12.12.23

“Crimes e Pecados” - Woody Allen (EUA, 1989)

Sinopse:
 Duas histórias seguem paralelamente. Na primeira um oftalmologista de sucesso (Martin Landau) se depara com o fim do seu casamento e da carreira, pois sua amante (Anjelica Huston), cansada da situação, ameaça revelar o caso e também os atos ilícitos cometidos por ele. Ele decide, então, mandar matá-la. Na outra história, um produtor de documentários casado (Woody Allen) ama outra mulher (Mia Farrow) que, no entanto, prefere um outro produtor (Alan Alda). Na cena final as histórias se encontram.
Comentário: Trata-se do filme número 67 da lista dos 100 Essenciais elaborada pela Revista Bravo! em 2007. A matéria diz “Fanático por Ingmar Bergman, Woody Allen sempre sonhou em fazer dramas profundos na linha do cineasta sueco. A primeira tentativa, não muito convincente, foi com ‘Interiores’ (1978), em que deixava de lado a ironia predominante em seus trabalhos anteriores. No final da década de 1980, o diretor voltou a se arriscar em territórios bergmanianos e os resultados foram os fracos ‘Setembro’ (1987) e ‘A Outra’ (1988). Mas com ‘Crimes e Pecados’ ele acertou no tom: a mistura de drama e humor, em histórias alternadas. De um lado, o correto oftalmologista Judah Rosenthal (Martin Landau) se vê na obrigação de pedir ao próprio irmão que mate sua amante de longa data, Dolores (Anjelica Huston). De outro, Cliff Stern (Allen), um cineasta fracassado obrigado a dirigir um documentário sobre seu cunhado famoso e egocêntrico, Lester (Alan Alda), apaixona-se por uma produtora (Mia Farrow), que se envolve com o tal cunhado. O dilema de Judah Rosenthal, após o assassinato da amante, ganha traços filosóficos e existencialistas, com clara influência de ‘Crime e Castigo’, de Fiódor Dostoiévski. Como Raskolnikov, Rosenthal se questiona onde está Deus, que não o puniu pelo crime brutal que cometeu. Allen é até mais pessimista que o romancista russo, que oferece o arrependimento e a redenção a seu herói. Judah, em seu desencantado monólogo final, chega à conclusão de que o importante é continuar a viver, deixando de lado a culpa. A visão ateia e humanista do filme se completa com a percepção de mundo do professor Levy, sobre quem o personagem de Woody Allen planeja fazer um documentário. "Somos feitos das nossas escolhas morais, independentes de Deus", diz ele. Esse lado sombrio é contraposto com o bom humor da trama paralela. Seu personagem é cheio das sacadas típicas do diretor - ‘A última vez que estive dentro de uma mulher foi quando estive na Estátua da Liberdade’. E sempre que Alan Alda entra em cena é garantia de gargalhadas. Seu Lester é um dos personagens mais completos que Allen já escreveu. Maduro e amargo, ‘Crimes e Pecados’ foi indicado a três Oscar, mas não levou nenhum. Allen revisitou, com sucesso, temas semelhantes no recente ‘Match Point’ (2005)”.
O que eu achei: Seguindo na minha saga de assistir todos os 100 filmes essenciais que a Revista Bravo! elegeu em 2007, desta vez vi “Crimes e Pecados” (1989) do Woody Allen. O filme é muito bom, mistura um drama cheio de filosofia, que reflete sobre a existência e a moral, com o humor característico do diretor. Talvez um dos melhores que ele já fez. Com certeza, vale ver.