
Comentário: Segundo a revista Far Out Magazine do Reino Unido, o “diretor e corroteirista, Dan Mirvish, é um homem com créditos na maioria das áreas do cinema, da cinematografia à edição de filmes, ele é conhecido por seu amor pela excentricidade do cinema. Defensor de longa data do cinema independente marginal, ele é cofundador do anual Slamdance Film Festival, uma vitrine para o cinema inconformista, criado depois que Mirvish descobriu que seu próprio trabalho era rotineiramente rejeitado pelos principais festivais de cinema. Mirvish ficou conhecido por seu trabalho excêntrico, e sua última produção não é exceção”. A história é inspirada pela situação política dos EUA dos anos 70. Vale lembrar que em 1972 ocorreu, no país, o chamado “caso Watergate”, um escândalo político cujas investigações culminaram com a renúncia, em agosto de 1974, do presidente americano Richard Nixon, do Partido Republicano. Watergate é um caso paradigmático de corrupção que levou ao indiciamento de 69 pessoas, com 48 delas, a maioria oficiais do governo Nixon, sendo condenadas pela justiça. Ocorre que um ex-secretário presidencial chamado Alexander Butterfield, revelou em seu depoimento que Nixon gravava todas as conversações e chamadas telefônicas em seu gabinete. O tribunal, obviamente, solicitou essas gravações que Nixon, a princípio, recusou-se a entregar. Posteriormente, foi descoberto um trecho de 18 minutos e meio de silêncio absoluto em uma dessas fitas, cujo conteúdo nunca foi recuperado. O filme, que é totalmente ficcional, parte da premissa de que esse conteúdo de 18 minutos e meio teria sido encontrado por uma transcritora da Casa Branca. A jovem tinha como trabalho digitar cópias impressas de fitas de reuniões do governo e, ao se deparar com o tal conteúdo desaparecido, resolve, de livre e espontânea vontade, entregar essa fala incriminatória para um jornalista do New York Times.
O que disse a crítica: Cath Clarke do The Guardian achou o filme bom. Escreveu: “Outro diretor teria interpretado essa história como um thriller, mas Mirvish nos oferece uma comédia excêntrica e descontraída que se desenrola - agradável o suficiente, mas corre o risco de se tornar esquecível”.
Rodrigo Pereira do site Plano Crítico achou muito bom. Disse: “Apesar do terceiro ato não seguir a qualidade do resto da obra, com o clímax apresentando uma batalha quase que amadora em determinados momentos, ‘18½’ é uma ideia bastante interessante e, no geral, bem executada sobre uma peça do quebra-cabeça do caso Watergate perdida até os dias atuais. A boa direção somada às ótimas atuações, principalmente do quarteto Willa Fitzgerald, John Magaro, Vondie Curtis-Hall e Catherine Curtin, entregam um suspense de qualidade que, caso não esteja enganado, possui uma abordagem inédita acerca do caso”.
O que eu achei: A sinopse faz você imaginar que o que virá pela frente é um filme sério, mas o que se apresenta é uma comédia não tão engraçada. A ideia de alguém surgir com os 18 minutos e meio de gravação entregando tudo o que foi dito naquele intervalo faz a gente pensar em tantas possibilidades de desfechos, que o que acaba sendo entregue fica muito aquém do que poderia ter sido. É como se uma excelente ideia tivesse sido desperdiçada. Os atores principais são bons, os secundários são bem extravagantes, mas os poucos 88 minutos de filme custam a passar. Caso ainda assim vá ver, vale prestar atenção à trilha sonora original do compositor dominicano Luis Guerra.