
Comentário: Brady Corbert (1988) é um ator e cineasta americano. Como ator ele trabalhou em diversos longas e seriados como “Thirteen” (2003), “Mistérios da Carne” (2004), “Violência Gratuita” (2007), “Martha Marcy May Marlene” (2011), “Melancolia” (2011) e “Acima das Nuvens” (2014). Como diretor seu primeiro longa foi “A Infância de Um Líder”, seguido de “Vox Lux: O Preço da Fama” (2018) e “O Brutalista” (2024), o primeiro filme que vejo dele.
Alicia Hernández do site BBC nos conta tratar-se de uma “produção independente que teve 10 indicações ao Oscar e venceu três - Melhor Ator (Adrien Brody), Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora – (...) revisitando um estilo arquitetônico do século 20 (...).
No filme de Brady Corbet, Adrien Brody - que levou o Oscar por sua atuação - interpreta um arquiteto judeu húngaro que migra para os Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial. [Ele faz] parte do movimento arquitetônico conhecido como brutalismo, e é contratado para construir um enorme centro cultural de concreto para um magnata interpretado por Guy Pearce.
O brutalismo era formado por arquitetos jovens e ambiciosos que desafiavam as convenções da época e desafiavam o movimento anterior: o modernismo do período entreguerras. ‘Vem da expressão francesa 'béton brut', que significa 'concreto bruto', 'concreto aparente’, diz Fernando Martínez Nespral, diretor do Instituto de Arte e Pesquisa Estética Americana da Universidade de Buenos Aires. ‘Embora venha do francês, foram os ingleses que o nomearam assim e, embora as pessoas pensem que vem do fato de os edifícios terem volumes muito grandes, eles o associam ao brutal, mas é simplesmente porque o que você vê é concreto natural, aparente’.
O termo ‘brutalista’ foi cunhado e popularizado por Reyner Banham, um crítico de arquitetura inglês da influente revista The Architectural Review. Nascido na Alemanha, com nome inspirado no francês e batizado na Inglaterra, o movimento marcou profundamente a arquitetura brasileira entre anos 1950 e 1970 - e os edifícios brutalistas desse período até hoje despertam fortes reações nos frequentadores. Mas o que exatamente é o brutalismo e quais os edifícios que o representam?
Para começar, e impossível falar de brutalismo sem falar em Le Corbusier. Este arquiteto e teórico da arquitetura de nacionalidade sueca e francesa criou o projeto Unité d'Habitation, um conjunto de edifícios residenciais feitos de concreto natural. O primeiro foi feito entre 1945 e 1952 e se tornou uma inspiração para o estilo e o pensamento dos brutalistas. ‘É um movimento arquitetônico que surgiu depois da guerra, digamos no final dos anos 50. A partir desse momento, ocorreu o que chamamos de crise do movimento moderno, que nasceu depois da Primeira Guerra Mundial com a ideia de que, como havia um mundo novo, seria um mundo melhor, mais justo, mais pacífico’, diz Fernando Martínez Nespral. Mas com a Segunda Guerra Mundial, ainda mais sangrenta que a primeira, e a subsequente Guerra Fria entre EUA e União Soviética, as rápidas mudanças pelas quais o mundo passou influenciaram a arte e o design. (...)
Os arquitetos já conheciam as vantagens do concreto armado - como seu preço e durabilidade - mas até aquele momento ele era usado apenas como estrutura. ‘No processo de exploração de todas as possibilidades arquitetônicas, propõe-se que ela possa ser usada não apenas como uma estrutura escondida, mas como algo estético’, diz Martínez Nespral. O material tornou-se popular devido à necessidade de criar estruturas funcionais e baratas, especialmente na Europa, que havia sido devastada pelos estragos da guerra. Porém, apesar do menor custo do material e de sua simplicidade, a arquitetura brutalista mostra textura, ritmo e movimento, já que o próprio concreto permite a criação de qualquer forma que se queira, quase sem limites".
No Brasil, a arquitetura do meio do século 20 foi especialmente influenciada pelo estilo. Dentre as diversas construções que temos por aqui, vale citar duas muito famosas: o SESC Pompéia, em São Paulo e a Catedral de São Sebastião, no Rio de Janeiro. Mas há exemplos de brutalismo em toda a América Latina, do México à Argentina”, como a Biblioteca Nacional Mariano Moreno, em Buenos Aires (Argentina), o Banco Central da Guatemala, na Cidade da Guatemala (República da Guatemala), o Edifício da Cepal, Santiago (Chile), a Biblioteca da Universidade Nacional Autônoma do México, Cidade do México (México), o Museu Rufino Tamayo, na Cidade do México (México), o Teatro Teresa Carreño, em Caracas (Venezuela) e a Embaixada da Rússia, em Havana (Cuba).
Outra informação importante é que, segundo a Folha SP, o arquiteto que o filme retrata - László Tóth – nunca existiu. Segundo o diretor ele é “uma ‘amálgama’ de vários arquitetos famosos, especialmente Marcel Breuer. Assim como o fictício Tóth, Breuer nasceu na Hungria, formou-se na influente Bauhaus, na Alemanha entre guerras, e emigrou para os EUA. Ambos projetaram seus modelos distintivos de cadeiras antes de planejar grandes edifícios. Judeus, ambos foram contratados para erguer gigantescas construções cristãs em partes remotas dos EUA que se tornariam suas obras-primas. Corbet afirmou que um livro sobre o trabalho de Breuer na Abadia de São João, na região rural de Minnesota, foi uma inspiração chave. Breuer também é conhecido por ter projetado partes da sede da UNESCO em Paris; o Museu Whitney de Arte Americana, em Nova York; e o Edifício Pirelli Tire, em Connecticut”.
O que disse a crítica: Lucas Oliveira do site Cinematório avaliou com 2,5 estrelas, ou seja, regular. Disse: “Voltando à origem, ao título do filme e àquilo que deveria ser seu cerne, o estilo brutalista ressalta a aspereza e a rigidez do concreto, dizendo também sobre um tempo histórico duro e pesado, tanto em termos econômicos quanto sociais. Compreender o Brutalismo é, assim como acontece com quaisquer outras manifestações culturais, entender uma parte importante da história da humanidade. Infelizmente, porém, o filme de Brady Corbet, embora parta de uma premissa que ressoa fortemente nos tempos atuais, parece perdido, anacrônico e genérico em sua crônica temporal. O concreto, abundante nas obras do protagonista, é escasso na fundação do filme, um dos mais fracos da temporada de premiações de 2025. ‘O Brutalista’ é, no fim das contas, um épico feito de papel”.
Aline Pereira do site Adoro Cinema avaliou com 4 estrelas, ou seja, ótimo. Escreveu: “Um ponto que pode ser (...) incômodo é a exploração melodramática do sofrimento do protagonista. Esteja pronto para testemunhar um sem-fim de tragédias: tudo de ruim que poderia acontecer a alguém acontece com László. Senti o coração apertado de angústia por ele porque, apesar dos exageros, a história se esforça para tornar o clima bastante realista. Alguns dos acontecimentos, portanto, deixam uma profunda sensação melancólica – para a qual não só Adrien Brody parece o ator ideal, como faz Felicity Jones surpreender ao encarnar uma personagem carregada de enigmas, mas que tem menos tempo para ser explorada tão profundamente”.
O que eu achei: Brady Corbert é um diretor que eu não conhecia. Minha expectativa com esse filme era grande pois Adrien Brody é um grande ator e o longa teve 10 indicações ao Oscar, então achei que valeria a pena encarar as 3h35m de duração. Na trama o que vamos ver é a saga épica do arquiteto brutalista judeu László Toth, um personagem que nunca existiu mas que, segundo o diretor, representa um mix de diversos arquitetos reais, em especial um húngaro chamado Marcel Breuer. As 3h35m são dividas em duas metades: na primeira metade temos uma pequena introdução e a parte 1 denominada "O Enigma da Chegada" (1947-1952) que mostra a chegada de Toth na América indo ao encontro de seu primo que possui uma loja de móveis, desenvolvendo um novo estilo de mobiliário e conhecendo um ricaço que o contrata para construir um centro cultural, enquanto na parte 2 denominada "O Núcleo Duro da Beleza" (1953-1960) acompanhamos a chegada de sua esposa e sobrinha nos EUA e os altos e baixos que ocorrem durante a construção desse centro. Apesar do filme ter qualidades como a já esperada excelência do ator Adrien Brody – que ganhou merecidamente o Oscar pela sua atuação – e as também premiadas fotografia e trilha sonora, o longa é bastante irregular. Enquanto a primeira parte flui de forma perfeita, a segunda está cheia de problemas como o roteiro pouco convincente e bastante desequilibrado, as cenas de sexo mecânicas e mal desenvolvidas, a repetição de informações desnecessárias que já estavam postas na primeira parte e um epílogo didático bastante ambíguo com relação ao era proposto. Um filme que parecia se erguer no sentido de explorar o tal 'sonho americano' com os EUA como a 'terra das oportunidades', demonstrando a rejeição aos imigrantes com este sonho virando um pesadelo, mas que desmorona antes de finalizar. Tem qualidades, mas está longe de ser a obra irretocável que as 10 indicações ao Oscar sugeriam.
Alicia Hernández do site BBC nos conta tratar-se de uma “produção independente que teve 10 indicações ao Oscar e venceu três - Melhor Ator (Adrien Brody), Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora – (...) revisitando um estilo arquitetônico do século 20 (...).
No filme de Brady Corbet, Adrien Brody - que levou o Oscar por sua atuação - interpreta um arquiteto judeu húngaro que migra para os Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial. [Ele faz] parte do movimento arquitetônico conhecido como brutalismo, e é contratado para construir um enorme centro cultural de concreto para um magnata interpretado por Guy Pearce.
O brutalismo era formado por arquitetos jovens e ambiciosos que desafiavam as convenções da época e desafiavam o movimento anterior: o modernismo do período entreguerras. ‘Vem da expressão francesa 'béton brut', que significa 'concreto bruto', 'concreto aparente’, diz Fernando Martínez Nespral, diretor do Instituto de Arte e Pesquisa Estética Americana da Universidade de Buenos Aires. ‘Embora venha do francês, foram os ingleses que o nomearam assim e, embora as pessoas pensem que vem do fato de os edifícios terem volumes muito grandes, eles o associam ao brutal, mas é simplesmente porque o que você vê é concreto natural, aparente’.
O termo ‘brutalista’ foi cunhado e popularizado por Reyner Banham, um crítico de arquitetura inglês da influente revista The Architectural Review. Nascido na Alemanha, com nome inspirado no francês e batizado na Inglaterra, o movimento marcou profundamente a arquitetura brasileira entre anos 1950 e 1970 - e os edifícios brutalistas desse período até hoje despertam fortes reações nos frequentadores. Mas o que exatamente é o brutalismo e quais os edifícios que o representam?
Para começar, e impossível falar de brutalismo sem falar em Le Corbusier. Este arquiteto e teórico da arquitetura de nacionalidade sueca e francesa criou o projeto Unité d'Habitation, um conjunto de edifícios residenciais feitos de concreto natural. O primeiro foi feito entre 1945 e 1952 e se tornou uma inspiração para o estilo e o pensamento dos brutalistas. ‘É um movimento arquitetônico que surgiu depois da guerra, digamos no final dos anos 50. A partir desse momento, ocorreu o que chamamos de crise do movimento moderno, que nasceu depois da Primeira Guerra Mundial com a ideia de que, como havia um mundo novo, seria um mundo melhor, mais justo, mais pacífico’, diz Fernando Martínez Nespral. Mas com a Segunda Guerra Mundial, ainda mais sangrenta que a primeira, e a subsequente Guerra Fria entre EUA e União Soviética, as rápidas mudanças pelas quais o mundo passou influenciaram a arte e o design. (...)
Os arquitetos já conheciam as vantagens do concreto armado - como seu preço e durabilidade - mas até aquele momento ele era usado apenas como estrutura. ‘No processo de exploração de todas as possibilidades arquitetônicas, propõe-se que ela possa ser usada não apenas como uma estrutura escondida, mas como algo estético’, diz Martínez Nespral. O material tornou-se popular devido à necessidade de criar estruturas funcionais e baratas, especialmente na Europa, que havia sido devastada pelos estragos da guerra. Porém, apesar do menor custo do material e de sua simplicidade, a arquitetura brutalista mostra textura, ritmo e movimento, já que o próprio concreto permite a criação de qualquer forma que se queira, quase sem limites".
No Brasil, a arquitetura do meio do século 20 foi especialmente influenciada pelo estilo. Dentre as diversas construções que temos por aqui, vale citar duas muito famosas: o SESC Pompéia, em São Paulo e a Catedral de São Sebastião, no Rio de Janeiro. Mas há exemplos de brutalismo em toda a América Latina, do México à Argentina”, como a Biblioteca Nacional Mariano Moreno, em Buenos Aires (Argentina), o Banco Central da Guatemala, na Cidade da Guatemala (República da Guatemala), o Edifício da Cepal, Santiago (Chile), a Biblioteca da Universidade Nacional Autônoma do México, Cidade do México (México), o Museu Rufino Tamayo, na Cidade do México (México), o Teatro Teresa Carreño, em Caracas (Venezuela) e a Embaixada da Rússia, em Havana (Cuba).
Outra informação importante é que, segundo a Folha SP, o arquiteto que o filme retrata - László Tóth – nunca existiu. Segundo o diretor ele é “uma ‘amálgama’ de vários arquitetos famosos, especialmente Marcel Breuer. Assim como o fictício Tóth, Breuer nasceu na Hungria, formou-se na influente Bauhaus, na Alemanha entre guerras, e emigrou para os EUA. Ambos projetaram seus modelos distintivos de cadeiras antes de planejar grandes edifícios. Judeus, ambos foram contratados para erguer gigantescas construções cristãs em partes remotas dos EUA que se tornariam suas obras-primas. Corbet afirmou que um livro sobre o trabalho de Breuer na Abadia de São João, na região rural de Minnesota, foi uma inspiração chave. Breuer também é conhecido por ter projetado partes da sede da UNESCO em Paris; o Museu Whitney de Arte Americana, em Nova York; e o Edifício Pirelli Tire, em Connecticut”.
O que disse a crítica: Lucas Oliveira do site Cinematório avaliou com 2,5 estrelas, ou seja, regular. Disse: “Voltando à origem, ao título do filme e àquilo que deveria ser seu cerne, o estilo brutalista ressalta a aspereza e a rigidez do concreto, dizendo também sobre um tempo histórico duro e pesado, tanto em termos econômicos quanto sociais. Compreender o Brutalismo é, assim como acontece com quaisquer outras manifestações culturais, entender uma parte importante da história da humanidade. Infelizmente, porém, o filme de Brady Corbet, embora parta de uma premissa que ressoa fortemente nos tempos atuais, parece perdido, anacrônico e genérico em sua crônica temporal. O concreto, abundante nas obras do protagonista, é escasso na fundação do filme, um dos mais fracos da temporada de premiações de 2025. ‘O Brutalista’ é, no fim das contas, um épico feito de papel”.
Aline Pereira do site Adoro Cinema avaliou com 4 estrelas, ou seja, ótimo. Escreveu: “Um ponto que pode ser (...) incômodo é a exploração melodramática do sofrimento do protagonista. Esteja pronto para testemunhar um sem-fim de tragédias: tudo de ruim que poderia acontecer a alguém acontece com László. Senti o coração apertado de angústia por ele porque, apesar dos exageros, a história se esforça para tornar o clima bastante realista. Alguns dos acontecimentos, portanto, deixam uma profunda sensação melancólica – para a qual não só Adrien Brody parece o ator ideal, como faz Felicity Jones surpreender ao encarnar uma personagem carregada de enigmas, mas que tem menos tempo para ser explorada tão profundamente”.
O que eu achei: Brady Corbert é um diretor que eu não conhecia. Minha expectativa com esse filme era grande pois Adrien Brody é um grande ator e o longa teve 10 indicações ao Oscar, então achei que valeria a pena encarar as 3h35m de duração. Na trama o que vamos ver é a saga épica do arquiteto brutalista judeu László Toth, um personagem que nunca existiu mas que, segundo o diretor, representa um mix de diversos arquitetos reais, em especial um húngaro chamado Marcel Breuer. As 3h35m são dividas em duas metades: na primeira metade temos uma pequena introdução e a parte 1 denominada "O Enigma da Chegada" (1947-1952) que mostra a chegada de Toth na América indo ao encontro de seu primo que possui uma loja de móveis, desenvolvendo um novo estilo de mobiliário e conhecendo um ricaço que o contrata para construir um centro cultural, enquanto na parte 2 denominada "O Núcleo Duro da Beleza" (1953-1960) acompanhamos a chegada de sua esposa e sobrinha nos EUA e os altos e baixos que ocorrem durante a construção desse centro. Apesar do filme ter qualidades como a já esperada excelência do ator Adrien Brody – que ganhou merecidamente o Oscar pela sua atuação – e as também premiadas fotografia e trilha sonora, o longa é bastante irregular. Enquanto a primeira parte flui de forma perfeita, a segunda está cheia de problemas como o roteiro pouco convincente e bastante desequilibrado, as cenas de sexo mecânicas e mal desenvolvidas, a repetição de informações desnecessárias que já estavam postas na primeira parte e um epílogo didático bastante ambíguo com relação ao era proposto. Um filme que parecia se erguer no sentido de explorar o tal 'sonho americano' com os EUA como a 'terra das oportunidades', demonstrando a rejeição aos imigrantes com este sonho virando um pesadelo, mas que desmorona antes de finalizar. Tem qualidades, mas está longe de ser a obra irretocável que as 10 indicações ao Oscar sugeriam.