7.9.23

“Master Gardener” - Paul Schrader (EUA, 2022)

Sinopse:
 
Narvel Roth (Joel Edgerton) é o meticuloso horticultor de Gracewood Gardens, uma bela propriedade pertencente à rica viúva Sra. Haverhill (Sigourney Weaver). Quando ela ordena que Roth assuma sua problemática sobrinha-neta Maya (Quintessa Swindell) como sua aprendiz, sua vida é jogada no caos e segredos obscuros de seu passado emergem.
Comentário: Paul Schrader é um diretor americano de quem já assisti ao excelente “Fé Corrompida” (2017) e ao mediano “O Contador de Cartas” (2021). Ambos os filmes possuem um ingrediente comum que são os protagonistas homens com seus passados sombrios. No primeiro é um padre, no segundo é um hábil jogador de cartas. “Master Gardener” tem como protagonista um jardineiro chamado Narvel Roth (Joel Edgerton). Ele é o meticuloso horticultor dos Jardins Gracewood. Ele é tão dedicado a cuidar dos terrenos desta bela e histórica propriedade como a bajular a sua patroa, a viúva rica Sra. Haverhill (Sigourney Weaver). Certo dia a Sra. Haverhill exige que ele assuma a sua rebelde e problemática sobrinha-neta Maya (Quintessa Swindell) como uma nova aprendiz. O caos então entra na existência espartana de Narvel, desvendando segredos sombrios de um passado violento enterrado que ameaça a todos. Pedro C. Rosa da revista Magazine HD nos conta que “a escolha do elenco teve um início atribulado. À exceção da escolha do ator principal Joel Edgerton, em quem Schrader viu ‘uma figura tipo Bob Mitchum’, todos os outros sofreram alterações. Para o papel de Norma Haverhill, inicialmente tivera pensado em Glenn Close, antes da escolha da nomeada ao Oscar Sigourney Weaver, enquanto para o personagem de Maya era Zendaya a escolha inicial. Paul Schrader finaliza a sua mais recente trilogia, juntamente com ‘Fé Corrompida’ e ‘O Contador de Cartas’. Após décadas na indústria a escrever os roteiros de ‘Taxi Driver’ e ‘A Última Tentação de Cristo’, foram os seus últimos esforços que atraíram mais a atenção da Academia”.
O que disse a crítica: Camila Henriques do Cineset avaliou como mediano. Disse: “Estava em dúvida se iria ou não escrever sobre ‘Master Gardener’ (...). A experiência das quase duas horas foi bem intensa e desconfortável para mim, e não falo daquele desconforto que nos deixa na ponta da cadeira, mas sim um incômodo que já caracteriza a obra do cineasta, que vaga entre o íntimo e o soturno desde os anos 1970. Quando se coloca este novo filme na balança junto a ‘Fé Corrompida’ e ‘O Contador de Cartas’, os outros títulos dessa trilogia informal que o cineasta construiu sobre homens solitários, o sabor amargo que ‘Master Gardener’ deixa é aquele de um desfecho que não chega à altura de seus antecessores”.
Glenn Kenny do site Roger Ebert gostou. Escreveu: “Todas as performances aqui são notáveis. Swindell minimiza perfeitamente a raiva e a vulnerabilidade de sua personagem. Edgerton está contido de forma semelhante; como Al Pacino, ele é um ótimo ator visual e, às vezes, quando olha para baixo, há uma escuridão em seu olhar que combina com o personagem de uma forma assustadora. (...) A performance de Sigourney Weaver [está] do tipo que você nunca viu antes. Ela é magistral em sua formalidade; seja em resposta à orientação de Schrader ou a algo que ela inventou por conta própria, sua atuação aqui é quase bressoniana, parecendo evitar noções convencionais de expressividade, mas ainda transmitindo uma gama dinâmica de emoções. (...) Apesar de seu teor geral de quietude (...) ‘Master Gardener’ é, entre outras coisas, um filme terrivelmente emocional. Será um spoiler revelar aqui uma certa mudança para o otimismo, indo ainda além da premissa de que as pessoas SÃO capazes de mudanças construtivas? Sim, aqui, esse otimismo anda de mãos dadas com uma espécie de realização de desejo cis-het-masculino, mas e daí? Deixe Schrader ser Schrader. Ele é um grande artista. Ele conquistou suas prerrogativas e este trabalho aqui está de acordo com o alto padrão que ele estabeleceu para si mesmo ao longo da última década”.
O que eu achei: Como se trata da história de um jardineiro, a metáfora feita com o trabalho de arrancar ervas-daninhas do meio das plantas boas representa as suas atitudes como homem. Seu passado, com um envolvimento com o nazismo, o compromete, mas atualmente ele trabalha num luxuoso jardim de propriedade da Sra. Haverhill (Sigourney Weaver). Ela morando na casa grande e ele, numa casinha feita especialmente para o jardineiro, ou seja, na senzala, obviamente. Quando a sobrinha dela chega é que a trama se complica, mas o ritmo lento demais e a monotonia dos acontecimentos torna tudo menos interessante. Então, além da boa fotografia, não vi nenhuma outra grande qualidade no trabalho. A mensagem que o filme traz também é muito questionável pois se há um otimismo na forma como o filme termina, há também a ideia de que levar uma vida honesta para esse macho ex-nazista redimido signifique se casar com uma mulher bem mais jovem que ele e constituir família. Existe ideia mais fora de moda do que essa? Ao final, para completar o pacote, há o encerramento com uma música melosa e bem piegas.