
Comentário: Jerry Seinfeld (1954) é um ator, humorista, escritor e produtor americano. Ele fez enorme sucesso com a sitcom “Seinfeld”, que retratava o quotidiano de quatro amigos: Elaine Benes, Cosmo Kramer, George Costanza e seu homônimo Jerry Seinfeld. Além dele se apresentar em shows de comédia stand up, Seinfeld produziu a animação computadorizada “Bee Movie” (2007). Em 2012 ele lançou o show “Comedians in Cars Getting Coffee” em que convida comediantes famosos para dar uma volta em carros e tomar café. “A Batalha do Biscoito Pop-Tart” (2024) é sua estreia na direção de filmes.
José Flávio Júnior da Gazeta do Povo nos conta que “Jerry Seinfeld pregou uma peça em seu público. Após acertar na mosca dizendo num podcast que o politicamente correto e a extrema esquerda mataram a comédia, impossibilitando que tenhamos boas ofertas de humor na TV como nos velhos tempos, o criador da série ‘Seinfeld’ não foi para o confronto. Preferiu lançar um filme na Netflix que dificilmente sofrerá qualquer tipo de patrulha. ‘A Batalha do Biscoito Pop-Tart’ é um trabalho singelo, que pode ser até uma boa pedida para ser visto com filhos e netos, sem potencial para ofender ninguém – talvez só quem esperava algo mais ousado.
Durante a pandemia de Covid-19, Seinfeld conversou com seus parceiros roteiristas sobre escrever um filme contando a história do nascimento das Pop-Tarts, uma espécie de tortinha para ser esquentada na torradeira que faz sucesso nos Estados Unidos desde os idos de 1960. O humorista de 70 anos tem uma famosa piada sobre a guloseima que costuma incluir em seus stand-ups. Além disso, ele é fissurado por comida matinal, conforme visto em diversos episódios de Seinfeld. Um de seus prazeres no seriado que marcou os anos 90 era trocar o almoço ou o jantar por uma tigela de cereal com leite.
Para fazer o longa-metragem da Netflix, ele não se preocupou em contar a história como de fato aconteceu. Tanto que a Kellogg’s, marca que inventou a tortinha, não é parceira do produto audiovisual, diferentemente dos filmes da Lego ou de Barbie, que teve envolvimento da fábrica de brinquedos Mattel desde o nascedouro. Seinfeld queria poder mistificar a criação das Pop-Tarts, sem depender da aprovação da empresa de cereais, buscando pontos de risada fora do relato verdadeiro. (...)
Em ‘A Batalha do Biscoito Pop-Tart’, todos os personagens são bobos ou ingênuos. Os papeis ficaram com craques como Peter Dinklage (que faz o líder do sindicato dos leiteiros, revoltado com um novo produto matinal que não carece de leite), Hugh Grant (ator shakespeariano que faz um bico como Tony the Tiger, mascote da Kellogg’s), Bill Burr (como o então presidente JFK) e Melissa McCarthy (desenvolvedora de produtos de importância fundamental para as Pop-Tarts ganharem vida). O próprio Jerry Seinfeld, que estreia como diretor, ficou com o papel principal de Bob Cabana, o responsável pelo projeto da tortinha. (...)
Ao optar por um filme mais familiar, talvez considerando que o café-da-manhã é um tema caro para as crianças e que reúne os entes queridos à mesa todos os dias, Seinfeld fugiu de situações muito grotescas e de diálogos ácidos. Há coisas que parecem bizarras no papel, como dois jovenzinhos que buscam por restos de alimentos nos lixos da Post, empresa rival da Kellogg’s, mas que na execução passam longe de chocar. A exceção é o personagem de Thomas Lennon, um alemão recrutado para ajudar na elaboração das Pop-Tarts”.
O que disse a crítica: Flávio Pinto do site Terra detestou. Escreveu: “Com uma história esquecível, o comediante desperdiça esforços e um elenco que inclui Melissa McCarthy, Hugh Grant, Christian Slater e Amy Schumer”. Segundo ele, “O conceito [do filme] funcionaria melhor como uma piada isolada dentro de um stand-up, algo rápido e passageiro, (...) mas não como uma narrativa de uma hora e meia. É interessante notar que Seinfeld conquistou fama ao criar uma comédia sobre ‘nada’ [referindo-se à famosa sitcom ‘Seinfeld’]. Mais que interessante - e até irônico - é perceber que seu primeiro esforço como diretor resultou em um filme que também poderia ser descrito como simplesmente ‘nada’".
Ritter Fan do site Plano Crítico avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Disse: “Como o alimento que critica e que funciona como um símbolo da comida porcaria que é marca dos EUA, mas que já se espalhou – em maior ou menor grau – pelo mundo todo, ‘A Batalha do Biscoito Pop-Tart’ é uma besteira que é muito mais forma do que substância. Mas, diferente do ‘biscoito’ quase radioativo e de seus colegas de prateleira, por assim dizer, o pouco de substância que o longa aborda tem seu valor e vale o investimento de tempo desde que o espectador saiba que está assistindo quase que um projeto de vaidade de um Jerry Seinfeld que mostra que, ainda bem, não mudou nadinha em seu jeito de fazer comédia no alto de seus bem vividos 70 anos”.
O que eu achei: O filme é uma decepção. Acostumada a ver o Jerry Seinfeld na sitcom que leva seu sobrenome, eu esperava bem mais de sua estreia na direção de um longa. Claro que o tema do filme – a batalha entre duas gigantes de cereais americanos Post e Kellogg’s na criação de um biscoito – não dava margem pra alguém esperar que o filme pudesse ser de algum interesse, mas dirigido por ele e protagonizado por ele, quem sabe aquele seu dom de fazer comédia sobre o nada pudesse render uma comédia inteligente mesmo diante de uma temática tão insossa. Mas que nada. Seus tempos áureos ficaram pra trás. O resultado dessa estreia, mesmo contando com um bom elenco - Melissa McCarthy, Hugh Grant, Christian Slater – é simplesmente sofrível. Nem como um mero passatempo para reunir a família e dar algumas gargalhadas ele serve. Curioso que numa entrevista concedida por ele em maio deste ano num programa americano chamado Honestly, ele já havia provocado grande decepção em seus fãs ao dizer que ele sentia falta de uma "masculinidade dominante". Outra declaração sua que já não havia caído bem era a de que “a extrema esquerda estava sufocando a arte da comédia por conta do medo de soar ofensivo”, algo que ele chegou inclusive a se arrepender publicamente de ter dito. Mas o filme agora confirma que sua boa fase ficou parada lá nos anos 90. Envelhecer, pelo visto, não fez muito bem a ele.
José Flávio Júnior da Gazeta do Povo nos conta que “Jerry Seinfeld pregou uma peça em seu público. Após acertar na mosca dizendo num podcast que o politicamente correto e a extrema esquerda mataram a comédia, impossibilitando que tenhamos boas ofertas de humor na TV como nos velhos tempos, o criador da série ‘Seinfeld’ não foi para o confronto. Preferiu lançar um filme na Netflix que dificilmente sofrerá qualquer tipo de patrulha. ‘A Batalha do Biscoito Pop-Tart’ é um trabalho singelo, que pode ser até uma boa pedida para ser visto com filhos e netos, sem potencial para ofender ninguém – talvez só quem esperava algo mais ousado.
Durante a pandemia de Covid-19, Seinfeld conversou com seus parceiros roteiristas sobre escrever um filme contando a história do nascimento das Pop-Tarts, uma espécie de tortinha para ser esquentada na torradeira que faz sucesso nos Estados Unidos desde os idos de 1960. O humorista de 70 anos tem uma famosa piada sobre a guloseima que costuma incluir em seus stand-ups. Além disso, ele é fissurado por comida matinal, conforme visto em diversos episódios de Seinfeld. Um de seus prazeres no seriado que marcou os anos 90 era trocar o almoço ou o jantar por uma tigela de cereal com leite.
Para fazer o longa-metragem da Netflix, ele não se preocupou em contar a história como de fato aconteceu. Tanto que a Kellogg’s, marca que inventou a tortinha, não é parceira do produto audiovisual, diferentemente dos filmes da Lego ou de Barbie, que teve envolvimento da fábrica de brinquedos Mattel desde o nascedouro. Seinfeld queria poder mistificar a criação das Pop-Tarts, sem depender da aprovação da empresa de cereais, buscando pontos de risada fora do relato verdadeiro. (...)
Em ‘A Batalha do Biscoito Pop-Tart’, todos os personagens são bobos ou ingênuos. Os papeis ficaram com craques como Peter Dinklage (que faz o líder do sindicato dos leiteiros, revoltado com um novo produto matinal que não carece de leite), Hugh Grant (ator shakespeariano que faz um bico como Tony the Tiger, mascote da Kellogg’s), Bill Burr (como o então presidente JFK) e Melissa McCarthy (desenvolvedora de produtos de importância fundamental para as Pop-Tarts ganharem vida). O próprio Jerry Seinfeld, que estreia como diretor, ficou com o papel principal de Bob Cabana, o responsável pelo projeto da tortinha. (...)
Ao optar por um filme mais familiar, talvez considerando que o café-da-manhã é um tema caro para as crianças e que reúne os entes queridos à mesa todos os dias, Seinfeld fugiu de situações muito grotescas e de diálogos ácidos. Há coisas que parecem bizarras no papel, como dois jovenzinhos que buscam por restos de alimentos nos lixos da Post, empresa rival da Kellogg’s, mas que na execução passam longe de chocar. A exceção é o personagem de Thomas Lennon, um alemão recrutado para ajudar na elaboração das Pop-Tarts”.
O que disse a crítica: Flávio Pinto do site Terra detestou. Escreveu: “Com uma história esquecível, o comediante desperdiça esforços e um elenco que inclui Melissa McCarthy, Hugh Grant, Christian Slater e Amy Schumer”. Segundo ele, “O conceito [do filme] funcionaria melhor como uma piada isolada dentro de um stand-up, algo rápido e passageiro, (...) mas não como uma narrativa de uma hora e meia. É interessante notar que Seinfeld conquistou fama ao criar uma comédia sobre ‘nada’ [referindo-se à famosa sitcom ‘Seinfeld’]. Mais que interessante - e até irônico - é perceber que seu primeiro esforço como diretor resultou em um filme que também poderia ser descrito como simplesmente ‘nada’".
Ritter Fan do site Plano Crítico avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Disse: “Como o alimento que critica e que funciona como um símbolo da comida porcaria que é marca dos EUA, mas que já se espalhou – em maior ou menor grau – pelo mundo todo, ‘A Batalha do Biscoito Pop-Tart’ é uma besteira que é muito mais forma do que substância. Mas, diferente do ‘biscoito’ quase radioativo e de seus colegas de prateleira, por assim dizer, o pouco de substância que o longa aborda tem seu valor e vale o investimento de tempo desde que o espectador saiba que está assistindo quase que um projeto de vaidade de um Jerry Seinfeld que mostra que, ainda bem, não mudou nadinha em seu jeito de fazer comédia no alto de seus bem vividos 70 anos”.
O que eu achei: O filme é uma decepção. Acostumada a ver o Jerry Seinfeld na sitcom que leva seu sobrenome, eu esperava bem mais de sua estreia na direção de um longa. Claro que o tema do filme – a batalha entre duas gigantes de cereais americanos Post e Kellogg’s na criação de um biscoito – não dava margem pra alguém esperar que o filme pudesse ser de algum interesse, mas dirigido por ele e protagonizado por ele, quem sabe aquele seu dom de fazer comédia sobre o nada pudesse render uma comédia inteligente mesmo diante de uma temática tão insossa. Mas que nada. Seus tempos áureos ficaram pra trás. O resultado dessa estreia, mesmo contando com um bom elenco - Melissa McCarthy, Hugh Grant, Christian Slater – é simplesmente sofrível. Nem como um mero passatempo para reunir a família e dar algumas gargalhadas ele serve. Curioso que numa entrevista concedida por ele em maio deste ano num programa americano chamado Honestly, ele já havia provocado grande decepção em seus fãs ao dizer que ele sentia falta de uma "masculinidade dominante". Outra declaração sua que já não havia caído bem era a de que “a extrema esquerda estava sufocando a arte da comédia por conta do medo de soar ofensivo”, algo que ele chegou inclusive a se arrepender publicamente de ter dito. Mas o filme agora confirma que sua boa fase ficou parada lá nos anos 90. Envelhecer, pelo visto, não fez muito bem a ele.