
Comentário: Pablo Larrain (1976) é um diretor, produtor e roteirista de cinema chileno. Assisti dele 5 filmes: os excelentes "O Clube" (2015) e “O Conde” - Pablo Larraín (Chile, 2023), os bons “Neruda” (2016) e “Spencer” (2021) e o mediano "Ema" (2019). Desta vez vou conferir “Maria” (2024).
O site Wikipédia nos conta que Maria Callas (1923-1977) foi uma soprano greco-americana. Os críticos elogiavam sua técnica, sua voz de grande alcance e suas interpretações de profunda análise psicológica. Seu tipo vocal era classificado como o raríssimo soprano absoluto. Seu repertório, por sua vez, variava de ópera-séria clássica para as óperas bel canto de Donizetti, Bellini e Rossini, as obras de Verdi e Puccini; e, no início de sua carreira, para os dramas musicais de Wagner.
Callas era filha de imigrantes gregos e, após a mãe se separar, ela, sua mãe e sua irmã tiveram que regressar à Grécia. Lá, ela estudou canto no Conservatório de Atenas, com Elvira de Hidalgo.
Callas começou a despontar no cenário lírico em 1948, com uma interpretação bastante notável para a protagonista da ópera Norma, de Bellini, em Florença. Todavia, sua carreira só viria a projetar-se em escala mundial no ano seguinte, quando a cantora surpreendeu crítica e público ao alternar, na mesma semana, récitas de I Puritani, de Bellini, e Die Walküre, de Wagner.
A partir dos anos 1950, Callas começou a apresentar-se regularmente nas mais importantes casas de espetáculo dedicadas à ópera, tais como La Scala, Covent Garden e Metropolitan. São os anos áureos da cantora com fama internacional, considerada temperamental pelo seu perfeccionismo.
Em 1959, ela rompeu um casamento infeliz que já durava dez anos, com seu empresário, G. B. Meneghini, homem muito mais velho do que ela. Após o divórcio, manteve uma tórrida relação com o milionário grego Aristoteles Onassis. Com poucos meses de namoro foram viver juntos, mas com ele Maria também não foi feliz, e isto rendeu variado material ofensivo para tabloides sensacionalistas.
O site Wikipédia nos conta que Maria Callas (1923-1977) foi uma soprano greco-americana. Os críticos elogiavam sua técnica, sua voz de grande alcance e suas interpretações de profunda análise psicológica. Seu tipo vocal era classificado como o raríssimo soprano absoluto. Seu repertório, por sua vez, variava de ópera-séria clássica para as óperas bel canto de Donizetti, Bellini e Rossini, as obras de Verdi e Puccini; e, no início de sua carreira, para os dramas musicais de Wagner.
Callas era filha de imigrantes gregos e, após a mãe se separar, ela, sua mãe e sua irmã tiveram que regressar à Grécia. Lá, ela estudou canto no Conservatório de Atenas, com Elvira de Hidalgo.
Callas começou a despontar no cenário lírico em 1948, com uma interpretação bastante notável para a protagonista da ópera Norma, de Bellini, em Florença. Todavia, sua carreira só viria a projetar-se em escala mundial no ano seguinte, quando a cantora surpreendeu crítica e público ao alternar, na mesma semana, récitas de I Puritani, de Bellini, e Die Walküre, de Wagner.
A partir dos anos 1950, Callas começou a apresentar-se regularmente nas mais importantes casas de espetáculo dedicadas à ópera, tais como La Scala, Covent Garden e Metropolitan. São os anos áureos da cantora com fama internacional, considerada temperamental pelo seu perfeccionismo.
Em 1959, ela rompeu um casamento infeliz que já durava dez anos, com seu empresário, G. B. Meneghini, homem muito mais velho do que ela. Após o divórcio, manteve uma tórrida relação com o milionário grego Aristoteles Onassis. Com poucos meses de namoro foram viver juntos, mas com ele Maria também não foi feliz, e isto rendeu variado material ofensivo para tabloides sensacionalistas.
A cantora teve, em 1960, um filho com Aristoteles Onassis, um menino, a quem batizou de Omero Lengrino. A criança veio ao mundo em um parto prematuro de oito meses, em uma cesariana de emergência na Itália, mas o bebê não resistiu e faleceu no dia seguinte. Seu filho foi enterrado em Milão. A partir daí, Maria entrou em uma forte depressão que a acompanhou até o fim de sua vida.
Sua voz começou a apresentar sinais de declínio no final dos anos 1950, e a cantora diminuiu consideravelmente suas participações em montagens de óperas completas, limitando sua carreira a recitais, noites de gala e breves sessões de gravação em estúdio. No entanto, em 1964, encorajada pelo cineasta italiano Franco Zefirelli, volta aos palcos em uma de suas maiores criações, Tosca de Puccini, no Convent Garden, tendo como seu parceiro o amigo de longa data Tito Gobbi.
Além de Tosca, entre 1964 e 1965, interpretou Norma de Vincenzo Bellini em Paris. Cantou em suas últimas récitas dessa ópera contraordens médicas, e sua exaustão é evidente nas gravações feitas por alguém no público. Callas desmaiou no camarim antes que pudesse cantar a última cena da performance do dia 29 de maio de 1965; suas roupas foram trocadas antes que acordasse para que não insistisse em continuar com a récita. Sua última apresentação em uma ópera completa foi em julho de 1965, em Londres. Seu abandono deveu-se em grande parte ao desequilíbrio emocional da cantora. A agressividade e o relacionamento abusivo do magnata Onassis com a soprano eram notáveis, como relatado por amigos. Em 1968, após nove anos de humilhações e traições, o casamento com Onassis se desfez, quando ele a abandonou para casar-se com Jacqueline Kennedy, viúva do presidente Kennedy. A separação abalou profundamente Maria.
Em 1969, ela ainda atua como Medea, no filme homônimo de Pier Paolo Pasolini. Além disso, após ter sua técnica revisada por sua antiga professora Elvira de Hidalgo, grava sua última sessão em estúdio pelo selo EMI. Em 1971 e 1972, deu master classes por dois anos na Juilliard School. Em 1972 e 1973, gravou, ao lado do tenor Giuseppe di Stefano, um álbum de duetos pelo selo Philips, cujo lançamento não foi autorizado, mas que atualmente encontra-se disponível pelo selo Divina Records. Além disso, também com di Stefano, dirigiu uma produção da ópera de Giuseppe Verdi I Vespri Siciliani, em Turim, em 1973. Também em 1973, retornou aos palcos para realizar uma série de concertos pela Europa, Estados Unidos e Extremo Oriente, junto de di Stefano. Cantou em público pela última vez em 1974 em Sapporo, no Japão.
Em 1975, Onassis tem sérios problemas de saúde e morre. Callas começa agora um período de claustro e, isolada do mundo, passa a viver na Avenue Georges Mandel, em Paris, com a companhia da governanta e do motorista. Uma possível volta é ensaiada e entusiasmada pelo cineasta Franco Zefirelli, mas o projeto logo é abandonado por ela.
Callas faleceu em 16 de setembro de 1977, aos 53 anos, em seu apartamento em Paris em decorrência de um ataque cardíaco. Suas cinzas foram jogadas no Mar Egeu.
O filme do Larraín acompanha os últimos dias de vida da cantora, porém toda sua biografia é contada seja através de lembranças, seja através dos delírios que o remédio Mandrax causa em Callas. Ao anunciar o longa, Larraín afirmou que Maria é a união de duas de suas maiores paixões: cinema e ópera.
No papel principal está Angelina Jolie que fez aulas de canto de ópera e teve sua respiração mixada com a de Callas que é quem canta durante o filme.
O que disse a crítica: Nicholas Barber da BBC avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Disse: A Callas de Larraín “é um ícone e não um ser humano. Larraín e sua equipe se recusam a rebaixá-la de seu pedestal, então não a imbuem da vulnerabilidade ou da vivacidade brincalhona que a verdadeira Callas demonstra quando pisca e ri para a câmera em trechos de cenas durante os créditos finais. Ao longo do filme, várias pessoas fazem uma distinção entre ‘Maria’, a mulher, e ‘La Callas’, a diva sobre-humana. Apesar do título, Maria é definitivamente sobre ‘La Callas’".
Peter Bradshaw do site The Guardian avaliou com 4 estrelas, ou seja, ótimo. Escreveu: “’Maria’ é a mais persuasiva e sedutora da trilogia de grandes mulheres em crise de Larraín, depois de ‘Jackie’ sobre Jackie Kennedy e ‘Spencer’ sobre a Princesa Diana. Há menos sentimentalismo e autoimportância neste, apesar de ser sobre a maior diva da história. Norma Desmond, de Swanson, viu-se obsoleta e esquecida em ‘Crepúsculo dos Deuses’, de Billy Wilder, mas neste filme o caso de Callas é muito mais cruel: seu estrelato e prestígio estão tão altos quanto sempre foram. Ela continua grande e a ópera não ficou pequena”.
O que eu achei: Cada vez que eu assisto um filme do chileno Pablo Larraín mais eu gosto de seu estilo. “Maria” é simplesmente um deslumbre. Uma parte considerável da crítica não gostou tanto do filme, disseram que comparado às outras duas biografias de mulheres notáveis feitas pelo diretor – “Jackie” sobre Jackie Kennedy e “Spencer” sobre a Princesa Diana – este é um filme menor, que pecou ao aprisionar a personagem em seu apartamento nos últimos dias de vida, subaproveitando Angelina Jolie que ou é mostrada em casa com os empregados ou andando na rua. Eu discordo totalmente. Angelina Jolie – indicada ao Globo de Ouro para Melhor Atriz Drama por essa interpretação - encarna com maestria a diva da ópera. O filme foca em seus últimos dias de vida – ela morreu em casa do coração aos 53 anos – mas suas lembranças e devaneios nos mostram praticamente toda sua biografia: desde a forma como a mãe oferecia ela e sua irmã para o deleite de soldados nazistas, seu casamento com o empresário G. B. Meneghini, seu relacionamento com Aristoteles Onassis e muitas de suas apresentações em teatros mundo afora. Tudo no filme é perfeito para mostrar o drama de uma artista presa entre a glória e a solidão: a caracterização dos anos 1970, o luxo do apto onde ela morava, suas roupas, maquiagem, cabelo, fotografia (concorreu ao Oscar), roteiro. Angelina Jolie domina o espetáculo não só pela sua elegância mas também pela respiração e dublagem perfeita das gravações originais da diva. Difícil desgrudar os olhos – e os ouvidos – dessas duas horas de duração. Uma obra-prima de Larraín que recomendo veementemente.
Sua voz começou a apresentar sinais de declínio no final dos anos 1950, e a cantora diminuiu consideravelmente suas participações em montagens de óperas completas, limitando sua carreira a recitais, noites de gala e breves sessões de gravação em estúdio. No entanto, em 1964, encorajada pelo cineasta italiano Franco Zefirelli, volta aos palcos em uma de suas maiores criações, Tosca de Puccini, no Convent Garden, tendo como seu parceiro o amigo de longa data Tito Gobbi.
Além de Tosca, entre 1964 e 1965, interpretou Norma de Vincenzo Bellini em Paris. Cantou em suas últimas récitas dessa ópera contraordens médicas, e sua exaustão é evidente nas gravações feitas por alguém no público. Callas desmaiou no camarim antes que pudesse cantar a última cena da performance do dia 29 de maio de 1965; suas roupas foram trocadas antes que acordasse para que não insistisse em continuar com a récita. Sua última apresentação em uma ópera completa foi em julho de 1965, em Londres. Seu abandono deveu-se em grande parte ao desequilíbrio emocional da cantora. A agressividade e o relacionamento abusivo do magnata Onassis com a soprano eram notáveis, como relatado por amigos. Em 1968, após nove anos de humilhações e traições, o casamento com Onassis se desfez, quando ele a abandonou para casar-se com Jacqueline Kennedy, viúva do presidente Kennedy. A separação abalou profundamente Maria.
Em 1969, ela ainda atua como Medea, no filme homônimo de Pier Paolo Pasolini. Além disso, após ter sua técnica revisada por sua antiga professora Elvira de Hidalgo, grava sua última sessão em estúdio pelo selo EMI. Em 1971 e 1972, deu master classes por dois anos na Juilliard School. Em 1972 e 1973, gravou, ao lado do tenor Giuseppe di Stefano, um álbum de duetos pelo selo Philips, cujo lançamento não foi autorizado, mas que atualmente encontra-se disponível pelo selo Divina Records. Além disso, também com di Stefano, dirigiu uma produção da ópera de Giuseppe Verdi I Vespri Siciliani, em Turim, em 1973. Também em 1973, retornou aos palcos para realizar uma série de concertos pela Europa, Estados Unidos e Extremo Oriente, junto de di Stefano. Cantou em público pela última vez em 1974 em Sapporo, no Japão.
Em 1975, Onassis tem sérios problemas de saúde e morre. Callas começa agora um período de claustro e, isolada do mundo, passa a viver na Avenue Georges Mandel, em Paris, com a companhia da governanta e do motorista. Uma possível volta é ensaiada e entusiasmada pelo cineasta Franco Zefirelli, mas o projeto logo é abandonado por ela.
Callas faleceu em 16 de setembro de 1977, aos 53 anos, em seu apartamento em Paris em decorrência de um ataque cardíaco. Suas cinzas foram jogadas no Mar Egeu.
O filme do Larraín acompanha os últimos dias de vida da cantora, porém toda sua biografia é contada seja através de lembranças, seja através dos delírios que o remédio Mandrax causa em Callas. Ao anunciar o longa, Larraín afirmou que Maria é a união de duas de suas maiores paixões: cinema e ópera.
No papel principal está Angelina Jolie que fez aulas de canto de ópera e teve sua respiração mixada com a de Callas que é quem canta durante o filme.
O que disse a crítica: Nicholas Barber da BBC avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Disse: A Callas de Larraín “é um ícone e não um ser humano. Larraín e sua equipe se recusam a rebaixá-la de seu pedestal, então não a imbuem da vulnerabilidade ou da vivacidade brincalhona que a verdadeira Callas demonstra quando pisca e ri para a câmera em trechos de cenas durante os créditos finais. Ao longo do filme, várias pessoas fazem uma distinção entre ‘Maria’, a mulher, e ‘La Callas’, a diva sobre-humana. Apesar do título, Maria é definitivamente sobre ‘La Callas’".
Peter Bradshaw do site The Guardian avaliou com 4 estrelas, ou seja, ótimo. Escreveu: “’Maria’ é a mais persuasiva e sedutora da trilogia de grandes mulheres em crise de Larraín, depois de ‘Jackie’ sobre Jackie Kennedy e ‘Spencer’ sobre a Princesa Diana. Há menos sentimentalismo e autoimportância neste, apesar de ser sobre a maior diva da história. Norma Desmond, de Swanson, viu-se obsoleta e esquecida em ‘Crepúsculo dos Deuses’, de Billy Wilder, mas neste filme o caso de Callas é muito mais cruel: seu estrelato e prestígio estão tão altos quanto sempre foram. Ela continua grande e a ópera não ficou pequena”.
O que eu achei: Cada vez que eu assisto um filme do chileno Pablo Larraín mais eu gosto de seu estilo. “Maria” é simplesmente um deslumbre. Uma parte considerável da crítica não gostou tanto do filme, disseram que comparado às outras duas biografias de mulheres notáveis feitas pelo diretor – “Jackie” sobre Jackie Kennedy e “Spencer” sobre a Princesa Diana – este é um filme menor, que pecou ao aprisionar a personagem em seu apartamento nos últimos dias de vida, subaproveitando Angelina Jolie que ou é mostrada em casa com os empregados ou andando na rua. Eu discordo totalmente. Angelina Jolie – indicada ao Globo de Ouro para Melhor Atriz Drama por essa interpretação - encarna com maestria a diva da ópera. O filme foca em seus últimos dias de vida – ela morreu em casa do coração aos 53 anos – mas suas lembranças e devaneios nos mostram praticamente toda sua biografia: desde a forma como a mãe oferecia ela e sua irmã para o deleite de soldados nazistas, seu casamento com o empresário G. B. Meneghini, seu relacionamento com Aristoteles Onassis e muitas de suas apresentações em teatros mundo afora. Tudo no filme é perfeito para mostrar o drama de uma artista presa entre a glória e a solidão: a caracterização dos anos 1970, o luxo do apto onde ela morava, suas roupas, maquiagem, cabelo, fotografia (concorreu ao Oscar), roteiro. Angelina Jolie domina o espetáculo não só pela sua elegância mas também pela respiração e dublagem perfeita das gravações originais da diva. Difícil desgrudar os olhos – e os ouvidos – dessas duas horas de duração. Uma obra-prima de Larraín que recomendo veementemente.