima – “Le Tueur” no original - do autor Alexis Nolent, conhecido pelo pseudônimo Matz, e do artista Luc Jacamon. O personagem origina diversos livros que começaram a ser lançados pela dupla a partir de 1998.
Yasmin Altaras do site TechTudo nos conta que “A trama desse suspense noir segue um homem solitário e frio (Michael Fassbender) que atua como um assassino de aluguel livre de escrúpulos ou arrependimentos. No entanto, após quase morrer durante uma missão por conta de um erro com consequências desastrosas, o protagonista inesperadamente começa a desenvolver consciência de seus atos enquanto vai concluindo as ‘encomendas’ de seus clientes. É no meio dessa crise psicológica que o personagem terá de enfrentar seu último chefe em uma verdadeira caçada internacional por vingança.
Estrelado por Michael Fassbender no papel do personagem-título, outros grandes nomes integram o vasto elenco de ‘The Killer’. Tilda Swinton é um deles, interpretando A Especialista, a atriz brasileira Sophie Charlotte dá vida à Magdala, Monique Ganderton vive A Dominatrix, Kerry O'Malley aparece como intérprete de Dolores e Charles Parnell como O Advogado. Além disso, juntam-se ao time de atuação também Sala Baker no papel de O Bruto e Emiliano Pernía interpretando Marcus”.
Em entrevista concedida à Roberto Sadovski, colunista do Splash/UOL, Fincher disse que a equipe viajou para praticamente todos os lugares que aparecem no filme – começaram em Paris (por conta da graphic novel ser francesa), mas também foram para o Caribe, Nova Orleans, Flórida e Chicago. O roteirista Andrew Kevin Walker é o mesmo de “Seven - Os Sete Crimes Capitais” (1995).
Sobre a presença da atriz teuto-brasileira (ela nasceu em Hamburgo, na Alemanha) Sophie Charlotte no filme, Fincher declarou: “Ela mandou um teste em vídeo e as coisas se alinharam. Até porque a descrição da personagem não era fácil. A gente buscava alguém que fosse essa criatura incrivelmente adorável, que deveria ter sido protegida e que foi brutalmente atacada. Foi um processo delicado (...) e em sua primeira cena eu queria que parecesse que ela tinha lutado quinze rounds com o Jake LaMotta. (...) Eu vi no teste de Sophie alguém realmente deslumbrante, cativante e muito divertida. É uma coisa estranha pedir a uma atriz para ela passar duas horas em uma cadeira para podermos cobrir todo o seu rosto até ela ficar completamente irreconhecível. Sophie nunca hesitou - pelo contrário, ela ficou empolgada com a experiência”.
O que disse a crítica: Marcelo Hessel do site Omelete avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Para ele, a feitura do filme “não envolveu muito risco do ponto de vista criativo, porque Fincher aproveitou o apoio da Netflix para exercitar velhos músculos; especificamente, aqueles de ‘Clube da Luta’ (1999), em que Edward Norton também se mostra um narrador pouco confiável nos seus sofismas sobre consumismo, autoajuda e tudo-isso-que-está-aí. O fato de ‘O Assassino’ reunir Fincher com o roteirista de ‘Seven’ (1995), Andrew Kevin Walker, quase 30 anos depois, parece alinhado com esse resgate noventista, e no mais ‘O Assassino’ também revisita a aproximação com a misoginia que marca os thrillers do diretor”.
Aline Pereira do site Adoro Cinema avaliou com 4 estrelas, ou seja, muito bom. Escreveu: “Não importa quantas vezes o assassino repita seu mantra sobre não seguir o plano e ‘fazer apenas o que foi pago para fazer’, parece impossível estar atento a tudo em todo momento. Parece impossível, para um cérebro humano, cobrir todos os pontos cegos, acertar os batimentos cardíacos e a respiração como um relógio. Não dá. O fator humano é sempre passível de imprevistos, não existe método à prova de uma súbita mudança de ideia e nem de uma tomada de decisão que não passa nem perto de seguir qualquer lógica. Antecipar-se aos acontecimentos é sempre bom, mas o improviso é parte da natureza humana e provavelmente é uma das habilidades que nos trouxe vivos até aqui. E se, por um lado, ter um plano para seguir é o que oferece segurança, são os passos fora da linha que dão início a algumas grandes histórias. Foi o que aprendi com os filmes de David Fincher”.
O que eu achei: “O Assassino” não chega a ser um filme ruim, mas está bem aquém dos excelentes "Seven - Os Sete Crimes Capitais" (1995), "Zodíaco" (2007), "O Curioso Caso de Benjamin Button" (2008), "Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (2011), "Garota Exemplar" (2014) e "Mank" (2020). Talvez seja o filme mais convencional da carreira do David Fincher. Conta a história de um matador profissional que comete um erro - mata a pessoa errada - e acaba sendo caçado pelo erro que cometeu. A trama foi inspirada por uma graphic novel francesa dos anos 90 e a trilha sonora está recheada de músicas do The Smiths. Atenção à personagem Magdala, namorada do assassino. Trata-se de uma participação rápida interpretada pela teuto-brasileira Sophie Charlotte que está atualmente na novela da Globo “Renascer” e foi a protagonista do filme “Meu Nome é Gal” (2023). O resultado não é a última bolacha do pacote, mas dá pra ver.