24.5.21

"Johnny Vai à Guerra" - Dalton Trumbo (EUA, 1971)

Sinopse:
Joe (Timothy Bottoms), um soldado da I Guerra Mundial, está deitado em uma cama de hospital e se dá conta que perdeu seus braços, pernas, olhos, nariz e boca. Ele relembra momentos de sua vida, sem distinguir perfeitamente se está em um sonho ou se está acordado. Um dia ele tenta encontrar uma alternativa para se comunicar com as pessoas que cuidam dele.
Comentário: O filme é um soco no estômago. Baseado no livro escrito pelo próprio Dalton Trumbo em 1939, ele foi o único filme que Trumbo dirigiu. Sua atividade mais frequente em Holywood era escrever roteiros ("Exodus", "Spartacus", "Papillon", dentre outros). Minha curiosidade sobre ele começou quando assisti ao filme "Trumbo: Lista Negra" (2015), no qual sua história é contada, relembrando o período em que ele se recusou a cooperar com o Comitê de Atividades Antiamericanas do congresso e acabou na chamada "lista negra", foi preso acusado de ser comunista e foi proibido de trabalhar. O filme foi inspirado num caso verdadeiro de uma vítima da I Guerra. Segundo Rubens Ewald Filho, "Ao ser lançado em 1971, em plena Guerra do Vietnã, o filme era chocante demais para ser facilmente aceito (só estreou no Brasil dez anos depois). Mas em momento nenhum, Trumbo se permitiu cair no panfletário, no efeito fácil. Não é um filme contra a Guerra do Vietnã ou a Primeira Guerra Mundial, é um libelo contra o absurdo de qualquer guerra, de qualquer situação que permita existir pessoas como Joe Bonhan (Bottoms), ferido numa explosão que lhe fez perder os braços, as pernas e o rosto. Por isso o título é simbólico. Johnny seria um americano qualquer, um Zé da Silva. Na verdade, o romance é muito difícil de adaptar porque é basicamente um monólogo interior (...). No roteiro cinematográfico, Trumbo acelerou o primeiro clímax dramático, ou seja, a descoberta da tragédia de Johnny, para insistir mais no segundo problema: como Johnny conseguirá comunicar-se com o mundo exterior e provar que seu cérebro continua funcionando, que ainda é um ser humano. Além disso, o romance termina com um apoio a deserção, à revolta. Trumbo criou para o roteiro um final mais forte e chocante. Todas as opções foram acertadas, assim como funcionam bem as sequências do passado, principalmente com o pai morto (Jason Robards), que o autor confessa serem autobiográficas". O título "Johnny Got His Gun" era uma frase usada como slogan para convocar jovens norte-americanos a se alistar nas forças armadas.