25.3.24

“Vidas em Jogo” – David Fincher (EUA, 1997)

Sinopse:
Estamos em São Francisco, Nicholas Van Orton (Michael Douglas), um banqueiro milionário comemora o seu 48º aniversário - a idade do pai quando se suicidou - ganhando de presente do seu irmão Conrad (Sean Penn) um cartão que lhe dá acesso a um divertimento incomum organizado pela empresa Serviços de Recreação do Consumidor. Deste momento em diante Nicholas se vê envolvido em um perigoso "jogo", que parece ter como objetivo matá-lo. Ele já não sabe em quem confiar, pois qualquer pessoa pode ser um assassino em potencial.
Comentário: David Fincher (1962) é um premiado diretor e produtor de cinema norte-americano. Além de dirigir videoclipes e seriados, ele já dirigiu mais de 12 filmes. Vi dele os excelentes "Seven - Os Sete Crimes Capitais" (1995), "Zodíaco" (2007), "O Curioso Caso de Benjamin Button" (2008), "Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (2011), "Garota Exemplar" (2014) e "Mank" (2020). Vi também os bons "Clube da Luta" (1999) e "A Rede Social" (2010) e o não tão interessante "Alien 3" (1992). Desta vez vou conferir um trabalho antigo do diretor chamado “Vidas em Jogo” de 1997.
Fabio Belik do site Crônica de Cinema nos conta que tudo o que esperamos de David Fincher está lá: “a atmosfera onírica, a tensão permanente, as confusões mentais, a total incerteza quanto aos rumos da história... Só faltaram as aberrações morais beirando o escatológico. Talvez porque Fincher tenha preferido enveredar por caminhos mais... convencionais. ‘Vidas em Jogo’ é um thriller claramente inspirado nos filmes do mestre Alfred Hitchcock e por isso mesmo resulta palatável e agradável de se assistir. Em termos, porque a agonia de não poder confiar em personagem algum e jamais saber onde está a verdade é de fazer ranger os dentes! Antes de explicar esse ponto, será preciso examinar a sinopse: ‘Vidas em Jogo’ conta a história de Nicholas Van Orton (Michael Douglas), um banqueiro endinheirado que está prestes a completar 48 anos, a mesma idade que seu pai tinha quando se suicidou pulando do telhado da mansão. A data, portanto, tem significados perturbadores. Para comemorar, seu irmão, Conrad (Sean Penn), surge com um presente inusitado: um ingresso para participar de um jogo supostamente espetacular, disponível apenas para jogadores exclusivos, que será capaz de tirar o aniversariante do marasmo emocional em que se encontra. O jogo é organizado por uma empresa chamada CRS – Consumer Recreation Services, mas Nicholas não é informado do que se trata exatamente. Ainda assim, talvez por curiosidade e certamente por vaidade, decide aceitar. As situações estranhas não tardam a acontecer. De súbito elas se tornam absurdas e depois, desesperadoras. A vida de Nicholas é virada do avesso, tudo em nome do tal jogo. Quando ele se envolve com a sedutora Christine (Deborah Kara Unger), as complicações só aumentam, na mesma proporção das suas dúvidas: afinal, do que se trata esse tal jogo? O excelente roteiro de ‘Vidas em Jogo’ foi escrito em 1991 pela dupla John Brancato e Michael Ferris (...). Quando o filme finalmente entrou em produção, ganhou a adesão de David Fincher, que chamou Andrew Kevin Walker, o roteirista de ‘Se7en’, para fazer intervenções não creditadas no texto”. A fotografia ficou a cargo de Harris Savides e a trilha sonora é de Howard Shore.
O que disse a crítica: Alexandre Koball do site Cine Players avaliou com o equivalente a 2 estrelas, ou seja, fraco. Escreveu: “O filme é tecnicamente primoroso e divertido, e as intenções de suas mensagens são boas, mas isso não muda o fato dele nos fazer de imbecis – e isso é bastante imperdoável”. Segundo ele há problemas. Ele diz “você pode ignorá-los ou não se sentir enganado por eles, mas não pode, de forma alguma, negá-los. No final, ‘Vidas em Jogo’ é apenas um besteirol de Hollywood altamente bem elaborado, mas ainda assim um besteirol. O diretor de ‘Seven’ prova, dessa forma, ser altamente comercial, já que faz bombas esporádicas (...) – ainda que apropriadamente maquiadas para tentar disfarçar a feiura delas. Uma grande decepção”.
Yuri Correa do site Papo de Cinema, por outro lado, avaliou com 5 estrelas, ou seja, obra-prima. Disse: “Pegue um personagem central pragmático. Adicione-o em uma trama que exija seu raciocínio lógico. Misture bem com uma direção firme e preocupada apenas em contar a história que quer – fazendo isso o mais eficientemente possível. Embrulhe tudo muito bem com montagens inteligentes, trilhas instigantes e uma fotografia sempre bela e inventiva. Pronto, você tem um filme de David Fincher. Um diretor que, apesar de possuir uma identidade visual característica, jamais se permite sobrevaler aos seus roteiros e personagens”.
O que eu achei: O filme me lembrou demais “Preso na Escuridão" do Alejandro Amenábar lançado em 1997, ou seja, mesmo ano que este do David Fincher, e “Vanilla Sky” (2001) do Cameron Crowe que foi um remake americano do filme do Amenábar. Em “Preso na Escuridão”, César (Eduardo Noriega) é um homem órfão e dono de uma grande fortuna herdada dos seus pais. Mulherengo convicto, ele vive numa luxuosa casa e troca constantemente de namorada. De repente, ele é jogado em um estranho mistério psicológico depois que um acidente de carro lhe deixa com o rosto desfigurado e o coloca na prisão. No decorrer do filme vamos perceber que esse “estranho mistério psicológico” se trata de uma espécie de realidade paralela criada artificialmente. Aqui em “Vidas em Jogo” é o personagem Nicholas Van Orton (Michael Douglas) que vai ser inserido neste mesmo tipo de realidade paralela. Ele é um banqueiro milionário que ganha de presente do seu irmão Conrad (Sean Penn) um cartão que lhe dá acesso a um divertimento incomum, organizado pela empresa Serviços de Recreação do Consumidor, que seria exatamente essa viagem onírica. Ele entra na brincadeira consciente, mas acaba confundindo vida real e fantasia. Então a pegada dos dois filmes é muito parecida. Talvez o que este tem de diferente é ele ser um thriller de ação bastante movimentado que faz com que as 2hs de filme passem rapidamente. É meio previsível mas é um bom filme que prende a atenção.