Sinopse: Dublin 1935. Em troca de dinheiro, Gypo (Victor McLaglen) entrega seu melhor amigo Frankie MacPhillip (Wallace Ford). Além de ver seu amigo ser morto, Gypo passa a ser perseguido pelo IRA.
Comentário: Segundo Rubens Ewald Filho, do UOL Cinema, "obra-prima de John Ford (1894-1973), pela qual ele ganharia seu primeiro Oscar de direção. Influenciado pelo cinema alemão, em especial por 'Aurora', de Murnau, e 'M' de Fritz Lang, foi produzido na RKO com orçamento mínimo em apenas 17 dias. Resulta num filme muito pessoal de Ford, tanto pela ambientação na Irlanda quanto pelo comentário moral e religioso sobre lealdade e espírito de classe, temas que o acompanhariam na vida pessoal e no cinema por toda a vida. Todos os outros estúdios haviam recusado o projeto, sombrio e pouco comercial, e a modéstia do orçamento que Ford tinha recebido da RKO permitiu-lhe fazer um pequeno filme de arte, muito estilizado e cheio de simbolismo, com uma espetacular fotografia de Joseph H. August, cheia de neblina e sombras. Também a escolha de Victor McLaglen (1886-1959) para fazer o bruto e ignorante Gypo, totalmente contra a vontade do estúdio, foi um achado de Ford. McLaglen ficaria depois marcado como o irlandês bonachão e brigão em inúmeros filmes de Ford, em geral fazendo o alívio cômico característico do diretor, mas era um ator muito competente que, dirigido com brilho, ganhou o Oscar de melhor ator do ano. Ford teve alguns achados, como estimular McLaglen a sair para beber na noite anterior a da filmagem do julgamento, mentindo-lhe que ele não seria utilizado na manhã seguinte, obtendo assim a confusão mental e o desespero do personagem. Ele negava essa história e, na verdade, se sentiu incomodado com a premiação de McLaglen e com a crença de que o filme funcionava graças a ele. Com certa razão, porque realmente é de seus filmes mais orgânicos e precisos, com tudo combinado em harmonia e resultado impecável e marcante ainda hoje. Ganhou ainda os Oscar de roteiro adaptado (Dudley Nichols, que recusou o prêmio por desacordos sindicais e só o receberia em 1949) e música (de Max Steiner). Concorreu a melhor filme e montagem."