28.3.11

"A Doce Vida" - Federico Fellini (Itália/França, 1960)

Sinopse: O filme se passa em Roma e conta a história de Marcello Rubini (Marcello Mastroianni), um jornalista especializado em histórias sensacionalistas sobre estrelas de cinema, religiosidade e aristocracia decadente, que passa a cobrir a visita da atriz hollywoodiana Sylvia Rank (Anita Ekberg), por quem fica fascinado. O repórter é um homem sem compromisso que se relaciona com várias mulheres: a amante ciumenta, a mulher sofisticada em busca de aventura e a atriz de Hollywood, com a qual passeia por Roma.
Comentário: Trata-se de mais um da lista dos 100 Filmes Essenciais elaborada pela Revista Bravo! em 2007. A revista diz: "Na década de 1950, Federico Fellini começou a se afastar de seu passado neorealista - participou como roteirista de 'Roma, Cidade Aberta' (1945) e 'Paisà' (1946), de Roberto Rosselini - com suas primeiras obras-primas, 'A Estrada da Vida' (1954) e 'Noites de Cabíria' (1957). Recebeu, pela ousadia, ataques duros da esquerda e de outros setores que esperavam encontrar em sua obra elementos do antigo movimento. E acabou tornando-se persona non grata tanto entre os revolucionários quanto entre os moralistas e a Igreja Católica com 'A Doce Vida'. Ele pode até ter feito filmes melhores, mais nostálgicos, mais emocionantes e mais engraçados. Porém, nada o define com mais precisão do que este cáustico panorama da sociedade romana e do mundo da fama. O longa foi lançado no mesmo ano de 'A Aventura', de Michelangelo Antonioni, e explora universos parecidos: o vazio da sociedade burguesa e a maneira hedonista pela qual tentam extravasar suas frustrações. Só que, enquanto Antonioni aborda o tema de maneira melancólica, angustiada, Fellini recorre ao pitoresco, ao grotesco, ao cinismo. O enredo acompanha alguns dias na vida de Marcello Rubini (Marcello Mastroianni, alter-ego do diretor), jornalista boa vida que circula entre os glamorosos, milionários e estrelas da alta-sociedade. Não chega a haver uma história conduzindo o roteiro; em uma série de episódios interligados pelo tema do desperdício e do patético da vida, observamos o personagem conhecer uma atriz linda e fogosa (Anita Ekberg, famosa pela cena do banho na fonte), frequentar festas e becos escuros, participar de orgias e porres homéricos e trair a namorada ciumenta. Rubini participa ativamente de todas essas atividades, mas nunca deixa de manifestar consciência sobre a futilidade delas. Fellini não faz concessões: a indústria das celebridades é exorcizada na perseguição de estrelas (o termo paparazzi surgiu do nome do personagem Paparazzo); a falta de alternativas para o vazio dos intelectuais é latente no suicídio de um filósofo; a beleza de Roma é desmistificada pelos becos imundos. Desorientado e desiludido, a única opção para Marcello é desistir de encontrar um sentido e se entregar à doce vida". Atenção à presença de Christa Paffgen no filme. Ela é a famosa Nico que fez parte da banda Velvet Underground.