Sinopse: A juíza Jeanne Charmont (Isabelle Huppert) está à frente de um caso de desvio de dinheiro público que incrimina o presidente de uma empresa. Conforme avança nas investigações, descobre que gente do alto escalão está envolvida.
Comentário: Luiz Zanin Oricchio e Luiz Carlos Merten comentaram no Estadão: o filme "traz algumas considerações interessantes sobre o mundo contemporâneo. A principal delas diz respeito à corrupção, tema não estranho para nós - e nem para os franceses. Aliás, infelizmente, não existe sociedade que possa se orgulhar de haver se livrado dessa praga. A não ser as autoritárias, que não permitem noticiá-la e, assim, procedem como o doente que quebra o termômetro para eliminar a febre. O interessante é o tom nada moralista que domina tal investigação, sob a forma de parábola moderna. Jeanne parece uma dessas incorruptíveis de filme americano, disposta a encontrar a verdade pelo simples prazer de sanear o sistema e vê-lo funcionar de maneira perfeita. Mas, assim descrito, esse seria um filme de Hollywood, a começar pela crença acrítica na 'perfeição do sistema'. Chabrol é outro tipo de gente. Vem lá de trás, da nouvelle vague. Conhece os homens, suas virtudes e seus vícios, fios em geral enredados como num conto de Machado de Assis. Jamais faria o papel de um sepulcro caiado, de um santarrão udenista. Dessa forma, prefere contar sua história da maneira límpida que o caracteriza e, ao mesmo tempo, deixa que a personagem central vá insinuando pelo caminho a parte que lhe cabe naquele latifúndio".