27.12.10

"Ladrões de Bicicleta" - Vittorio De Sica (Itália, 1948)

Sinopse: Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani) é um pobre pai de família que procura trabalho. Depois de muitas tentativas, no difícil cenário do pós-guerra na Itália, consegue um emprego como afixador de cartazes, para o qual é condição possuir uma bicicleta. Ele e sua família, há meses na miséria, tinham penhorado sua única bicicleta. Assim que conta à sua esposa (Lianella Carell) ela decide penhorar os lençóis de sua cama para poder resgatar a bicicleta para o marido poder trabalhar.
Comentário: Trata-se do filme número 63 da lista dos 100 Essenciais elaborada pela Revista Bravo! em 2007. A matéria diz: "Enquanto Roberto Rossellini é o grande mestre do neorrealismo italiano que surgiu em 1945, Vittorio De Sica é o pai de 'Ladrões de Bicicleta', que se tornou um marco do movimento e que, mesmo após tanto tempo, comove os mais diversos públicos. Uma das razões do sucesso está na mistura de neorrealismo com melodrama, em que a força dos atores ganha relevo na história e a trilha sonora conduz as emoções. No pós-guerra, sob a crise de desemprego, Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani) busca uma ocupação para conseguir sustentar sua família. O cenário é a Itália nos anos imediatamente após a Segunda Guerra Mundial. A falta de emprego é generalizada, e a miséria faz os desempregados aceitarem qualquer biscate. Antonio consegue um trabalho, mas logo tem sua bicicleta roubada. Começará o calvário desse homem, que, acompanhado do seu pequeno filho, Bruno (Enzo Staiola), tentará resgatar o veículo. O roteiro do longa traz a assinatura de Cesare Zavattini, membro do Partido Comunista. Não é difícil ligar esse fato ao final quase trágico do filme, no qual o sistema todo parece rodar em falso, não sair do lugar e alimentar o sofrimento dos mais pobres. De Sica já construía, naquele momento, a vasta filmografia que o consagraria no futuro, no terreno das comédias dramáticas (como 'Matrimônio à Italiana', de 1964), outras mais dramáticas que cômicas ('Os Girassóis da Rússia', de 1970), ambas com o maior astro e diva do cinema italiano, Marcello Mastroianni e Sophia Loren. Também ator, ele apareceria em mais de 150 filmes, e daí o traço de sua criação ser a dos filmes de ator. Mas à parte essa enorme lista de criações, é 'Ladrões de Bicicleta' o filme que ele deixou como legado para a humanidade. Mesmo inclinado ao drama pessoal e a dramaturgia típica dos dramas, há aqui imagens fortíssimas, mostrando uma Itália ainda se soerguendo das ruínas, só um pouco melhor do que a mostrada em 'Paisà' (outro de Rossellini, rodado em 1946). Mas, à parte toda a destreza de De Sica e a paisagem romana convidativa ao drama, é o ator-mirim Enzo Staiola na imagem final quem torna esse longa um dos grandes clássicos da história do cinema". 
O que eu achei: Trata-se de uma obra-prima. Atenção às locações que mostram ruas e bairros populares de Roma, atenção também à trilha sonora criada pelo compositor Alessandro Cicognini. Recebeu inúmeros prêmios, dentre eles o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Imperdível.