Sinopse: Jorge (Alexandre Moreno), Brau (Benjamin Abras), Roque (Babu Santana) e Zequiel (Adolfo Moura) são quatro jovens amigos que vivem em uma favela de Belo Horizonte e sonham em criar uma rádio que seja a voz do local onde vivem. Eles conseguem transformar seu sonho em realidade ao criar a Rádio Favela, que logo conquista os moradores locais por dar voz aos excluídos, mesmo operando na ilegalidade. O sucesso da rádio comunitária repercute fora da favela, trazendo também inimigos para o grupo, que acaba enfrentando a repressão policial para a extinção da rádio.
Comentário: Segundo José Geraldo Couto, colunista da Folha de S.Paulo, "para o bem e para o mal, 'Uma Onda no Ar' (...) é o contraponto perfeito e inevitável de 'Cidade de Deus'. Os dois filmes contam histórias contemporâneas ambientadas na favela. À parte essa semelhança, são opostos em tudo. Para começar, as favelas em questão são bem diferentes. Em vez do inferno do crime em que se transformou a Cidade de Deus, a favela de Belo Horizonte (...) guarda resquícios de vila semi-rural, onde até os bandidos dizem 'sim senhor' e 'dá licença'. Outra diferença radical é de enfoque. Enquanto o filme de Fernando Meirelles encena o domínio onipresente da violência, Ratton aponta sua câmera para uma experiência vitoriosa de alternativa à barbárie: a Rádio Favela de Belo Horizonte. A emissora comunitária surgiu no início dos anos 80 no aglomerado da Serra, conjunto de favelas com 80 mil habitantes. Inúmeras vezes a polícia fechou a rádio e prendeu seus líderes. Mas a emissora vingou, conquistou o apoio do morro e a simpatia 'do asfalto'. Foi premiada pela ONU e reconhecida como rádio educativa. No filme, essa bela história é sintetizada na trajetória de Jorge, personagem livremente inspirado em Misael Avelino dos Santos, criador e líder da Rádio Favela. Ratton diz que viu a história como uma espécie de fábula. (...) Mas, à luz da esmagadora competência cinematográfica de "Cidade de Deus", ficam mais evidentes algumas fraquezas de "Uma Onda no Ar", também elas herdeiras de uma longa tradição de auto complacência do cinema brasileiro: certa artificialidade dos diálogos, atuações canhestras de alguns coadjuvantes, dificuldade na encenação de sequências com muitos personagens".