13.10.25

“Jornada nas Estrelas V: A Última Fronteira” - William Shatner (EUA, 1989)

Sinopse:
 Quando Kirk (William Shatner), Spock (Leonard Nimoy) e o dr. McCoy (DeForest Kelley) começavam a usufruir de umas merecidas férias, a nave Enterprise que passa por manutenção é ameaçada pelo vulcano Sybok (Laurence Luckinbill) que pretende sequestrar a nave e partir numa viagem não-autorizada ao centro da galáxia onde ele acredita que descobrirá um dos maiores segredos do universo. Enquanto isso os Klingons estão à espreita.
Comentário: William Shatner (1931) é um ator canadense. Ele começou atuando em peças e, nos anos 1950 passou a fazer pequenos papéis em filmes canadenses. Foi para os EUA e passou a participar de dezenas de filmes e seriados ficando famoso por interpretar o capitão da nave estelar USS Enterprise James T. Kirk na série original "Star Trek" (Jornada nas Estrelas). É ele quem assume a direção deste quinto longa-metragem lançado após o seriado original terminar: “Jornada nas Estrelas V: A Última Fronteira”(1989).
Apenas relembrando a sequência, o primeiro longa foi “Jornada nas Estrelas: O Filme” (1979) com direção de Robert Wise, um filme que se passava 10 anos após o fim do seriado mostrando uma nave Enterprise mais moderna, reunindo quase todo o elenco. Na trama, o Almirante James T. Kirk (William Shatner) – que nesse momento ocupa um cargo interno administrativo – é chamado às pressas devido sua enorme experiência, para regressar à nova e transformada nave Enterprise para interceptar, examinar e, principalmente, deter uma entidade espacial destrutiva que é avistada aproximando-se da Terra.
O segundo longa “Jornada Nas Estrelas II: A Ira de Khan” (1982) com direção de Nicholas Meyer, mostra Kirk (William Shatner) de volta para seu posto administrativo, enquanto Spock (Leonard Nimoy) é quem está comandando a nave, com muita gente nova na tripulação. A nave está em uma missão relacionada ao dispositivo Gênesis, uma nova invenção que é capaz de semear um planeta árido com abundante natureza. Com isso, uma nave irmã chamada Reliant, sai em busca de planetas sem vida para fazer um teste com esse dispositivo e encontra um que parece estar morto, porém, ao chegar lá eles encontram o planeta habitado por um fora da lei chamado Khan (Ricardo Montalban), que foi exilado anos atrás por Kirk, então o que ele mais quer é vingança. Esse assunto é resolvido, mas termina com a morte de Spock, uma solução encontrada justamente para tirar Spock do elenco já que o ator Leonard Nimoy não queria mais participar desses longas.
O terceiro longa foi “Jornada nas Estrelas III: À Procura de Spock” (1984) que possui o próprio Leonard Nimoy na direção. Ele havia pedido para sair, se arrepende, e assume não só a direção do filme como volta a atuar, numa trama na qual o médico da Enterprise dr. McCoy (DeForest Kelley) herdou a essência de Spock (Leonard Nimoy) antes de sua morte e obviamente Kirk (William Shatner) não poupará esforços para atender um pedido do pai de Spock para que a nave localize o corpo dele em Gênesis para que seja possível ressuscitá-lo (sim, é possível, afinal ele é um vulcano). Claro que tudo isso com os aterrorizantes Klingons à espreita, para ter alguma graça. No elenco pode-se ver o ator Christopher Lloyd como Kruge, um comandante Klingon.
Com o personagem Spock de volta é que lançam “Jornada nas Estrelas IV – A Volta para Casa” (1986), novamente com direção do Nimoy. No longa anterior a tripulação da Enterprise teve que deixar a nave Enterprise para poder explodi-la tendo a bordo os Klingons. Com isso, eles acabaram assumindo a nave deles – uma Ave de Rapina Klingon – com a qual eles terão que voltar à Terra para enfrentar a corte marcial devido aos diversos crimes cometidos para salvar a vida de Spock. Porém, enquanto eles se dirigem à Terra, uma sonda alienígena surge causando inúmeros problemas na Terra, ameaçando destruí-la. Percebendo que eles tentam se comunicar com uma espécie extinta há cerca de 200 anos – as baleias jubarte -, o grupo viaja no tempo até o século XX com a intenção de transportar um casal dos animais marinhos até o presente deles (século XXIII) e evitar a destruição. Com a ajuda de uma cientista especializada em baleias, a Dr. Gillian Taylor (personagem interpretada por Catherine Hicks) é que eles terão a ajuda necessária para que tudo dê certo. Ao final a dra. Taylor acaba indo com eles para o século XXIII, onde ela irá inclusive presenciar o julgamento da tripulação no qual todos serão anistiados por conta da façanha mirabolante que fizeram para salvar a Terra.
Neste longa, agora dirigido pelo ator William Shatner que interpreta Kirk na série, vemos o trio Kirk (William Shatner), Spock (Leonard Nimoy) e McCoy (DeForest Kelley) começando a gozar de umas merecidas férias, mas sendo interrompidos quando são avisados que o vulcano Sybok (interpretado por Laurence Luckinbill) pretende sequestrar a nave Enterprise para ir até o centro da galáxia tentar encontrar uma entidade (interpretada por George Murdock) que ele acredita ser Deus.
Conta-se que William Shatner assumiu a direção deste longa porque ele era o único ator do elenco original com um contrato que lhe permitia uma "cláusula de direitos de reciprocidade", na qual se um astro tivesse o direito de dirigir um filme, o outro também poderia. Como Leonard Nimoy dirigiu os longas de número III (À Procura de Spock) e IV (A Volta para Casa), ele então se utilizou dessa cláusula para dirigir este de número V denominado "A Última Fronteira".
O que disse a crítica: Ritter Fan do Plano Crítico avaliou com 1 estrela, ou seja, horrível. Escreveu: "E quando [a série de longas] 'Jornada nas Estrelas' estava acertando o tom, vem o próprio Capitão Kirk para derrubar a série novamente, trazendo aquele que muito provavelmente é o pior episódio de toda a franquia cinematográfica. É até difícil de entender como, após o excelente 'A Volta para Casa', a produção deu luz verde para um roteiro inábil como esse largado na mão de um diretor de primeira viagem em longas como William Shatner (...). 'A Última Fronteira' tenta ser cerebral, mas é inadvertidamente cômico. Tenta ser uma comédia, mas é um pastiche. Tenta ser 'Jornada nas Estrelas', mas o máximo que consegue é ser um testamento do que se pode fazer com uma franquia icônica e atemporal. A sorte é que o filme não afundou de vez a série cinematográfica".
Daniel Fontana do site Formiga Elétrica achou ruim. Disse: "Na humilde opinião deste escriba, o único [longa] verdadeiramente ruim entre os seis [longas lançados após a série original terminar, é este 'Jornada nas Estrelas V: A Última Fronteira']. (...) A premissa da Enterprise partindo em busca de uma criatura que poderia ser o Deus bíblico é fantástica, porém, inventar um meio-irmão do Spock – uma espécie de Antonio Conselheiro do espaço – como personagem-chave estragou tudo. William Shatner na direção atrapalhou e não tivemos apenas uma boa ideia desperdiçada, mas também o exemplar com a cena final com menos cara de 'Star Trek' da franquia inteira".
O que eu achei: Entre os longas da franquia "Jornada nas Estrelas", o quinto filme, dirigido por William Shatner, é geralmente apontado como o mais problemático e, de fato, em comparação aos quatro anteriores, ele é o mais fraco em termos de roteiro, ritmo e efeitos especiais. Ainda assim, "A Última Fronteira" não merece a rejeição quase unânime que recebeu da crítica. O filme tem seus tropeços, mas também mantém o espírito de camaradagem e a leveza que sempre caracterizaram a tripulação da Enterprise. O enredo - que envolve uma jornada em busca de “Deus” no centro da galáxia - pode parecer excessivamente ambicioso e até ingênuo, mas funciona como uma aventura curiosa e, em certos momentos, divertida. Há boas interações entre Kirk, Spock e McCoy, que sustentam o filme mesmo quando a trama se perde em misticismos e soluções apressadas. O tom de humor, ajuda a manter o interesse, e a presença carismática dos atores originais compensa parte das falhas narrativas. No fim das contas, "Jornada nas Estrelas V: A Última Fronteira" (1989) é um capítulo irregular, mas não desastroso. Falta-lhe a força dramática de "A Ira de Khan" ou o encanto de "A Volta para Casa", mas ele ainda oferece um entretenimento honesto para quem acompanha a série e gosta de ver a velha equipe em ação. É um filme menor, sim, mas, dentro do universo "Star Trek" continua sendo uma viagem que vale a pena embarcar.