10.10.21

“Um Só Pecado” - François Truffaut (França, 1964)

Sinopse:
 
Numa viagem a Lisboa, um conhecido editor (Jean Desailly), torna-se amante de uma bela aeromoça (Françoise Dorléac). Ele é casado e vive seu romance até o dia em que sua mulher (Nelly Benedetti) descobre tudo.
Comentário: Segundo Luiz Santiago do Plano Crítico, “Quando filmou ‘Um Só Pecado’, François Truffaut passava por uma grande crise em seu casamento, que chegaria ao fim pouco tempo depois dele ter concluído o filme. Escrevendo o roteiro ao lado de Jean-Louis Richard (...), Truffaut fez em ‘Um Só Pecado’ uma pequena crônica cinematográfica de sua própria vida, filmando, inclusive, o episódio de traição que ele mesmo protagonizara saindo com uma aeromoça, o grande pivô do seu divórcio em 1965. A história de ‘Um Só Pecado’ nos traz o famoso editor e escritor Pierre Lachenay (alter-ego de Truffaut) que, após 15 anos de casamento e uma vida tremendamente agitada, cede à tentação de ter um affair com uma aeromoça durante uma viagem a Lisboa, onde ministraria uma palestra sobre Honoré de Balzac (o autor favorito de Truffaut, também citado em ‘Os Incompreendidos’). A partir do momento em que o adultério acontece, o filme passa a estudar o personagem principal e sua amante, mostrando os prazeres e percalços da relação proibida. Aí vemos problematizado o cotidiano de Pierre, que além de uma imagem pública respeitável para manter, tenta a todo custo fazer parecer que nada havia mudado (...). É interessante pensarmos que, ao filmar um episódio de sua própria vida, Truffaut não tenta em nenhum momento justificar os atos de Pierre ou demonizá-los. A traição estava lá como um ponto falho da vida do personagem assim como outros pontos falhos e outros pontos positivos, pelos quais ele acabaria recebendo os louros ou pagando a dívida mais cedo ou mais tarde”. No papel da aeromoça está a bela atriz Françoise Dorléac, irmã de Catherine Deneuve, que morreu aos 25 anos em um acidente de carro. Na época, o filme não teve grande aclamação do público, mas ele “vem sendo redescoberto após lançamentos especiais e em alta definição no mercado de home video e de alguma forma tem convencido alguns cinéfilos de que se trata de uma notável obra de Truffat. Talvez seja preciso apenas dar uma nova chance a ela”.