
Comentário: Baseado na HQ homônima de Ari Folman e David Polonsky, a animação conta, no formato de documentário animado, as tentativas do diretor Ari Folman, um veterano da Guerra do Líbano de 1982, de recuperar as suas memórias perdidas dos eventos que marcaram o massacre de Sabra e Shatila, cidades que ficam a oeste de Beirute, no Líbano.
A resenha da HQ nos diz que "Certa noite em Beirute, no ano de 1982, em plena Guerra do Líbano, enquanto soldados israelenses patrulhavam a cidade, membros da milícia cristã invadiram os campos de refugiados de Sabra e Chatila e iniciaram o massacre de centenas, senão milhares, de palestinos.
Ari Folman era um desses soldados israelenses, mas por mais de vinte anos não conseguiu lembrar nada daquela noite nem das semanas que a antecederam. Até o pesadelo de um amigo perturbá-lo e engendrar nele a necessidade de escavar a verdade e responder à questão crucial: o que ele estava fazendo nas horas da carnificina?
Desafiando a amnésia coletiva de amigos e colegas do exército, Folman remonta, pedaço por pedaço, cândida e dolorosamente, a história da guerra e seu lugar nela. Aos poucos o vazio na sua mente é preenchido por cenas de combate e patrulha, miséria e carnificina, bem como por sonhos e alucinações.
Soldados são perseguidos por pesadelos e inexplicáveis flashbacks – cães ferozes e ameaçadores com dentes arreganhados e olhos que lançam faíscas; a imagem recorrente de três rapazes saindo nus do mar para vagar até o campo de batalha em Beirute. Tanques esmagam carros e prédios com indiferença letal; franco-atiradores liquidam homens montados em jumentos, dentro de carros, bebendo café; um soldado dança em meio a uma chuva de balas; o som de um rock enche o ar, e, então, os sinalizadores amarelos.
As lembranças se acumulam até que Ari Folman alcança Sabra e Chatila e sua investigação chega ao terrível fim. O resultado é uma reconstrução absorvente, uma minuciosa investigação sobre a inconfiável natureza da memória e, sobretudo, uma poderosa denúncia da estupidez das guerras".
Lançado em 2008 durante o Festival de Cannes, a animação foi indicada ao BAFTA e ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, além ganhar um Globo de Ouro na mesma categoria.
O que disse a crítica 1: Paulo Camargo da Revista Escotilha gostou. Disse: "O cineasta Ari Folman teve muita coragem ao escolher para o seu terceiro longa-metragem, a animação 'Valsa com Bashir' (2008), um tema tão pessoal: a Guerra do Líbano de 1982. Ex-soldado do Exército israelense, o diretor foi instigado a desenterrar suas memórias do sangrento embate por um companheiro de tropa que o procurou para uma conversa, em 2006. (...) Corajoso, Folman demonstra lucidez ao igualar o massacre dos palestinos ao de seu próprio povo, descrevendo e mostrando o ocorrido, que pode ter deixado cerca de 3,5 mil mortos. Fez um filme importantíssimo".
O que disse a crítica 2: Tom Ze do site Cineset também gostou. Escreveu: Tenho "dois comentários a serem feitos: o primeiro, quanto ao impacto que as cenas reais do massacre colocadas ao final de Valsa com Bashir exercem sobre os espectadores. Por mais cruéis e ‘realistas’ que possam ser as imagens animadas, elas não são potencialmente superiores em dramaticidade e ‘chamada à realidade’ do que aquelas poucas imagens reais nos últimos segundos do filme que nos são apresentadas, por mais que sejam conhecidas pela ampla divulgação do massacre. (...) O outro comentário diz respeito à postura política de Israel no conflito: no filme parece que a ação do exército israelense só ocorreu para conter os 'excessos' praticados por membros da Falange libanesa (milícia da extrema direita cristã) nos campos de refugiados civis palestinos de Sabra e Chatila após a morte do presidente Bashir Gemayel. No entanto, sabe-se – e os comentários anexos ao DVD do filme sugerem – que o exército de Israel, sob o comando de Ariel Sharon, tinha pleno conhecimento do que ocorreria naqueles campos e ajudou estrategicamente a construir o massacre. Se Ari Folman parecia esquecido disto, ele teve a ousadia e a superioridade em contribuir, à sua maneira, para a recuperação da memória histórica a partir da recomposição de sua própria participação com um filme inteligente, revelador e humanístico".
O que eu achei: Trata-se de uma animação baseada na HQ homônima de Ari Folman e David Polonsky sobre a Guerra do Líbano ocorrida nos anos 80, na qual Folman esteve presente como soldado do exército israelense. Por não se lembrar de quase nada do que ocorreu em Beirute, Folman recorreu a seus ex-companheiros como forma de, aos poucos, reconstituir suas lembranças como quem monta um quebra-cabeças. Esse processo de procura pelos seus companheiros da época, que ocorreu na vida real, é o seu mote central, então o longa acaba sendo informativo do ponto de vista histórico. Por outro lado, ela trata também de memória, já que esse esquecimento por parte do diretor se transforma numa espécie de processo psicanalítico com ele percebendo que as diversas lacunas que haviam em sua mente acabavam sendo preenchidas por memórias criadas ou reinterpretações dos fatos, que pouca ou nenhuma relação tinham com a realidade. Apesar da animação ser de 2008 é aterrador ver o massacre ocorrido na época nos campos de refugiados civis palestinos de Sabra e Chatila após a morte do presidente Bashir Gemayel (daí o título 'Valsa com Bashir'). Passaram-se 17 anos desde então e basta a gente abrir os jornais para ver esses mesmos palestinos hoje vivendo uma situação de massacre por Israel. Ou seja, essa perseguição e desejo pelos seus territórios já vem de longa data. Apesar do longa ser um pouco arrastado, não deixa de ser curioso ver um soldado israelense tendo a coragem e a superioridade em contribuir, à sua maneira, para a recuperação da memória histórica. Há uma passagem final que ele teve a dignidade de substituir os desenhos – maravilhosos por sinal – por filmagens reais de inúmeros palestinos tentando voltar para suas casas e se deparando com escombros e gente morta. Essas imagens são muito potentes e organizam uma espécie de 'mea culpa' por parte desse soldado que, anos depois, caiu na real do que, de fato, representava essa guerra. É uma animação indicada obviamente para adultos e que lembra em alguns aspectos a também autobiográfica "Persépolis" (2007) da quadrinista e cineasta iraniana Marjane Satrapi.
A resenha da HQ nos diz que "Certa noite em Beirute, no ano de 1982, em plena Guerra do Líbano, enquanto soldados israelenses patrulhavam a cidade, membros da milícia cristã invadiram os campos de refugiados de Sabra e Chatila e iniciaram o massacre de centenas, senão milhares, de palestinos.
Ari Folman era um desses soldados israelenses, mas por mais de vinte anos não conseguiu lembrar nada daquela noite nem das semanas que a antecederam. Até o pesadelo de um amigo perturbá-lo e engendrar nele a necessidade de escavar a verdade e responder à questão crucial: o que ele estava fazendo nas horas da carnificina?
Desafiando a amnésia coletiva de amigos e colegas do exército, Folman remonta, pedaço por pedaço, cândida e dolorosamente, a história da guerra e seu lugar nela. Aos poucos o vazio na sua mente é preenchido por cenas de combate e patrulha, miséria e carnificina, bem como por sonhos e alucinações.
Soldados são perseguidos por pesadelos e inexplicáveis flashbacks – cães ferozes e ameaçadores com dentes arreganhados e olhos que lançam faíscas; a imagem recorrente de três rapazes saindo nus do mar para vagar até o campo de batalha em Beirute. Tanques esmagam carros e prédios com indiferença letal; franco-atiradores liquidam homens montados em jumentos, dentro de carros, bebendo café; um soldado dança em meio a uma chuva de balas; o som de um rock enche o ar, e, então, os sinalizadores amarelos.
As lembranças se acumulam até que Ari Folman alcança Sabra e Chatila e sua investigação chega ao terrível fim. O resultado é uma reconstrução absorvente, uma minuciosa investigação sobre a inconfiável natureza da memória e, sobretudo, uma poderosa denúncia da estupidez das guerras".
Lançado em 2008 durante o Festival de Cannes, a animação foi indicada ao BAFTA e ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, além ganhar um Globo de Ouro na mesma categoria.
O que disse a crítica 1: Paulo Camargo da Revista Escotilha gostou. Disse: "O cineasta Ari Folman teve muita coragem ao escolher para o seu terceiro longa-metragem, a animação 'Valsa com Bashir' (2008), um tema tão pessoal: a Guerra do Líbano de 1982. Ex-soldado do Exército israelense, o diretor foi instigado a desenterrar suas memórias do sangrento embate por um companheiro de tropa que o procurou para uma conversa, em 2006. (...) Corajoso, Folman demonstra lucidez ao igualar o massacre dos palestinos ao de seu próprio povo, descrevendo e mostrando o ocorrido, que pode ter deixado cerca de 3,5 mil mortos. Fez um filme importantíssimo".
O que disse a crítica 2: Tom Ze do site Cineset também gostou. Escreveu: Tenho "dois comentários a serem feitos: o primeiro, quanto ao impacto que as cenas reais do massacre colocadas ao final de Valsa com Bashir exercem sobre os espectadores. Por mais cruéis e ‘realistas’ que possam ser as imagens animadas, elas não são potencialmente superiores em dramaticidade e ‘chamada à realidade’ do que aquelas poucas imagens reais nos últimos segundos do filme que nos são apresentadas, por mais que sejam conhecidas pela ampla divulgação do massacre. (...) O outro comentário diz respeito à postura política de Israel no conflito: no filme parece que a ação do exército israelense só ocorreu para conter os 'excessos' praticados por membros da Falange libanesa (milícia da extrema direita cristã) nos campos de refugiados civis palestinos de Sabra e Chatila após a morte do presidente Bashir Gemayel. No entanto, sabe-se – e os comentários anexos ao DVD do filme sugerem – que o exército de Israel, sob o comando de Ariel Sharon, tinha pleno conhecimento do que ocorreria naqueles campos e ajudou estrategicamente a construir o massacre. Se Ari Folman parecia esquecido disto, ele teve a ousadia e a superioridade em contribuir, à sua maneira, para a recuperação da memória histórica a partir da recomposição de sua própria participação com um filme inteligente, revelador e humanístico".
O que eu achei: Trata-se de uma animação baseada na HQ homônima de Ari Folman e David Polonsky sobre a Guerra do Líbano ocorrida nos anos 80, na qual Folman esteve presente como soldado do exército israelense. Por não se lembrar de quase nada do que ocorreu em Beirute, Folman recorreu a seus ex-companheiros como forma de, aos poucos, reconstituir suas lembranças como quem monta um quebra-cabeças. Esse processo de procura pelos seus companheiros da época, que ocorreu na vida real, é o seu mote central, então o longa acaba sendo informativo do ponto de vista histórico. Por outro lado, ela trata também de memória, já que esse esquecimento por parte do diretor se transforma numa espécie de processo psicanalítico com ele percebendo que as diversas lacunas que haviam em sua mente acabavam sendo preenchidas por memórias criadas ou reinterpretações dos fatos, que pouca ou nenhuma relação tinham com a realidade. Apesar da animação ser de 2008 é aterrador ver o massacre ocorrido na época nos campos de refugiados civis palestinos de Sabra e Chatila após a morte do presidente Bashir Gemayel (daí o título 'Valsa com Bashir'). Passaram-se 17 anos desde então e basta a gente abrir os jornais para ver esses mesmos palestinos hoje vivendo uma situação de massacre por Israel. Ou seja, essa perseguição e desejo pelos seus territórios já vem de longa data. Apesar do longa ser um pouco arrastado, não deixa de ser curioso ver um soldado israelense tendo a coragem e a superioridade em contribuir, à sua maneira, para a recuperação da memória histórica. Há uma passagem final que ele teve a dignidade de substituir os desenhos – maravilhosos por sinal – por filmagens reais de inúmeros palestinos tentando voltar para suas casas e se deparando com escombros e gente morta. Essas imagens são muito potentes e organizam uma espécie de 'mea culpa' por parte desse soldado que, anos depois, caiu na real do que, de fato, representava essa guerra. É uma animação indicada obviamente para adultos e que lembra em alguns aspectos a também autobiográfica "Persépolis" (2007) da quadrinista e cineasta iraniana Marjane Satrapi.