27.2.11

"Um Homem com Uma Câmera" - Dziga Vertov (URSS, 1929)

Sinopse: Uma estonteante exibição de cenas: paisagens, casamentos e a mecânica dos organismos.
Comentário: Filme russo que pode ser considerado o mais puro exemplo da ruptura total do cinema com a literatura e a dramaturgia, uma autêntica iniciação aos segredos da linguagem cinematográfica. É mudo e P&B, mas lembra o estilo de filmes como "Koyaanisqatsi" (1983) , "Powaqqatsi" (1988) e "Naqoyqatsi" (2002). Assim como estes, o filme de Vertov não tem legendas nem sub-textos, ele conta apenas com as imagens e a trilha-sonora que foi composta e conduzida pela Alloy Orchestra, segundo as instruções escritas pelo próprio diretor. Na Rússia, na década de 20, a literatura, as artes plásticas e o cinema já contavam com ideias vanguardistas. Três cineastas se destacavam: Eisenstein, Pudovkin e Vertov, cada um com seu estilo e sua própria maneira de fazer cinema. Os dois primeiros eram reconhecidos como cineastas, enquanto Vertov fazia parte de um grupo fundado por ele mesmo em 1919 chamado "Kinoks". Os kinoks se declaravam diferentes dos cineastas tradicionais pois eles faziam o cinema não-representacional, livre das amarras do teatro, da literatura e do drama. Dziga Vertov fazia as chamadas atualidades: cenas de cerimônias, de casamentos, manifestações, esportes... Captava o movimento das coisas, numa concepção chamada de "Cine-Olho", ou seja, captando aquilo que o olho nu não vê. Em seguida o filme era montado pelo kinok-montador que reorganizaria o mundo. Quando Vertov fez este filme em 1929, ele já colocava em prática o que ele chamava de "Rádio-Olho" através de um grupo de "raioks". O som no cinema era importante para o conceito do filme e o material sonoro também era bem elaborado. Vertov foi o artista preferido do governo soviético. Com o Kino-Pravda (Cine-Verdade) e o Kino-Glaz (Cine-Olho) ele influenciou o cinema do pós-guerra.