Sinopse: Trata-se da história de Rémy (Rémy Girard), um professor universitário canadense que está hospitalizado à beira da morte quando sua mulher resolve ligar para a Inglaterra e chamar seu filho Sébastien (Stéphane Rousseau) para acompanhar os últimos dias que lhe restam. O relacionamento entre pai e filho nunca foi bom. Primeiro pelo fato do pai ter tido várias mulheres, inclusive alunas, mesmo estando casado. Segundo porquê o pai é um homem de esquerda, cuja carreira nunca foi brilhante, enquanto o filho tornou-se um capitalista, funcionário de um banco, economista bem sucedido. Com a irmã viajando de barco sem poder retornar, o rapaz, com dinheiro, atende a todos os pedidos de seu pai, amenizando sua dor até o último momento.
Comentário: Trata-se do filme número 97 da lista dos 100 Essenciais elaborada pela Revista Bravo! em 2007. A matéria diz “Às vezes parece que o cinema, por alguma razão inexplicável, move-se em direção a algum tema específicio e vários títulos de uma mesma época abordam universos semelhantes. É o que aconteceu com o fim do sonho socialista e dos ideais de uma geração, explorado quase simultaneamente em 'Os Sonhadores' (2003), de Bernardo Bertolucci, nos alemães 'Adeus, Lênin!' (2003) e 'Edukators' (2005), e em 'As Invasões Bárbaras', do canadense Denys Arcand, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e do prêmio de Melhor Roteiro em Cannes. O tema não é novo na obra de Arcand, que sempre tratou de fortes posicionamentos políticos e morais. 'As Invasões Bárbaras' é, na verdade, a continuação de outro de seus filmes, 'O Declínio do Império Americano' (1986). Lá, um grupo de professores universitários debatia sobre sexo e comportamento, em um discurso que deixava clara a opinião do cineasta sobre a decadência dos valores regidos pelo capitalismo. Dezessete anos depois, eles se reúnem no leito de morte do mais velho deles, Rémy, com câncer terminal e que, decidido a viver em paz os últimos dias, entrega-se à nostalgia e aproveita para se reconciliar com o filho, que se tornou milionário no mercado financeiro - o capitalismo repudiado pelo pai. Rémy, endurecido pela proximidade da morte, sabe onde errou e não tem vergonha disso. O filme, então, apoia-se na força desse personagem, que, sarcástico, faz piadas ácidas em cima da falência do sonho dessa geração dos anos 1960. Um humor que atraiu o gosto do público".
O que eu achei: Continuando minha saga de ver todos os 100 filmes listados como essenciais pela Revista Bravo!, desta vez assisti "As Invasões Bárbaras" de Denys Arcand. O filme é bem emocionante pois se debruça sobre um tema que muitos de nós vamos passar na vida: a inevitável morte de um pai de família que quer estar ao lado dos filhos e dos amigos em seus últimos instantes. Celso Sabadin, escreveu uma resenha que diz: "Mas calma, não há nenhuma pieguice, nenhum momento brega, nenhum violino hollywoodiano, muito menos a exploração de emoções fáceis. Tudo é dirigido com sobriedade e extrema dignidade por Arcand. (...) O roteirista e diretor Arcand faz de seu filme um drama agridoce, sentimental, mas não sentimentalóide. Emotivo, mas nunca apelativo, e ainda abre espaço para boas risadas graças aos afiadíssimos diálogos. (...) O título – 'As Invasões Bárbaras' – num primeiro momento sugere se tratar dos atentados de 11 de setembro, mas aos poucos Arcand abre novas interpretações a ele. Pode ser a invasão da mediocridade sobre a cultura, do individualismo sobre o social, da superficialidade sobre o profundo. Vai de cada um". Vale ver.