
Comentário: Trata-se do filme número 81 da lista dos 100 essenciais elaborada pela Revista Bravo! em 2007. A matéria diz: “Duas amigas, Lorelei Lee (Marilyn Monroe) e Dorothy Shaw (Jane Russell), embarcam num cruzeiro rumo a Europa à caça de um marido rico. A loira é louca por diamantes; a morena, por músculos. Por meio da história das garotas, o filme deixa subentendido um ideal de liberação feminina: nessa trama, são os homens que - movidos pelo desejo - ocupam o lugar de meros objetos, gravitando em torno das protagonistas. Em sua extensa carreira, o diretor Howard Hawks transitou entre vários gêneros, do filme de gangster ao antibélico, das comédias malucas aos faroestes clássicos, do noir aos épicos históricos e às fitas de aventura. Além da versatilidade, o que mais se destaca nos longas de Hawks é a presença, mesmo em universos aparentemente tão heterogêneos, de uma visão de mundo pessoal, de um olhar particular que põe em destaque os mecanismos morais que regem os homens (e as mulheres). Foi essa unidade sobre a profusão de gêneros que levou os críticos franceses (entre os quais, os futuros cineastas Francois Truffaut e Jean-Luc Godard) a incluir o diretor em sua 'política dos autores', um modo de apontar que, mesmo no regime industrial de Hollywood, alguns artistas impunham personalidade em seus trabalhos por meio de coerência interna entre estilos e temas. A fórmula se aplica com perfeição a 'Os Homens Preferem as Loiras', comédia musical marcada por cenas antológicas entre as quais a que imortalizou Marilyn Monroe, quando canta 'Diamonds Are a Girl's Best Friend' descendo uma escadaria cercada de dançarinos".
O que eu achei: Prosseguindo na minha saga de assistir aos 100 filmes considerados essenciais pela Revista Bravo!, desta vez vi “Os Homens Preferem as Loiras” (1953) do diretor Howard Hawks. Trata-se de uma adaptação do romance "Gentlemen Prefer Blondes: The Intimate Diary of a Professional Lady" (Os Homens Preferem as Loiras: O Diário Íntimo de uma Dama Profissional) de Anita Loos lançado em 1925, que conta a história de duas dançarinas de cabaré – uma loira e uma morena - em busca de maridos. A loira procurando um "daddie" com diamantes (atualmente chamaríamos de 'sugar daddy') e a morena procurando músculos ou mesmo o amor. O livro foi um best-seller de sucesso, traduzido para vários idiomas, transformado em peça de teatro e filme mudo, hoje perdido. Essa adaptação datada de 1953 feita pelo Howard Hawks foi uma versão atualizada do romance, lançado como um musical, tendo Marilyn Monroe no papel da loira e Jane Russell no papel da morena. Se em 1925 ou mesmo em 1953 essa abordagem sobre as mulheres era algo aceito, eu creio que hoje Howard Hawks seria cancelado. Pra começar o título do livro e consequentemente do filme "Os Homens Preferem as Loiras" não tem nenhuma relação com a história contada. Frente a esse título tudo o que eu esperava era que a história terminasse com a loira se casando e a morena sendo preterida, mas não é o que ocorre, na verdade ambas finalizam o filme com suas vidas amorosas resolvidas a contento. Então o título me pareceu mais marqueteiro do que relacionado ao conteúdo. Outro problema no filme é a forma como a loira é retratada, pois além de interesseira (ok isso pode ser a personagem), ela é extremamente lenta de raciocínio e ignorante, contribuindo sobremaneira para a ideia de que se for loira é burra. Pode-se dizer que o filme foi um grande disseminador, à época, desse preconceito concretado no imaginário universal em forma de estereótipo, já que a morena (aquela que o título sugere que os homens não preferem) é esperta e bastante inteligente. Dizem que o longa prejudicou não só a imagem da mulher loira como um todo, mas interferiu sobremaneira na carreira da própria Marilyn Monroe cujo personagem encarnou nela de tal forma que passaram a chamá-la para interpretar papéis de loiras burras diversas vezes. Com relação ao filme propriamente dito, se não fosse a ótica estereotipada, seria mais uma daquelas comédias screwball típicas do Howard Hawks com diálogos rápidos e espirituosos, situações absurdas, casais incompatíveis, personagens excêntricos e uma história romântica que se desenvolve em meio ao caos. Tem bom elenco, lindas cores (Technicolor), tem dança e canto, um figurino de primeira linha, mas infelizmente é um filme que não envelheceu bem. Desta vez eu passo.
O que eu achei: Prosseguindo na minha saga de assistir aos 100 filmes considerados essenciais pela Revista Bravo!, desta vez vi “Os Homens Preferem as Loiras” (1953) do diretor Howard Hawks. Trata-se de uma adaptação do romance "Gentlemen Prefer Blondes: The Intimate Diary of a Professional Lady" (Os Homens Preferem as Loiras: O Diário Íntimo de uma Dama Profissional) de Anita Loos lançado em 1925, que conta a história de duas dançarinas de cabaré – uma loira e uma morena - em busca de maridos. A loira procurando um "daddie" com diamantes (atualmente chamaríamos de 'sugar daddy') e a morena procurando músculos ou mesmo o amor. O livro foi um best-seller de sucesso, traduzido para vários idiomas, transformado em peça de teatro e filme mudo, hoje perdido. Essa adaptação datada de 1953 feita pelo Howard Hawks foi uma versão atualizada do romance, lançado como um musical, tendo Marilyn Monroe no papel da loira e Jane Russell no papel da morena. Se em 1925 ou mesmo em 1953 essa abordagem sobre as mulheres era algo aceito, eu creio que hoje Howard Hawks seria cancelado. Pra começar o título do livro e consequentemente do filme "Os Homens Preferem as Loiras" não tem nenhuma relação com a história contada. Frente a esse título tudo o que eu esperava era que a história terminasse com a loira se casando e a morena sendo preterida, mas não é o que ocorre, na verdade ambas finalizam o filme com suas vidas amorosas resolvidas a contento. Então o título me pareceu mais marqueteiro do que relacionado ao conteúdo. Outro problema no filme é a forma como a loira é retratada, pois além de interesseira (ok isso pode ser a personagem), ela é extremamente lenta de raciocínio e ignorante, contribuindo sobremaneira para a ideia de que se for loira é burra. Pode-se dizer que o filme foi um grande disseminador, à época, desse preconceito concretado no imaginário universal em forma de estereótipo, já que a morena (aquela que o título sugere que os homens não preferem) é esperta e bastante inteligente. Dizem que o longa prejudicou não só a imagem da mulher loira como um todo, mas interferiu sobremaneira na carreira da própria Marilyn Monroe cujo personagem encarnou nela de tal forma que passaram a chamá-la para interpretar papéis de loiras burras diversas vezes. Com relação ao filme propriamente dito, se não fosse a ótica estereotipada, seria mais uma daquelas comédias screwball típicas do Howard Hawks com diálogos rápidos e espirituosos, situações absurdas, casais incompatíveis, personagens excêntricos e uma história romântica que se desenvolve em meio ao caos. Tem bom elenco, lindas cores (Technicolor), tem dança e canto, um figurino de primeira linha, mas infelizmente é um filme que não envelheceu bem. Desta vez eu passo.