19.12.22

“Greed - A Indústria da Moda" - Michael Winterbottom (Reino Unido, 2019)

Sinopse:
O bilionário britânico Richard McCreadie (Steve Coogan) governa a indústria da moda há 30 anos. Uma investigação pública, entretanto, prejudica a sua imagem e o seu império entra em crise. Para tentar salvar a sua reputação, ele decide fazer uma festa extravagante para comemorar seu aniversário de 60 anos na ilha grega de Mykonos.
Comentário: Trata-se de uma crítica satírica sobre o milionário Sir Richard McCreadie, dono de uma franquia de lojas de roupas que, por conta de uma denúncia que mancha sua imagem no mundo dos negócios, resolve abafar a situação comemorando seu aniversário de 60 anos numa mega festa na Grécia com todo o glamour que as páginas midiáticas gostam. Dizem que o personagem foi baseado no empresário Philip Green, presidente do Arcadia Group, uma empresa de varejo que é dona das marcas Topshop, Topman, Wallis, Evans, Burton, Miss Selfridge, Dorothy Perkins e Outfit. Mas retrata diversas gigantes de varejo - como Forever 21, Zara, H&M, Renner, C&A e Riachuelo - cujos proprietários enriquecem enquanto contratam empresas terceirizadas que costuram suas peças a preços absurdamente baixos, em condições de semiescravidão. Segundo Marcel Plasse do site Pipoca Moderna, o diretor Michael Winterbottom concedeu uma entrevista ao jornal inglês The Guardian na qual ele conta que “Originalmente, o filme terminava com uma lista de marcas que lucravam com salários baixos de trabalhadores em fábricas asiáticas, mas Winterbottom afirmou que Laine Kline, chefe da Sony Pictures International, que cofinanciou o filme e o distribui globalmente, ordenou que essas referências fossem removidas. ‘Não vamos mencionar marcas individuais ou milionários pois estamos preocupados com os possíveis danos às relações corporativas da Sony com essas marcas e pessoas’, disse Winterbottom ao jornal, acrescentando que o filme também citava pessoas como Beyoncé, Stevie Wonder, Robbie Williams, Tom Jones, Jennifer Lopez e as Destiny’s Child, que recebiam dinheiro para ir às festas de Philip Green, mas as referências a essas pessoas também foram removidas do filme”. 
O que disse a crítica: Rafaela Gomes do site Cine Pop gostou. Segundo ela, o filme “se comunica mais diretamente com consumidores de fast fashion. Explorando uma dura realidade esquecida até mesmo por celebridades, que no passado se associaram a essas marcas com coleções especiais (como é o próprio caso da Gisele Bündchen, que já estampou uma parceria com a H&M no passado), o filme faz duras críticas ao modelo contemporâneo de trabalho escravo adotado por essas lojas. Usando o sarcasmo como o filtro que visa colocar toda a audiência em posição de alerta e análise, o longa nos leva a nos questionarmos a respeito de nossas escolhas quando o assunto é moda”. 
O que eu achei: Eu, que já assisti do Winterbottom os excelentes "A Festa Nunca Termina" (2002) e “9 Canções” (2004) e ao bom “O Convidado” (2018), achei “Greed” um filme que fica abaixo dos anteriores, mas que, ainda assim, vale ser visto. Atenção à excelente trilha sonora.