16.1.22

“Minamata” - Andrew Levitas (Reino Unido/EUA/Emirados Árabes/Japão, 2020)

Sinopse:
 
W. Eugene Smith (Johnny Depp) ganhou fama fotografando nas linhas de frente durante a Segunda Guerra Mundial, mas agora vive como um recluso. Quando a Fuji o procura para fazer uma propaganda de filmes, ele fica sabendo de um grande escândalo que ocorre no Japão e acaba aceitando ir até o país para revelar ao mundo a realidade dos moradores de Minamata, uma cidade costeira em que a comunidade está sendo envenenada por mercúrio.
Comentário: Eu gostei de ter assistido “Minamata”. Foi uma chance de saber mais sobre um fotógrafo americano que admiro muito chamado W. Eugene Smith (1918-1978), famoso pela cobertura apaixonada da Segunda Guerra Mundial e pelas reportagens de cunho social que fez para a revista Life nas décadas de 1940 e 1950. O filme não conta a história completa do fotojornalista. Ele foca no seu principal projeto que foi o de denunciar os efeitos letais da contaminação de mercúrio no vilarejo japonês de Minamata, causado por uma empresa chamada Chisso, que resultou em milhares de vítimas. A crítica especializada não foi muito condescendente com o filme. Disseram que há irregularidades no roteiro (dentre eles um rebobinador de câmera analógica que não gira quando o filme avança, citam a cena de Eugene Smith cantando em 1971 uma música do Bob Dylan que só seria lançada em 74), criticam o déjà-vu da temática batida de filmes que denunciam desastres ecológicos e o culto ao herói branco e norte-americano salvador da pátria. Além disso há Johnny Depp no papel principal que, apesar de ter sido poupado por suas habituais caras e caretas, está sendo cancelado pelo meio cinematográfico devido às acusações de agressões à ex-esposa. Então o que resta? Será que pelo menos os acontecimentos retratados são verídicos? Em busca de respostas me deparei com uma matéria no site History vs Hollywood que analisou todos os pontos abordados e concluiu que sim, a grande maioria dos eventos realmente ocorreu da forma como foram contados, o que torna o filme uma boa fonte para conhecer mais sobre o fotógrafo. O enredo, aliás, foi baseado no livro “Minamata”, lançado em 1975 por Eugene Smith e sua companheira Aileen que também aparece no filme. Embora Smith tenha parado de fazer fotografias depois de Minamata, a série foi sem dúvida o trabalho mais importante que ele já realizou. Atenção para sua fotografia mais famosa, “Tomoko no Banho”, uma espécie de Madonna da vida moderna que mostra a mãe, Kamimura Yoshiko, embalando sua filha Tomoko severamente deformada. O filme se encerra com fotos de diversos outros desastres ambientais, dentre eles, o de Brumadinho, em Minas Gerais, em 2019.