18.12.10

"Drácula" - George Melford (EUA, 1931)

Sinopse: O corretor Renfield (Pablo Álvarez Rubio) visita o conde Drácula (Carlos Villarías) em seu castelo na Transilvânia. Iludido pelo vampiro, eles se deslocam para a Inglaterra. Drácula se instala numa abadia abandonada e passa a atormentar a vida de seu vizinho, o dr. Seward (José Soriano Viosca), dono de um sanatório de loucos e pai da bela Eva (Lupita Tovar).
Comentário: Segundo Rodrigo Carreiro do Cine Repórter, "em 1931, o som ainda era uma novidade nos filmes de Hollywood. Havia apenas quatro anos que as primeiras produções com trechos sonorizados estavam chegando aos cinemas. Para os executivos, a euforia pelo realismo inédito acrescido aos filmes pela banda sonora trazia também um problema: os diálogos em inglês não poderiam ser compreendidos pelas plateias fora dos Estados Unidos. Na ocasião, as técnicas de dublagem e legendas, que se tornariam populares, não foram as primeiras soluções tentadas. Os executivos da indústria cinematográfica tiveram uma ideia mais ousada: faziam o mesmo filme duas vezes, sendo uma delas com atores falando espanhol. Essa versão era destinada aos países da América Latina, que constituíam a maior bilheteria não-inglesa. Uma das primeiras e mais famosas produções a utilizar o exótico expediente foi a primeira versão cinematográfica de 'Drácula'. Enquanto o filme principal foi entregue ao jovem diretor Tod Browning, a filmagem em espanhol ficou a cargo do experiente George Melford. O veterano teve à disposição um elenco formado por atores espanhóis, argentinos e mexicanos. A equipe filmava durante as noites e madrugadas, nos mesmos cenários e locações que Tod Browning utilizava durante o dia. O roteiro era o mesmo, as marcações (indicações imperceptíveis que o ator deve obedecer quando caminha pelos sets) também. A ideia era fazer o mesmíssimo filme, só que falado em outra língua. Melford, contudo, tinha ideias mais ambiciosas. Ele tinha acesso aos copiões que a equipe de Tod Browning rodava, todos os dias. Dessa forma, antes de filmar, dava uma olhada no resultado final do outro time e imaginava de que maneira poderia melhorar as cenas. O resultado é que seu filme acabou sendo visto por críticos e historiadores especializados em cinema de horror B como uma obra-prima, superior em alguns aspectos (eminentemente técnicos, de movimentação de câmera) ao “Drácula” em inglês. Embora pouquíssima gente da plateia dos EUA tenha tido acesso a tal versão, a lenda se popularizou. Hoje, cinéfilos fãs do gênero fazem questão de guardar em casa uma cópia do conde vampiro falando um galante espanhol".