20.5.24

“Alexandria” - Alejandro Amenábar (Espanha/Malta/Portugal/França/EUA, 2009)

Sinopse:
Na Alexandria, no ano de 391, Hipátia (Rachel Weisz) é professora de astronomia e matemática, além de filósofa. Um dos seus alunos, Orestes (Oscar Isaac), está apaixonado por ela, assim como o seu escravo Davus (Max Minghella). Juntos, eles deverão lutar contra a extinção da biblioteca local e outras grandes instituições, que não devem sobreviver quando o Cristianismo ganha poder político na cidade.
Comentário: Alejandro Amenábar (1972) é um cineasta chileno-espanhol nascido em Santiago do Chile. Ele dirigiu em torno de 7 filmes, além de ter atuado na produção de roteiros ou como produtor e compositor de músicas. Vi dele a obra-prima "Os Outros" (2001), os bons "Preso na Escuridão" (1997) e "Mar Adentro" (2004) e o mediano "Regressão" (2015).
Diego Assis do site G1 nos conta que “Além da dedicação integral aos estudos matemáticos, a aversão em se relacionar com homens era uma das principais características de Hipátia, uma das grandes figuras da filosofia do século IV d.C. ‘Era uma pessoa extremamente obcecada por seu trabalho’, contou Rachel Weisz [que interpreta a protagonista]. (...) Filha de Theon, último diretor da célebre Biblioteca de Alexandria, a personagem adota a postura severa própria de um homem para conseguir se firmar em uma sociedade fortemente controlada pelo sexo oposto. Apesar disso, a beleza desconcertante da pensadora provoca a paixão de dois personagens próximos a ela, o escravo Davus (Max Minghella) e o discípulo Orestes (Oscar Isaac).
Mas ‘Alexandria’ não se resume ao triângulo amoroso. Ambientada no período do declínio do Império Romano, a história aborda também os conflitos entre a religião cristã e a ciência. ‘Não se trata de um filme anticristão, como alguns podem pensar, mas contra o fundamentalismo. Contra a ideia de que, se estamos discutindo sobre algo que não concordamos, você vem e me mata’, explicou o diretor de ‘Os Outros’ e ‘Mar Adentro’, que se diz ateu e apaixonado por astronomia, como a protagonista, Hipátia. ’É difícil de acreditar que Amenábar tenha sido o primeiro a levar a história dela ao cinema’, aponta Weisz. ‘Eu me perguntava: quantos filmes a gente já viu sobre Cleópatra e até agora nenhum sobre Hipátia? Me impressiona que ninguém tivesse se interessado por uma mulher com tantos conflitos’, completa Amenábar. Situada (...) no Egito Antigo, a história de Alexandria permite ainda traçar paralelos diretos com os tempos atuais, seja com os grupos fundamentalistas no Oriente Médio e Afeganistão, seja com a política bélica norte-americana, defende o diretor. ‘Os Estados Unidos são o Império Romano de hoje. E é preciso entender que tempos de crise financeira e política como os de hoje são tempos de mudanças’. A atriz Rachel Weisz concorda: ‘a primeira coisa que pensei quando tive contato com essa história foi em como muita coisa não mudou. Em alguns lugares do mundo, as pessoas continuam se matando em nome Deus, e mulheres ainda estão sendo privadas do direito à educação’."
O filme recebeu sete Prêmios Goya, incluindo o de Melhor Roteiro Original, de Amenábar e Mateo Gil. A obra também suscitou polêmicas: foi proibida pela censura no Egito, por conter cenas consideradas insultuosas para a religião, e acusada pelo Observatório Antidifamação Religiosa de "promover ódio ao cristianismo e reforçar falsos clichês sobre a Igreja Católica".
O que disse a crítica: Rafael Lima do site Plano Crítico avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Escreveu: “’Alexandria’ revela-se um projeto ambicioso de Alejandro Amenábar, que vindo de dois grandes sucessos, busca claramente se desafiar como realizador, o que é sempre louvável. Entretanto, apesar de possuir uma protagonista engajante, muito bem defendida por Rachel Weisz, e discutir de forma até interessante temas como o papel da ciência e da religião na política, o filme nunca parece encontrar um foco narrativo real, não conseguindo articular as linhas narrativas macro com os dramas mais pessoais dos personagens, o que também se reflete na direção. Não é um filme ruim, longe disso, mas é uma obra que apesar de visivelmente se esforçar para isso, acabou não encontrando a sua identidade”.
João Lanari Bo do site Vertentes do Cinema avaliou com 4 estrelas, ou seja, ótimo. Disse: “’Alexandria’ (...) tem tudo o que um luxuoso produto hollywoodiano requer: cenografia e figurinos de época, falado em inglês com sutil acento britânico, interpretações calibradas, emoções históricas, mas… tem um problema: o que o filme mostra é tão próximo ao que acontece hoje (...) que o desconforto do espectador é quase uma inevitável armadilha”.
O que eu achei: Quando vi que o filme era do diretor chileno-espanhol Alejandro Amenábar, achei que valeria a pena assistir, mas me deparei com aquele típico filme épico bíblico que vemos na Páscoa com cenários grandiosos, muita figuração e música grandiosa que dificultam a vontade de seguir em frente. O título original “Ágora” é muito adequado pois significa a praça da cidade, o local de encontro de mercadores e também de debates públicos, o espaço onde se confrontavam posições, onde se construía a democracia, que é o foco do filme. No Brasil veicularam pelo nome mais amplo de “Alexandria”, a cidade fundada por Alexandre Magno em 332 a.C. onde a trama acontece. Assim que o filme começa o narrador já informa que é neste local que ficava a Biblioteca de Alexandria que foi uma das maiores redes de ensino do mundo antigo, onde todo o conhecimento estava abrigado até ela sofrer um grande ataque por fanáticos do movimento do cristianismo liderados por Cirilo, bispo da Santa Igreja Católica Romana, que destruiu praticamente tudo. Conta-se que, depois disso, ela ainda sofreu outros ataques que o filme não chega a mostrar. Apesar da forma como o filme é construído não ser muito cativante, o que vale aqui é conhecer a figura de Hipátia (Rachel Weisz), a primeira mulher matemática que se tem conhecimento. Filósofa, conferencista e astrônoma, ela foi responsável por grandes descobertas científicas, numa época em que o conhecimento não era acessível ao sexo feminino. Acabou morta como já era de se esperar. O filme se passa no ano de 391 d.C durante o domínio do Império Romano e é bem desconfortável observar que a destruição da ciência pela política da fé ainda está presente no mundo contemporâneo. Concluindo, é um filme ruim que passa informações importantes.