16.7.24

“Fanny e Alexander” – Ingmar Bergman (Suécia/França/Alemanha Ocidental, 1982)

Sinopse:
A trama se concentra em dois irmãos e sua grande família em Uppsala, Suécia, durante a primeira década do século XX. Após a morte do pai (Allan Edwall) das crianças Fanny (Pernilla Allwin) e Alexander (Bertil Guve), sua mãe (Ewa Fröling) se casa novamente com um bispo proeminente (Jan Malmsjö) que se torna abusivo em relação a Alexander.
Comentário: Trata-se de um filme do diretor sueco Ingmar Bergman que teve duas versões: uma versão mais longa (312 minutos) feita especialmente para ser exibida como uma minissérie para a tv, e uma versão mais curta (188 minutos) feita para o cinema.
A história se passa na Suécia, no início do século XX. Fanny e Alexander, duas crianças de uma família burguesa, têm suas vidas alteradas radicalmente quando o pai morre e, pouco tempo depois, a mãe se casa com o bispo da cidade, um homem rigoroso e cruel.
O site Wikipédia nos conta tratar-se de um filme bastante pessoal baseado na infância infeliz do próprio diretor e da irmã Margareta, com muitos atritos com o rígido pai pastor luterano. Dizem que a atriz Liv Ullmann e o ator Max von Sydow foram considerados para os papéis de Emilie e do Bispo Vergerus, mas a atriz não conseguiu se livrar de outros compromissos e Sydow não recebeu o convite, aparentemente por falha de seu empresário americano. Bergman recrutou então os novatos Ewa Fröling e Jan Malmsjö, este mais conhecido na Suécia como um talentoso cantor e dançarino mas que também atua em peças de teatro e no cinema.
Na versão minissérie a trama foi dividida da seguinte maneira:
- Episódio 1
Prólogo – 1º Ato – A Família Ekdahl Celebra o Natal
- Episódio 2
2º Ato – O Ensaio Fantasma
3º Ato - Quebra
- Episódio 3
4º Ato – Eventos do Verão
- Episódio 4
5º Ato – Demônios
Epílogo
O filme ganhou vários prêmios. No Oscar levou nas categorias de Melhor Filme Estrangeiro, melhor Fotografia, Figurino e Direção de Arte. No Globo de Ouro venceu na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Levou também o BAFTA de Melhor Fotografia, o César de Melhor Filme Estrangeiro e no Festival de Veneza venceu o Prémio FIPRESCI.
O que eu achei: Assisti a minissérie em quatro episódios que valeu cada minuto. Bergman conta a saga da família Ekdahl, sem se deixar levar pelo apelo fácil que a TV normalmente exige de seus produtos. Os trajes, as atitudes, a forma de se relacionar organizam um retrato da vida sueca do início do século XX, mas como a ênfase dos acontecimentos recai sobre duas crianças, em especial sobre o filho mais velho Alexander, o ponto de vista da realidade acaba mesclado com uma boa dose de fantasia. Achei interessante saber que a história contada tem muito da vida pessoal do Bergman que era filho de um rígido pastor luterano. O ateísmo do menino Alexander reflete bastante esse lado do diretor que questiona Deus o tempo todo. Pesquisando se os dois atores mirins teriam seguido carreira em cinema ou teatro, descobri que não. Bertil Guve (Alexander) tem hoje 54 anos e é engenheiro civil e sobre a menina Pernilla Allwin (Fanny) consta que além deste filme ela só apareceu, ainda em 1982, em um outro telefilme sueco. A minissérie é considerada por muitos uma obra-prima do diretor.