16.11.10

"A Bela e a Fera" - Jean Cocteau (França/Luxemburgo, 1946)

Sinopse: Perdido na floresta, um comerciante encontra um castelo e apanha uma rosa para presentear sua filha Bela (Josette Day), quando é surpreendido pelo dono da propriedade, um monstro (Jean Marais) meio humano, meio fera, que o condena à morte, da qual só pode escapar se uma de suas filhas o substituir. Bela se sacrifica pelo pai e descobre aos poucos o lado humano por trás da criatura.
Comentário: "A Bela e a Fera" é um tradicional conto de fadas francês. A primeira versão do conto foi publicada em 1740 por Gabrielle-Suzanne Barbot. A versão mais conhecida foi um resumo da obra de Madame Villeneuve, publicado em 1756 por Madame Jeanne-Marie. Em 1757 surgiu a primeira versão inglesa. Variantes do conto foram surgindo através da Europa. Um exemplo é a versão lírica francesa "Zémire et Azor", escrita por Marmontel e composta por Grétry, em 1771. Segundo Rubens Ewald Filho, "antes da versão em desenho da Disney, houve este filme de arte francês super prestigiado pela crítica porque foi realizado pelo artista plástico Jean Cocteau (1889-1963). Durante sua vida, Jean Cocteau foi considerado aquilo que chamam de "Renaissance Man", um homem que sabe tudo, entende de tudo, não erra nunca. Culto, fino, dita as normas do comportamento em sociedade. Conhecido como artista plástico (escultor, pintor, desenhista), era também dramaturgo, poeta, romancista e também diretor de cinema. Suas fitas refletem seu universo estilístico ficando num meio termo entre o baile de carnaval, o desfile de escola de samba, o kitsch requintado ou o simplesmente bizarro. (...) Mas aquilo que era considerado artístico em seu maior esplendor há 60 anos, hoje corre o risco de ser brega. Não se pode porém negar a influência que Cocteau e sua obra tiveram tanto na França quanto no cinema de arte do resto do mundo. O filme tem soluções visuais muito curiosas: os braços que seguram candelabros, as figuras da chaminé que fumam, os cães de pedra e principalmente a máscara da Fera (influenciada pelo artista Bérard). Certos detalhes fazem pensar na pintura de Vermeer. A intenção do cineasta não era fazer apenas um filme fantástico mas também uma obra grave sobre o amor e a morte. Tudo isso porém pode parecer também brega e artificial, posado e pedante. Veja e julgue. Bela foto de Henri Alekan. Música de Georges Auric."