27.12.15

"Cidade de Deus" - Fernando Meirelles (Brasil, 2002)

Sinopse: O filme conta a história de Buscapé (Alexandre Rodrigues), um jovem pobre, negro e muito sensível, que vive na comunidade carioca Cidade de Deus, um dos locais mais violentos da cidade. Amedrontado com a possibilidade de se tornar um bandido, Buscapé acaba sendo salvo por causa de seu talento como fotógrafo, o qual permite que siga carreira na profissão.
Comentário: Trata-se do filme número 80 da lista dos 100 Essenciais elaborada pela Revista Bravo! em 2007. A matéria diz “'Cidade de Deus' foi o grande acontecimento do cinema brasileiro dito 'da retomada' (ocorrido a partir do início dos anos 1990, com a quase suspensão da produção nacional pós-fechamento da produtora estatal Embrafilme). O longa de Fernando Meirelles foi dos mais populares trabalhos nacionais dos últimos anos. Além de aparecer com destaque na mídia internacional, fomentou uma larga discussão acerca de qual seria o 'filme ideal' capaz de representar o Brasil e seus problemas sociais. Ao tocar em assuntos centrais do país (miséria e criminalidade), a obra rachou os intelectuais. Uns viram suas qualidades de entretenimento. Outros apontaram uma negação ao que o cineasta Glauber Rocha propôs como estilo adequado de retratar a pobreza do país — a chamada 'estética da fome'. O estilo aqui estaria mais próximo do cinema de ação de Hollywood, como um filme de gangues à brasileira. Parte da eficácia da proposta e do resultado de 'Cidade de Deus' deve-se, sobretudo, à utilização de um elenco amador, de moradores das favelas cariocas, meticulosamente treinado. Meirelles e a co-diretora Kátia Lund pediram ao roteirista Bráulio Mantovani para se concentrar nos grandes acontecimentos da história, limpando os trechos de literatura poética e digressões do original, o livro homônimo de autoria de Paulo Lins. O filme acompanha o surgimento e recrudescimento da criminalidade na favela Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, dos anos 1960 aos 1980, indo do passado idílico ao inferno do tráfico de drogas. Um narrador, Buscapé (Alexandre Rodrigues), assiste quase à margem essa guerra entre bandos, um deles chefiado pelo malvado Zé Pequeno (José Firmino da Hora), um dos mais inesquecíveis personagens do cinema recente. A fotografia 'documental' de César Charlone, com imagem granulada e câmera na mão, virou referência no mundo, e ele foi convidado a trabalhar com cineastas como Spike Lee (no telefilme 'Código das Ruas', de 2004) e Tony Scott ('Chamas da Vingança', de 2004). Boa parte dos mais de 3,5 milhões de brasileiros que foram ao cinema viram algo de 'real' no longa. Se não ganhou em nenhuma das indicações ao Oscar (Melhor Direção, Montagem, Fotografia e Roteiro Adaptado), o mundo, por outro lado, enxergou na estética e na violência extrema de 'Cidade de Deus' um modelo de 'realismo' a ser seguido".
O que eu achei: Trata-se de um filme que nos cativa completamente, ao mesmo tempo que nos angustia ao mostrar um Rio de Janeiro que nos deixa em constante apreensão. Excelente.