
Comentário: Pedro Almodóvar (1949) é um cineasta espanhol de quem já assisti 17 filmes, dentre eles os ótimos “Maus Hábitos” (1983), "A Lei do Desejo" (1986), “Kika” (1993), "A Flor do Meu Segredo" (1995), “Tudo Sobre Minha Mãe” (1999), “Volver” (2006), “Abraços Partidos" (2009), "A Pele que Habito" (2011), "Os Amantes Passageiros" (2013), "Julieta" (2016), o curta “A Voz Humana” (2020) e “Madres Paralelas” (2021).
Célio Silva do site G1 nos conta que “Antes de "O Quarto ao Lado", o espanhol Pedro Almodóvar só tinha feito filmes falados em seu idioma original. Exibido (...) no Festival do Rio 2024, o longa chama atenção por ser o primeiro de sua carreira gravado totalmente em inglês. (...) Almodóvar mostra que, mesmo filmando fora de seu país natal, não perdeu a essência. O cineasta mantém seu estilo a partir de belos enquadramentos, cores fortes e, principalmente, sensibilidade ao dirigir o elenco e tratar de temas complexos.
Inspirado no livro ‘O Que Você Está Enfrentando’, de Sigrid Nunez, o longa conta a história de Ingrid (Julianne Moore), uma escritora consagrada que descobre o adoecimento de Martha (Tilda Swinton), mulher que ela conheceu quando trabalhava em uma revista. Após saber que Martha está sozinha num hospital em Nova York, distante de sua única filha, Ingrid decide retomar o contato com a amiga para confortá-la. Um dia, Martha convida a escritora para uma casa isolada de Woodstock, para onde se muda com o objetivo de melhorar a qualidade de vida. Ingrid aceita, mas sabe que, com isso, precisará lidar com uma questão que esbarra em seus valores. Mesmo com o conflito, as duas aproveitam o momento juntas para reviver o passado e compreender melhor o que poderá acontecer a partir de então.
O que torna ‘O Quarto ao Lado’ uma experiência tocante é a maneira que Pedro Almodóvar conduz o filme. O cineasta deixa de lado seu jeito provocador e exuberante para criar uma obra mais intimista. Ao mesmo tempo, ele dá ao público a emoção necessária para uma conexão com a história e seus personagens.
Como poucos, o diretor sabe falar do universo feminino em todas as suas formas. Em ‘O Quarto ao Lado", Almodóvar se aproxima de seu filme ‘Tudo Sobre Minha Mãe’ (1999), mas surge de maneira mais sofisticada. Ele usa o mesmo argumento do longa para revelar melhor a alma das protagonistas num momento difícil de suas vidas.
Alguns fãs podem estranhar a condução mais contida adotada pelo espanhol. Mas não se engane: o filme continua puro Almodóvar. Ao aceitar fazer um filme totalmente falado em inglês, Almodóvar se cercou de alguns de seus habituais colaboradores para não perder seu estilo tão conhecido entre os cinéfilos. Apesar do longa ter fotografia assinada por Eduard Grau, que trabalha com o diretor pela primeira vez, ela possui as mesmas características de outras obras do espanhol, com cores básicas e intensas, além de belos enquadramentos - alguns remetem a obras de Ingmar Bergman, como ‘Persona’. Fora isso, o filme tem uma emocionante trilha sonora assinada mais uma vez pelo habitual colaborador do cineasta, Alberto Iglesias. A produção é de seu irmão, Augustin Almodóvar.
Mesmo que seu roteiro não traga maiores novidades, ele surpreende por lidar com temas pesados, como a perda de um ente querido, com um inusitado humor que pode fazer o espectador se surpreender por rir em momentos que poderiam ser mais densos. Mesmo assim, eles não diminuem a importância ou a urgência que a trama exige”.
No elenco, além de Julianne Moore e Tilda Swinton, temos também John Turturro e Juan Diego Botto.
O filme levou o Leão de Ouro do Festival de Veneza. O filme também rendeu uma indicação de Melhor Atriz a Tilda Swinton no Globo de Ouro.
O que disse a crítica: Alexandre Almeida do site Omelete avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Disse: “’O Quarto ao Lado’ depende muito mais dos relacionamentos criados e da integração dessas peças do que realmente da história que elas estão contando. A incrível Julianne Moore, Swinton e Turturro poderiam ficar horas conversando, que o filme de Pedro Almodóvar ainda não perderia a força do que tem de melhor: multiplicar cumplicidade sem cair no barato dos discursos edificantes. No entanto, discutir sobre eutanásia e finitude dentro desses laços, não parece ser o maior foco do diretor”.
Sérgio Alpendre da Folha SP avaliou com 5 estrelas, ou seja, obra-prima. Escreveu: Em “O Quarto ao Lado” o “cineasta espanhol trabalha uma contenção que é quase inédita em sua carreira, ampliando e aperfeiçoando as possibilidades melodramáticas de seu ‘Tudo Sobre Minha Mãe’. Talvez por fazer pela primeira vez um longa em inglês, as citações de filmes, livros ou outras obras de arte são de artistas anglo-americanos: Virginia Woolf, James Joyce, Edward Hopper, Buster Keaton, John Huston. Almodóvar faz uma espécie de homenagem à arte de criadores que falam ou se expressam em inglês”.
O que eu achei: Achei este filme do Almodóvar bem diferente de todos os anteriores que vi dele. Além de ser o primeiro totalmente falado em língua inglesa, senti falta do estilo kitsch, tanto na decoração dos ambientes quanto nos personagens pitorescos, além de não encontrar a pegada melodramática e novelesca típica das histórias que ele conta. Este novo filme é a adaptação do livro “O Que Você Está Enfrentando” de Sigrid Nunez. Conta a história de uma mulher com câncer que já cansou de se submeter a tratamentos sem resultados e, por conta de levar uma vida de pouco contato com a única filha que ela tem, acaba aceitando a companhia de uma amiga para passar os seus últimos dias de vida. Os ambientes são sofisticados, assim como as personagens: Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton), duas mulheres cultas, comedidas em seus gestos, bem distantes daqueles personagens estridentes que estamos acostumados a ver nos filmes do diretor. O resultado é bom, trata do assunto da eutanásia e do direito que um ser humano deveria ter de colocar fim à sua vida, as duas atrizes são extremamente competentes, mas confesso que não vi muito de Almodóvar ali, nem nos diálogos, nem na seriedade/sisudez da trama. Desliguei com vontade de ver um filme do Almodóvar.
Célio Silva do site G1 nos conta que “Antes de "O Quarto ao Lado", o espanhol Pedro Almodóvar só tinha feito filmes falados em seu idioma original. Exibido (...) no Festival do Rio 2024, o longa chama atenção por ser o primeiro de sua carreira gravado totalmente em inglês. (...) Almodóvar mostra que, mesmo filmando fora de seu país natal, não perdeu a essência. O cineasta mantém seu estilo a partir de belos enquadramentos, cores fortes e, principalmente, sensibilidade ao dirigir o elenco e tratar de temas complexos.
Inspirado no livro ‘O Que Você Está Enfrentando’, de Sigrid Nunez, o longa conta a história de Ingrid (Julianne Moore), uma escritora consagrada que descobre o adoecimento de Martha (Tilda Swinton), mulher que ela conheceu quando trabalhava em uma revista. Após saber que Martha está sozinha num hospital em Nova York, distante de sua única filha, Ingrid decide retomar o contato com a amiga para confortá-la. Um dia, Martha convida a escritora para uma casa isolada de Woodstock, para onde se muda com o objetivo de melhorar a qualidade de vida. Ingrid aceita, mas sabe que, com isso, precisará lidar com uma questão que esbarra em seus valores. Mesmo com o conflito, as duas aproveitam o momento juntas para reviver o passado e compreender melhor o que poderá acontecer a partir de então.
O que torna ‘O Quarto ao Lado’ uma experiência tocante é a maneira que Pedro Almodóvar conduz o filme. O cineasta deixa de lado seu jeito provocador e exuberante para criar uma obra mais intimista. Ao mesmo tempo, ele dá ao público a emoção necessária para uma conexão com a história e seus personagens.
Como poucos, o diretor sabe falar do universo feminino em todas as suas formas. Em ‘O Quarto ao Lado", Almodóvar se aproxima de seu filme ‘Tudo Sobre Minha Mãe’ (1999), mas surge de maneira mais sofisticada. Ele usa o mesmo argumento do longa para revelar melhor a alma das protagonistas num momento difícil de suas vidas.
Alguns fãs podem estranhar a condução mais contida adotada pelo espanhol. Mas não se engane: o filme continua puro Almodóvar. Ao aceitar fazer um filme totalmente falado em inglês, Almodóvar se cercou de alguns de seus habituais colaboradores para não perder seu estilo tão conhecido entre os cinéfilos. Apesar do longa ter fotografia assinada por Eduard Grau, que trabalha com o diretor pela primeira vez, ela possui as mesmas características de outras obras do espanhol, com cores básicas e intensas, além de belos enquadramentos - alguns remetem a obras de Ingmar Bergman, como ‘Persona’. Fora isso, o filme tem uma emocionante trilha sonora assinada mais uma vez pelo habitual colaborador do cineasta, Alberto Iglesias. A produção é de seu irmão, Augustin Almodóvar.
Mesmo que seu roteiro não traga maiores novidades, ele surpreende por lidar com temas pesados, como a perda de um ente querido, com um inusitado humor que pode fazer o espectador se surpreender por rir em momentos que poderiam ser mais densos. Mesmo assim, eles não diminuem a importância ou a urgência que a trama exige”.
No elenco, além de Julianne Moore e Tilda Swinton, temos também John Turturro e Juan Diego Botto.
O filme levou o Leão de Ouro do Festival de Veneza. O filme também rendeu uma indicação de Melhor Atriz a Tilda Swinton no Globo de Ouro.
O que disse a crítica: Alexandre Almeida do site Omelete avaliou com 3 estrelas, ou seja, bom. Disse: “’O Quarto ao Lado’ depende muito mais dos relacionamentos criados e da integração dessas peças do que realmente da história que elas estão contando. A incrível Julianne Moore, Swinton e Turturro poderiam ficar horas conversando, que o filme de Pedro Almodóvar ainda não perderia a força do que tem de melhor: multiplicar cumplicidade sem cair no barato dos discursos edificantes. No entanto, discutir sobre eutanásia e finitude dentro desses laços, não parece ser o maior foco do diretor”.
Sérgio Alpendre da Folha SP avaliou com 5 estrelas, ou seja, obra-prima. Escreveu: Em “O Quarto ao Lado” o “cineasta espanhol trabalha uma contenção que é quase inédita em sua carreira, ampliando e aperfeiçoando as possibilidades melodramáticas de seu ‘Tudo Sobre Minha Mãe’. Talvez por fazer pela primeira vez um longa em inglês, as citações de filmes, livros ou outras obras de arte são de artistas anglo-americanos: Virginia Woolf, James Joyce, Edward Hopper, Buster Keaton, John Huston. Almodóvar faz uma espécie de homenagem à arte de criadores que falam ou se expressam em inglês”.
O que eu achei: Achei este filme do Almodóvar bem diferente de todos os anteriores que vi dele. Além de ser o primeiro totalmente falado em língua inglesa, senti falta do estilo kitsch, tanto na decoração dos ambientes quanto nos personagens pitorescos, além de não encontrar a pegada melodramática e novelesca típica das histórias que ele conta. Este novo filme é a adaptação do livro “O Que Você Está Enfrentando” de Sigrid Nunez. Conta a história de uma mulher com câncer que já cansou de se submeter a tratamentos sem resultados e, por conta de levar uma vida de pouco contato com a única filha que ela tem, acaba aceitando a companhia de uma amiga para passar os seus últimos dias de vida. Os ambientes são sofisticados, assim como as personagens: Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton), duas mulheres cultas, comedidas em seus gestos, bem distantes daqueles personagens estridentes que estamos acostumados a ver nos filmes do diretor. O resultado é bom, trata do assunto da eutanásia e do direito que um ser humano deveria ter de colocar fim à sua vida, as duas atrizes são extremamente competentes, mas confesso que não vi muito de Almodóvar ali, nem nos diálogos, nem na seriedade/sisudez da trama. Desliguei com vontade de ver um filme do Almodóvar.