15.8.21

"O Pássaro Pintado" - Václav Marhoul (República Tcheca/Eslováquia/Ucrânia, 2019)

Sinopse:
 
Durante a Segunda Guerra Mundial, um jovem garoto judeu (Petr Kotlár) é enviado pelos pais para viver em segurança com a tia. Mas quando ela morre, ele tenta voltar para casa e passa a vagar sozinho em um mundo selvagem e hostil.
Comentário: Trata-se da versão cinematográfica do livro homônimo do polonês Jerzy Kosinski feito com relatos de sobreviventes do HolocaustoSegundo Isabela Boscov da Veja "Quando o rosto do pequeno ator Petr Kotlár está em close, ele é em si uma paisagem, feita de fúria, indignação e desconsolo. Quando a câmera do diretor checo Václav Marhoul se afasta, porém, vê-se como o menino é frágil. Seu personagem sem nome quase some no meio dos campos e florestas fotografados em um preto e branco belíssimo, e aparece em desvantagem assustadora em relação aos seus inúmeros torturadores - aldeões de superstições medievais, um moleiro velho corroído de ciúme, soldados alemães para os quais ele é um alvo, uma jovem que o usa para satisfazer sua luxúria, os cossacos que vêm exterminar um vilarejo e um pedófilo ao qual ele é entregue por um padre iludido. Na sua fuga por um Leste Europeu de detalhes duramente realistas mas também de contornos alegóricos e fronteiras indeterminadas, o garoto judeu é como o estorninho que um camponês - um dos poucos personagens que se abstêm de fazer-lhe alguma perversidade - pinta de branco e lança ao céu: confundido com um inimigo, ele é feito em pedaços assim que se junta ao seu bando. A cena dura alguns segundos; já a odisseia do protagonista de 'O Pássaro Pintado' (...) dura quase três horas na tela, ou vários anos em tempo dramatúrgico. Ao final dela, a dúvida será se algo de humano restou nele". O filme tem uma fotografia incrível que me lembrou Bela Tárr. Ele é ao mesmo tempo lindo e violento, veja com o espírito preparado.